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Leitores: A prevenção é a tarefa prioritária. Um novo estado para a floresta portuguesa

José A. Massano Monteiro Docente do Ensino Superior; Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros, Colégio de Engenharia Florestal - 25/05/2017 - 11:28

Um “Novo Estado” para a Floresta Portuguesa está a demorar a aparecer no terreno e a implementar-se na estrutura pública do setor.

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Um “Novo Estado” para a Floresta Portuguesa está a demorar a aparecer no terreno e a implementar-se na estrutura pública do setor.
Os cidadãos, em geral, já pouco acreditam numa resolução eficaz do problema e, por incrível que pareça, também alguns dos intervenientes na causa.
Se algo de importante fosse feito, que não apenas no papel ou na divulgação e vulgarização de ações de eficácia duvidosa, menos expostos estaríamos à ocorrência de incêndios florestais, que provam que os meios operacionais na frente de combate não são a única solução para o problema, nem, por outro lado, a única falha do sistema.
O “Estado Florestal” revela ter também as suas falhas. Está tecnicamente obsoleto e economicamente debilitado. Os meios técnicos, financeiros e humanos que estão no terreno, ou melhor, a falta deles, mostram tudo isso.
Porém, para se alcançar uma maior resiliência do território aos incêndios florestais e rurais e uma redução da sua incidência, teremos todos que intervir, colaborar e ajudar a prevenir. Não se trata de um problema sazonal em que só alguns teimam em intervir combatendo o inimigo.
A prevenção, essa sim, é tarefa prioritária e a única forma de “atacarmos” as fragilidades e vulnerabilidades dos territórios agroflorestais/rurais. Intervindo durante todo o ano, planeando e implementando técnicas silvícolas adequadas, definindo prioridades, aplicando investimentos de forma sustentada e proporcionando emprego a muita gente.
Para que se perceba uma “pequena parte” desta enorme controvérsia, faça-se um exercício simples e comparativo.
Considerando valores médios, por cada hora de aluguer dos meios aéreos utilizados no combate, era possível aplicar o mesmo investimento na limpeza de 3 a 5 hectares de floresta.
Se considerarmos os custos totais anuais do combate, cerca de 70 milhões de euros, possibilitariam a limpeza de aproximadamente 70 a 100 mil hectares de área florestal, por ano. Penso que a comparação é elucidativa. Só mesmo quem não quer é que não vê. Ou será que não interessa ver?
Pessoalmente, não tenho dúvidas na resposta.
As boas práticas de silvicultura e de gestão florestal devem ser o principal palco do teatro de operações e os atores têm que ser, sem dúvida, outros. Não têm a mesma visibilidade, não têm a mesma força, mas deveriam, urgentemente, fazer parte de um outro guião, para um outro filme.
A peça que está em cena tem muitos realizadores e, na minha opinião, demasiado viciados neste tipo de cenários. Esses, deveriam ter a humildade e o saber para deixar que outros deem o seu contributo e intervenção no terreno.
Refiro-me aos técnicos florestais que, no exercício das suas funções, trabalham diariamente na floresta e pela floresta - pública e privada.
São eles que conhecem o terreno e o património florestal da sua região, que sabem onde estão, ou deveriam estar, as prioridades na intervenção.
Uma mais-valia técnica que, desde a década de oitenta, foi retirada da estrutura de comando operacional de combate aos fogos, pelos decisores políticos de então. Uma decisão pouco lúcida ou mesmo desastrosa.
Irremediavelmente um “Estado Florestal” a necessitar de Reforma. Dos burocratas, dos tecnocratas, dos subsidiocratas e dos partidocratas que o impedem de funcionar.
Venham daí os fisiocratas, os de boa(s) vontade(s) e os abnegados pela causa florestal, obreiros dum “Novo Estado” para a floresta em Portugal.
Como cidadão, como profissional do setor, não posso assistir abdicando de intervir.

COMENTÁRIOS

Dos Santos Pereira
à muito tempo atrás
Boa tarde, acho que tem toda a razão, mas temos algumas Associações de Produtores Florestais (privados) que já investem na prevenção das suas propriedades e da Floresta ao seu redor, com equipas de sapadores Florestais e viaturas com Kit`s de 1ª Intervenção, que estão no terreno todos os dias a prevenir os incêndios Florestais, como também os próprios produtores Florestais tem Kit`s nas viaturas e nas cisternas de água.
Se tivessem á espera do estado ardia as propriedades Florestais que levaram gerações a construir um património Florestal sustentável e de alto valor ecológico para Pais.