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A propósito de António Salvado: Cada um nasce...

José d - 07/07/2022 - 9:45

«Cada um nasce para o que é fadado» – tema de fado, seguramente, a reflectir ideia generalizada. E é verdade, por mais excepções apresentadas...

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«Cada um nasce para o que é fadado» – tema de fado, seguramente, a reflectir ideia generalizada. E é verdade, por mais excepções apresentadas.

Vejam-se os músicos: quantos não começaram a tocar aos 3 anos, alguns a compor antes dos 10!

Desses fiéis seguidores das pisadas previstas, alguns, chegados ao tempo de as revisitar, ousam mostrar como haviam sido os primeiros passos, titubeantes embora.

Foi o caso de António Salvado, poeta. Após dezenas de livros publicados, muitos milhares de versos escritos, decidiu voltar a publicar agora poemas vindos a lume em 1951 (do opúsculo «Poemas da Alma») e 1952 (de «Imensidade») no livro Primeiros poemas, edição de 2021 de RVJ – Editores, Castelo Branco, 200 exemplares, 40 páginas, propriedade da Junta de Freguesia de Castelo Branco. Terão sido esses os primeiros e não «A Flor e Noite» que se mencionou “como o primeiro livro publicado pelo poeta”.

Intitulou António Salvado “Para ser lido” o prólogo deste livrinho. Explicita, aí, as recordações do jovem sonhador e, embora termine a concordar com a frase do crítico de 1952, “a precocidade nem sempre revela um génio para o futuro”, há a secreta esperança de que, não podendo, por modéstia, considerar-se um génio, António Salvado quis este regresso, quase numa obediência ao vaticínio de António Machado, “são tuas pegadas o caminho e nada mais”.

Longo caminho, esse, sem dúvida. A aplaudir.

Cumpria analisar, agora, poemas e deles inferir do caminho. Tarefa, porém, que se deixa ao leitor, ainda que se não resista a agarrar num desses passos da caminhada, arbitrariamente colhido. Esse, da pág. 15, convite a que se dê às crianças a liberdade de correr, mesmo que se possa ficar temeroso de que alguma passada a mais lhes possa vir a ser prejudicial. Escrito em 1951 e lido agora, em 2022, em clima completamente diverso, o apelo ganha ainda maior relevância, todavia: a liberdade de correr, num tempo em que surgem por toda a parte bons espaços para isso e, amiúde, o que falta é a vontade. “Deixa-as correr como o vento!” – saboreando a alegria de viver!

A Poesia, sempre, a desvendar caminhos!

Primeiros Poemas faz-se acompanhar de Nunca Ali o Azul (Sirgo, MMXXI, 12 páginas), a Poesia a comentar argutamente a Pintura de Cruzeiro Seixas, Artur Bual, Costa Camelo, Noronha da Costa, Júlio,  Álvaro Perdigão e Cargaleiro. Uma iniciativa de Cadernos de Quarto Minguante.

José d’Encarnação 

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