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25 de Abril: Luís Correia fala em tentativa de "paralisar" trabalho da autarquia

José Furtado - 25/04/2019 - 17:00

VÍDEO A política e a homenagem aos atletas da APPACDM marcaram os 45 anos do 25 de Abril em Castelo Branco, em que o presidente dedicou parte do discurso aos casos que marcam a atualidade local.

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Sessão ficou marcada por vários discursos. Foto José Furtado/ Reconquista

O presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco diz que há uma tentativa de paralisar o trabalho do executivo que dirige através do envolvimento do seu nome em suspeições relacionadas com a atividade enquanto principal responsável pelo município. Poucos dias depois de ter acenado com o tribunal para aqueles que segundo ele têm denegrido o seu nome e o da sua família, o autarca aproveitou a sessão solene dos 45 anos do 25 de Abril para reforçar as críticas aos críticos, sem nunca apontar nomes ou casos. Para Luís Correia está em curso “uma espécie de política de terra queimada que serve apenas meros interesses individuais e conjunturais, que através da pressão pública e publicada visa paralisar o presidente da câmara municipal e o executivo camarário, de condicionar o trabalho desenvolvido em prol dos albicastrenses”.

Luís Correia nunca pronunciou o nome do PSD mas os sociais-democratas foram um dos claros destinatários da mensagem, aludindo por exemplo à exposição por parte da JSD das ligações familiares entre eleitos e nomeados pelo PS. Para o presidente os partidos “optam por não assumir o seu pensamento e mandam a sua juventude dar a cara”, referindo ainda que “o ímpeto, a impulsividade, a ligeireza nas acusações podem ser desculpáveis aos jovens mas não é bom para os jovens ter esta prática como exemplo. Não é assim que se defende a democracia”.

Segundo o presidente “vivemos tempos perigosos”, apontando como exemplo as tentativas de manipulação, falsas notícias e pensamentos que segundo ele não olham ao interesse coletivo. “Acusa-se primeiro e pergunta-se depois sem que ninguém pareça interessado num valor primordial: a verdade”. Diz ainda que há acusações fáceis “à beira da verborreia verbal” e com insinuações “de gente que lança a pedra e esconde a mão”.

Luís Coreia criticou ainda quem utiliza as redes sociais para espalhar o que diz ser um clima de suspeição, falando de um tempo “em que pouco importa a realidade, o que importa é a realidade vivida nas redes sociais”. Ao mesmo tempo “vivemos um tempo em que pouco importa o que se fez na requalificação urbana. Para alguns o que interessa é divulgar e valorizar o buraco à sua porta”, num “permanente exercício de maledicência”. A rematar as críticas lamentou que tenha acabado o tempo de discutir ideias “para passarmos a discutir casos”, numa referência indireta a situações como a da L´Atitudes, em que foi envolvido. Embora tenha dedicado uma boa parte do discurso do 25 de Abril a responder a esta atualidade, Luís Correia garante que não vai alimentar uma prática política “que em tantos sítios conduziu e está a conduzir” ao populismo e aos extremismos. Aos albicastrenses deixou um apelo para refletirem sobre o que está a acontecer no concelho desde há um ano e quais os prejuízos que no seu entender estes casos trazem à comunidade.

As primeiras linhas do discurso foram dedicadas ao realçar da importância “unânime” do poder local no desenvolvimento do país, de que Castelo Branco diz ser exemplo. Depois da criação das infraestruturas básicas o concelho vive agora investimentos nas áreas do imaterial, cultura, património ou turismo e Luís Correia diz que a autarquia tem sabido identificar as prioridades. Um esforço que na sua opinião “tem sido repetidamente reconhecido pelos albicastrenses nas urnas mas que uns poucos se esforçam em minimizar e denegrir”.

