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A crónica do Tomé: Viver é, afinal, renascer várias vezes!

Vitor Tomé - 14/07/2022 - 10:40

A crónica de junho começa em Proença-a-Nova, vai a Varsóvia, passa por Paris e Bruxelas, Castelo Branco, Castelo Novo e Chicago.

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A crónica de junho começa em Proença-a-Nova, vai a Varsóvia, passa por Paris e Bruxelas, Castelo Branco, Castelo Novo e Chicago.
Cheguei a Proença-a-Nova às 19:00 de 18 de junho. Ainda não tinha descarregado o carro, já o meu camarada “Boss” me convidava para a melhor adega privada do Interior do País, o 21. Fui lá por minutos e saí uma hora depois, com o Luís que, por boa vontade familiar, me permitiu cumprir uma velha promessa a um dos melhores jornalistas deste país, o Ricardo Alexandre: saborear um verdadeiro medronho da Zona do Pinhal.
Data a dívida de 2017, quando dezenas de camaradas decidiram avançar com um projeto de Literacia dos Media que é hoje único na Europa. Foi isso que ouvi quando o apresentei em Bruxelas, a 14 de junho, no âmbito do projeto internacional IBERIFIER, que produz investigação de topo e oferece ferramentas para combater a desinformação, quer a jornalistas quer a professores.
Mas voltemos ao medronho, porque, de desinformação, e de outros assuntos, de Portugal ao Afeganistão, percebe o Ricardo. E que memória ele tem! Encontrei-o, em Grândola, no final de maio. Ofereceu-me uma bebida. Foi o suficiente para recordar a dívida de 2017. Valeu-me a descontração de quem não tem medo, de quem já renasceu, em junho.
Às 17:00 de 20 de junho de 2018 liguei à Mónica, do Aeroporto de Varsóvia. Disse-lhe que, caso visse alguma notícia na televisão, seria exagerada. Nessa manhã voava de Lisboa para Riga, com escala em Varsóvia. Após a segunda descolagem, as rodas do pequeno avião não recolhiam. Voltámos para trás, sem saber o chão seria palco de morte ou de vida. Entre muitos choros e gritos, mantive uma tranquilidade que me surpreendeu. Aterrámos, entre dezenas de carros da polícia e dos bombeiros.
Horas depois entrava no Hotel Renaissance, em Varsóvia. E nunca mais fui como antes! No dia seguinte cheguei a Riga, num avião da família do que podia ter caído, como me recordou há dias o Facebook. E veio-me à memória a minha breve estadia na Gare do Aeroporto Charles de Gaulle, a 28 de maio de 2022, quando a polícia me abordou porque havia um computador e uma mala abandonados, mas eu só me apercebi do primeiro.
Nesse dia, em Paris, foi a confusão total, por perigo de ataque terrorista, em dia de final da Liga dos Campeões. Quem leu a minha crónica de maio, percebeu que a final atrasou porque o Zidane ficou à espera na estação. Ali à minha frente. Dias depois fui a Bruxelas. Como é hábito, escrevi um “Até já” no Facebook. E logo veio o meu amigo Victor Magro dizer-me para ir à Rue de la Violette, ao Alfama. Fui! A Rua lá está. O restaurante não!
Venho eu de lá para a Grande Place, via Rue de Chapéliers, e quem encontro? O Benzema! A foto não me deixa mentir. Ou não estivesse eu em Bruxelas por causa da desinformação e do trabalho que tenho feito para o ISCTE nesta área, muito por culpa do Miguel Crespo, que é só a melhor pessoa que eu conheço a dizer aquilo que pensa, mesmo quando os outros (incluindo eu) não o querem ouvir. Bem, a Mónica é melhor. Mas a relação é diferente!
E foi com a Mónica que juntámos as três filhas da nossa família em Castelo Branco, a 19 de junho, para visitarmos Castelo Novo, para almoçarmos nas redondezas. Todos os portugueses deveriam visitar a localidade. Assim fizemos. E fomos almoçar.
- “O seu cartão é português?”, perguntou a empregada do restaurante Mira Serra.
- “É sim, minha senhora”, retorqui eu, enquanto pensava por que carga de água não seria assim. Só depois percebi que vestia uma das minhas t-shirts, que reza “Le travail ne tue pas!”
O trabalho pode não matar, sim. Mas 9h20 minutos de viagem de Lisboa para Chicago dão cabo de qualquer um. Foi isso que me aconteceu a 24 de junho. Dias depois fui a Green Bay, onde os Packers estiveram quase a contratar-me. Disse eu! São um clube único, com mais de 500 mil proprietários.
A minha estada tinha, porém, outros motivos: aprender mais um pouco com quem sabe muito de Literacia dos Media. Assim foi! A Literacia dos Media está, afinal, em tudo. A 29 de junho tive oportunidade de ouvir blues no Legends, em Chicago. Saí de lá diferente. Mais uma vez. Ou não tivesse aparecido em palco um tal senhor superpremiado nos EUA, de seu nome Buddy Guy, a mostrar, aos 85 anos, como se canta blues. Não aprendi a cantar blues. Mas constatei, de novo que, viver é, afinal, renascer várias vezes!
Vitor Tomé

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Medronho/Pinhal/S.S.Simão.
Fábio Silva
à muito tempo atrás
Adoro. Todos os meses leio. O Tomé é incrível. Foi sem dúvida o melhor professor da faculdade.
Ele avaliou imensas vezes a minha escrita. Ele é excelente e tem um humor espectacular.
Antonio Jorge
à muito tempo atrás
Os medronhos não são de todo a minha praia -desassossegam-me, por isso fico com a guitarra e a voz do B.Guy👍