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A crónica do Tomé: ‘Se amas o que tens, tens tudo o que precisas’

Vitor Tomé - 20/10/2022 - 9:45

A crónica de setembro foi escrita em voo, após uma visita relâmpago a Amesterdão. Passa por Cabo Verde, Paris, Praga e, virtualmente, por Castelo Branco e Cascais.

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A crónica de setembro foi escrita em voo, após uma visita relâmpago a Amesterdão. Passa por Cabo Verde, Paris, Praga e, virtualmente, por Castelo Branco e Cascais.
Acabara eu de telefonar para casa a dizer que tinha cometido uma proeza, quando o meu cartão de embarque fez acender uma luz vermelha:
- “O seu voo de Praga chegou muito atrasado, não foi?”, perguntou a controladora do embarque para o voo de Amesterdão para Lisboa, na porta D66 do Aeroporto de Schipol.
- “Sim”, respondi eu, ofegante. E acrescentei, a custo: “Tive de pedir às pessoas para me deixarem sair do avião antes delas e vim a correr desde a porta C13”.
- “Pois. Não era suposto conseguir embarcar, pelo que já o retiraram do voo”, lamentou a senhora.
Mas voltou ao computador e reverteu a decisão, pelo que acabava bem uma história que começou mal. O voo partiu para Amesterdão com 45 minutos de atraso. Como eu só tinha uma hora entre voos, em Schipol, era preciso um milagre. Mas corri bem! E correu bem! E é por causa de tamanha maratona que a crónica de setembro acaba a 1 de outubro. Por que razão tenho eu de estar subjugado ao calendário? Para efeito desta crónica, o mês de setembro acabou a 1 de outubro e começou a 8, entre aeroportos.
Sexta-feira, dia 8, voei de Lisboa para a Cidade da Praia, em Cabo Verde, para dar formação, em Cidadania Digital, a cerca de 70 professores da Ilha do Maio, onde cheguei, de barco, a 9. Após reuniões com o Município e o Ministério da Educação, a formação decorreu segunda, 11, para poder voltar a Santiago a 12 e rumar a Lisboa a 13. Não foi assim! O barco de terça veio segunda. O de quarta foi adiado. O avião era na quinta mas estava cheio. E acabou por vir apenas na sexta, dia em que cheguei, de barco, à Cidade da Praia, quase à meia-noite. A Loures cheguei às 7 da manhã de domingo. Outra maratona!
O trabalho, esse, foi sendo feito a distância, nas condições possíveis. Mas fez-se! O engenho que a necessidade criada pela pandemia aguçou, ajuda. Evitou, já depois e por exemplo, que eu viajasse para a Chéquia a 22, para participar numa mesa-redonda sobre Literacia dos Media, a 23, na qual entrei online, a partir de Loures. E, por isso, só voei para lá a 28, a convite da organização da All Digital Summit 2022, para dinamizar, em parceria com a Juliane von Reppert-Bismarck, CEO do projeto Lie Detectors, um workshop sobre educação e desinformação para professores, representantes de ONG e decisores políticos.
Saí de Lisboa para Paris no voo das 5h40. À chegada, aproveitei a pausa de seis horas para trabalhar, pois o dia 29 seria duro. Além da conferência e de uma reunião com colegas espanhóis, de manhã, participei online em duas iniciativas em Portugal: nos Roteiros Incode 2030, em Castelo Branco e, menos de uma hora depois, num evento internacional, na Escola Secundária Frei Gonçalo Azevedo, em Cascais. Só sobrou tempo para preparar o workshop do dia seguinte. Correu bem, como mostra a foto! Mas foi uma maratona!
Regressei a casa sábado, após visitar o Hard Rock Praga e comer svícková, um prato tradicional checo. Estava eu a terminá-lo, quando o Gauthier, o empregado de balcão, me sugeriu que fosse à loja, pois teria 15% de desconto. Assim fiz e acabei por comprar uma t-shirt:
- “Where are you from?”, perguntou o responsável da loja.
- “Portugal”, disse eu.
- “Where in Portugal?”
- “Castelo Branco”
- “Fixe, eu conheço bem. O meu pai é de Nisa”, disse o Ricardo.
- “Que cena! Mas eu agora moro em Loures”, expliquei.
- “Também aí somos vizinhos. Eu vivi sempre em Moscavide”.
Ainda trocámos mais uns galhardetes, pois foi a segunda vez que falei português naquele Hard Rock. Em 2017, também na loja, acabei por encontrar um empregado angolano. É fantástica a lusofonia! E, com ela, chega esta crónica ao fim, inspirada por um português em Praga e três maratonas em setembro, uma delas em Amesterdão, onde estive 17 minutos no chão, entre sair de um avião e entrar no outro. Um recorde, também de cansaço, mas que me anima! Que me dá vida! Que me trouxe agora à memória uma frase escrita na parede do restaurante venezuelano ‘Arepas de Lyna’, no qual jantei a 28 de setembro, em Praga: “Se amas o que tens, tens tudo o que precisas”.

Vitor Tomé
(vtome@autonoma.pt)

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JMarques
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