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Leitores: Liberdade, viva a liberdade!

Hélder Henriques - 27/04/2023 - 9:18

Enquanto memória coletiva podemos afirmar que o 25 de abril de 1974 aconteceu ontem.

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Enquanto memória coletiva podemos afirmar que o 25 de abril de 1974 aconteceu ontem. Na verdade, a Revolução dos Cravos foi, e ainda é, um processo que é preciso ser alimentado e bem tratado com o objetivo de continuar a florescer e a animar o espirito da Democrcia. Recordo as lutas estudantis de 1962 e os meses quentes de 1968 e 1969, onde os estudantes não queriam que o regime de Salazar voltasse a pisar as suas capas e batinas, como tantas vezes fez! Recordo a coragem de todos aqueles que, contra o medo, marcharam. Uns marcharam de arma em punho, outros com uma caneta na mão, outros com um cravo ao peito, outros com a força das palavras, e ainda, outros tantos, que através dos seus olhos liam e ouviam aquilo que era censurado pelos mecanismos daquela época. 
Viva a Liberdade!
A liberdade é o principal pilar da nossa Democracia. Não podemos deixar de regar o cravo que simboliza a nossa Liberdade e os valores que queremos preservar como a igualdade, a solidariedade, a justiça social, o acesso à educação e à saúde, o direito a existir e o direito a exprimir opiniões, que podem ser contrárias aos padrões instituidos. Foi Abril que nos permitiu construir um outro Portugal, mais aberto e plural, mais contemporâneo e cosmopolita. Foi Abril que permitiu a abertura a todos aqueles que pretendessem frequentar um curso superior nas Escolas, Politécnicos e Universidades o pudessem fazer e que hoje representam um fator importante de desenvolvimento social e económico dos nossos territórios!
Abril, é Liberdade! Abril deu-nos tanto…e continuar a dar-nos!
Abril não pode representar apenas a memória de um passado que se vai tornando cada vez mais distante temporalmente! É preciso alimentar Abril e todos temos o dever de nos tornarmos, para aqueles que ainda têm dúvidas, soldados de abril, defensores do cravo, defensores da escola pública, do acesso à saúde, do direito à opinião de cada um. Abril constrói-se todos os dias, nas palavra e nos gestos, nas praças e nas ruas, no contentamento e no descontentamento do Povo, porque é o Povo quem mais Ordena!
Abril foi, e ainda é, um sorriso de uma criança que pode correr livremente pelas ruas, em segurança, viva Abril, viva a Liberdade. 
Precisamos de continuar a combater aqueles, saudosistas da fiscalização dos costumes, que ainda dizem que “não podes escrever isto ou aquilo sem a minha autorização” ou “só podes escrever isto ou aquilo depois de eu ver”… foi contra isto que os Soldados de Abril, no mais amplo sentido da expressão, combateram e contrariaram! Não podemos permitir que nos calem e /ou impeçam de mostrar aquilo que sentimos! E muito menos devemos permitir, a quem quer que seja, que utilize estratégias de intimidação e de medo para afrontar qualquer membro da nossa comunidade e sociedade. Temos o dever de regar Abril!
Como referia Manuel Alegre “Antes que amores feneçam, que mil flores desabrochem e outras nenhumas não”. Também escreveu Jorge Cravo, em, 2009, citando Luiz Goes, e o “admirável disco” Canções do Mar e da Vida quando se refere ao período do Estado Novo que “há muita gente que julga que a transgressão é apenas política. Mas a transgressão é intima, é mental, é moral”. 
E foi também por esta transgressão aos Portugueses, que o “nosso” Alberto Martins, o estudante sem medo, em 1969, ousou sonhar quando, perante um auditório repleto de capas e batinas, de convidados alinhados com o Regime e com a PIDE por perto, ousou dizer “PEÇO A PALAVRA”. 
Saibamos respeitar Abril, saibamos respeitar Abril e todos aqueles que lutaram para que hoje estejamos aqui e possamos usar da palavra. Nos dias que correm, a política do medo e da intimidação não têm qualquer espaço, desenaganem-se aqueles que pensam o contrário. Da minha parte, enquanto cidadão, estarei sempre pronto para “PEDIR A PALAVRA!”. Não me tiram a palavra!
Viva ABRIL!
Viva a Liberdade!
Viva Castelo Branco! 

 

COMENTÁRIOS

António Cavaco
No ano passado
Excelente, parabéns é esse o caminho.