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A invasão silenciosa. Regular e controlar a imigração

Florentino Beirão - 04/01/2024 - 10:19

O problema da imigração, em tempo de eleições, merece ser reflectido por todos. O seu volume ultrapassa já um número de tal modo elevado, que começa a surpreender muitos portugueses.
De um momento para o outro, mas sempre em crescendo, os imigrantes vêm chegando em grandes levas, espalhando-se ao longo do país. O resultado desta movimentação humana, por vezes, apresenta-se desastroso, para muitos deles e para quem os acolhe. Sem condições aceitáveis para os recebermos, vão-se amontoando aos grupos, à espera de uma possível legalização que tarda a chegar. O meio milhar de asiáticos, apanhados recentemente pela polícia em Samouco, às portas de Lisboa, em situação de ilegalidade, é um caso que a todos arrepiou, pelo seu número e situação de trabalho, às mãos de traficantes de sangue humano. Sem vida digna, amontoam-se em pequenas habitações, sem as mínimas condições.
Se dermos uma olhadela pelo Alentejo e por outras zonas do país, os imigrantes trabalhadores, empregados na agricultura e em trabalhos mal remunerados, aí vegetam, habitando casas insalubres e altamente povoadas, nomeadamente de trabalhadores sazonais asiáticos.
Este problema imigratório não abrange apenas o nosso país, mas tem sido objecto de discussão, em quase toda a Europa. Barcos repletos de imigrantes, sobretudo africanos, quase todos os dias chegam às costas da Europa, com pessoas que procuram uma vida melhor. Uma grande parte, incluindo mulheres e crianças, têm sido sepultada nas águas revoltas do Mediterrâneo, às mãos dos criminosos que lhes prometeram casa e trabalho. A sua chegada à UE não tem sido pacífica, nem para eles, nem para os países que os acolhem.
É o que aconteceu nos Países Baixos, após o governo ter caído por divisões sobre política migratória. Aqui, um partido de direita anti-islâmico ganhou as eleições, cavalgando esta problemática. Na Inglaterra, por sua vez, segundo o jornal Le Monde, o Governo joga a sua sobrevivência, após demissão de ministro das Migrações, com uma rebelião parlamentar dos conservadores que sustentam a desvinculação do país da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, para agilizar a expulsão de ilegais para África.
Se olharmos para outros países desenvolvidos da Europa e da América, o problema imigratório está também em cima da mesa, para provocar discussão acesa entre partidos políticos.
Por sua vez, em Portugal o tema vive um pouco escondido, como se só existisse quando há casos escandalosos, trazidos para a opinião pública pelas televisões ou por activistas das redes sociais.
Estudos académicos dirigidos por Carlos Morais têm revelado que os portugueses se assumem como um povo de acolhimento, mas que também defendem uma regulação e um controlo eficazes dos imigrantes que vão chegando.
Assim, nos que consideram a imigração com impactos positivos, encontram-se 71,7% dos inquiridos que se pronunciaram no sentido de que os portugueses devem acolher bem os imigrantes. Os que dão o seu acordo à regularização de imigrantes atingem os 80,7% desde que descontam para a Segurança Social. Por sua vez, 31,2% valorizam uma sociedade multicultural. Há também uma grande percentagem de 63% que sustenta que Portugal necessita de mão - de - obra estrangeira qualificada. Por sua vez 66,3% acham que os imigrantes devem ter acesso ao subsídio de desemprego e 63,3% ao Serviço Nacional de Saúde.
Segundo este mesmo estudo, ficámos a saber que os portugueses são também cautelosos e críticos. Assim, 55,2% são da opinião que a imigração se encontra nesta altura descontrolada. Por isso, 48,7% defendem que deve haver quotas anuais de imigração. E 45,5% defendem uma polícia específica que lide com os estrangeiros e fronteiras.
Por outro lado, 78% entendem que a imigração tem riscos, com novos tipos de criminalidade, tráfico de pessoas e redes de imigração ilegal. Já 75,4% consideram que os imigrantes desempregados devem ficar em Portugal, mas apenas por um tempo limitado, até arranjarem emprego. Só 45% estimam que há demasiados imigrantes e 60% consideram que os que cometeram crimes devem ser expulsos.
Ao contrário do que alguns portugueses pensam, os imigrantes não têm parasitado o nosso Estado social. Pelo contrário, são contribuintes líquidos e elementos e mais -valia na criação de riqueza em Portugal. Sem os imigrantes a trabalhar no país, em alguns sectores económicos, entrariam em colapso. Sabe-se ainda que os estrangeiros contribuem sete vezes mais para a Segurança Social do que beneficiam. Não esqueçamos ainda o seu contributo para a nossa melhoria demográfica. Feliz Novo Ano.

florentinobeirao@hotmail.com 

 

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