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Leitores: Também não tenho médico de família

Luis Filipe Santos - 23/06/2022 - 9:40

E ao quinto mês da maioria absoluta, começa a cair o Carmo e a Trindade no Portugal das Maravilhas pintado até ao dia 30 de janeiro de 2022.

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E ao quinto mês da maioria absoluta, começa a cair o Carmo e a Trindade no Portugal das Maravilhas pintado até ao dia 30 de janeiro de 2022. De um momento para o outro, a perfeição apresentada na governação dos últimos seis anos, resultado de uma manobra de vão de escada, articulada com os partidos de esquerda, esfuma-se à medida que as dificuldades previstas há muito tempo vão acontecendo.
Não é o Diabo que o Partido Socialista associou a Passos Coelho, é apenas a falta de planeamento e de vontade de fazer reformas a assolar este país à beira-mar plantado.
A expressão Coesão Territorial tem sido sempre associada a manobras de marketing utilizadas ao longo, sem efeito prático nenhum. Criaram-se Secretarias de Estado de Valorização do Interior, mas não houve Plano Nacional de Coesão Territorial que previsse a falta de médicos de família em todo o pais, deixando os utentes dos nossos Centro de Saúde sem acesso à unidade mais básica de prevenção e/ou reação à doença, sobrecarregando desnecessariamente o serviço das urgências dos hospitais. 
Será culpa também de Passos Coelho e do PSD, a falta de médicos de família? Não, caro leitor, é mesmo da inexistência de visão de quem nos tem liderado, senão vejamos, o tempo médio de formação de um médico para poder exercer numa unidade clínica (hospital ou centro de saúde) ronda os 10 anos. Desde 2005, ano da primeira maioria absoluta do PS de José Sócrates até aos dias de hoje, passaram 17 anos, dos quais apenas 4 tiveram a liderança do PSD e nas condições que todos sabemos. Não deveríamos em 2022, ter 1 geração de médicos integralmente formada e outra a finalizar a sua formação, preparadas para exercer e começarem a integrar-se em hospitais e centros de saúde de territórios de Baixa Densidade?  A cada dia passado, o Serviço Nacional de Saúde, tantas vezes ouvido como arma de arremesso político e bandeira política do PS, se desmorona a uma velocidade assustadora. Até ao fim do ano de 2022, quase 1000 médicos de Família irão aposentar-se, deixando 2,5 milhões de portugueses sem atendimento quando estiverem doentes, quando tiverem necessidade de alguém que os acompanhe na hipertensão arterial, nos diabetes. As grávidas não terão o acompanhamento devido na sua gestação, as crianças não serão monitorizadas no seu crescimento. Não existirão médicos de família para passar baixas médicas, receitas ou exames complementares.
Sim, já sei os comentários que irei ouvir como resposta a este artigo. Catastrofista, o líder da oposição distrital sempre a dizer mal. Pois, falar sobre a realidade, sobretudo quando não nos é favorável, custa ouvir, mas eu sou um dos utentes do Serviço Nacional de Saúde sem médico de família, visto que o meu médico de família se reformou há 2 longos meses, obrigando-me a recorrer variadas vezes aos médicos privados. Não é coincidência, durante o período de governação da Geringonça liderada pelo Partido Socialista, os grupos ligados à área da Saúde terem tido um aumento substancial de lucros. 
No Distrito de Castelo Branco, acresce o problema crónico da falta de médicos de família (poderia ser solucionado, como anteriormente falado, propondo internato exclusivo, por exemplo, nos hospitais e centros de saúde dos territórios de Baixa Densidade), falta exponenciada por uma população envelhecida, sem assistência na doença e a residir em locais distantes dos Hospitais e/ou Centros de Saúde (ainda hoje me recordo da viagem feita por Pedro Farromba, vereador do Município da Covilhã desde São Jorge da Beira, freguesia da Covilhã até ao Hospital Pero da Covilhã, demorando duas horas de viagem), numa fase pós-pandemia, onde a prevenção de outras doenças foi deixada para segundo plano. 
Mas estas lacunas crónicas não se circunscrevem apenas aos médicos, pois a falta de enfermeiros e técnicos especializados também se fazem sentir no dia-a-dia dos utentes e nas horas de sacrifício em que o leitor espera por atendimento.
Ainda esta semana, ouvimos o responsável das Finanças do Governo de Maioria Absoluta de António Costa e do Partido Socialista, Fernando Medina a afirmar que “Não é um constrangimento [financeiro] e, se fosse que fosse essa a dimensão e a natureza desse problema, seria certamente a parte mais fácil de ser resolvida”.
Então, deixo a questão. 
Então, se não é a questão financeira o problema, como é que o resolvemos?


Presidente da Distrital do PSD Castelo Branco
luis.santos@psdcastelobranco.pt

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