O tom de crítica tinha sido lançado minutos antes na abertura da sessão pelo presidente da Assembleia Municipal de Castelo Branco. Arnaldo Brás diz que o populismo começa a imperar em Portugal “apoiado por alguma comunicação social a quem interessa discutir apenas algum aspeto escandaloso dos factos, menosprezando a face verdadeira e rigorosa dos acontecimentos. Isto é prestar um mau serviço à democracia”. O presidente da assembleia lamenta que se permita “que as redes sociais sejam inundadas por perfis falsos e que claramente atingem os cidadãos no sentido de os apoucar e mesmo destruir”. Mas no seu discurso lembrou também as conquistas de 45 anos de liberdade em várias áreas, que permitiram aumentar os níveis de bem-estar social. Mas também lembrou as lutas que ainda decorrem. “Temos autoestradas e também temos portagens, é certo. Mas devemos continuar a lutar pela sua redução”.

A sessão solene dos 45 anos do 25 de Abril terminou com uma homenagem aos atletas da Associação de Pais e Amigos do Deficiente Mental de Castelo Branco, que fizeram parte da comitiva portuguesa que participou nos Special Olympics. Noel Gonçalves, em judo, trouxe uma medalha de ouro. João Teixeira, em futebol de 7, alcançou a prata e Rita Almeida (judo), Rafael Louro (natação) e João Gomes (ténis de mesa) alcançaram o bronze. Foi para eles a maior ovação da sessão.

PARTIDOS Com um pé no país e outro em Castelo Branco. Assim foram os discursos dos partidos políticos que se sentam na Assembleia Municipal de Castelo Branco na sessão dos 45 anos do 25 de Abril. Francisco Oliveira Martins, do CDS, aludiu à atualidade nacional e local, afirmando se não será de pasmar “que num regime vigente- laico, republicano e socialista - seja necessário legislar sobre ética e não praticá-la no dia-a-dia”. Para o centrista “não basta enchermos a boca com as palavras democracia e liberdade. É necessário praticá-la no dia-a-dia e nunca esquecer que aquela liberdade a que me refiro termina onde começa a liberdade dos outros”.

Da parte da CDU, João Pedro Delgado falou das medidas tomadas nos últimos anos para beneficiar o interior, apontando o caso da instalação em Castelo Branco da Secretaria de Estado para a Valorização do Interior. “Não basta adotar medidas de cosmética, como a deslocalização de uma secretaria de estado ou i incentivo a um branding regional. Não basta darmos esmolas ocasionais em forma de delegação de competências aos municípios. Não basta oferecer tudo ou mais alguma coisa aos empresários para se instalarem no interior”. Para o eleito da CDU é necessário “uma rotura absoluta e total da mentalidade de paternalismo de Lisboa”, que só se consegue com pulso do Governo e dos municípios.

José Ribeiro, do BE, deixou recados internos, ao afirmar que os albicastrenses são “constantemente bombardeados” com “o autoelogio da obra realizada mas ninguém fala da sua sustentabilidade, do seu contributo para a coesão social, da validade das ações contra a desertificação”. Para o deputado municipal faltam políticas eficazes para combater as alterações climáticas e outras ameaças.

Lurdes Pina, do PSD, falou da desertificação que marca o interior, uma realidade onde os desafios “são hoje cada vez maiores e é urgente combater de forma estruturada as assimetrias do país”. Para a deputada municipal há uma “lenta agonia” nas regiões mais afastadas das cidades. “É gritante ver o estado de abandono a que estão votadas aldeias e povoações onde há menos de uma década era possível encontrar cafés apinhados de jovens”.

André Gonçalves, do PS, falou da obra feita pelos socialistas no concelho. “Castelo Branco desenvolveu-se e modernizou-se. Nos últimos anos, além da requalificação urbana, as infraestruturas culturais conheceram um impulso notório da responsabilidade da câmara municipal”. O exemplo é a Fábrica da Criatividade, no bairro do Cansado, “que é certamente uma obra diferenciadora”.

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COMENTÁRIOS

Antonio Dias Ribeiro
à muito tempo atrás
Curioso, ou talvez não...como certos politicos se sentem ofendidos quando, em abono da transparência, há questões pendentes e de grande gravidade a necessitarem de esclarecimento.