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Abusos na Igreja: Bolsa ainda sem profissionais no distrito

José Furtado - 24/06/2023 - 18:10

Grupo criado pela Conferência Episcopal procura profissionais para apoio na região, que é a única que ainda não tem voluntários, diz a coordenadora ao Reconquista.

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Rute Agulhas coordena novo grupo. Imagem SIC

Castelo Branco é a única região do país onde ainda não foi possível encontrar psicólogos para acompanharem as vítimas de violência sexual no contexto da Igreja. A informação foi confirmada ao Reconquista pela coordenadora do Grupo Vita, que iniciou a atividade há um mês, sucedendo à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, que apresentou as suas conclusões no último mês de fevereiro. Ambas as estruturas surgiram de uma iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa.

Rute Agulhas disse ao Reconquista que a ideia de constituir uma bolsa de psicólogos “surge num contexto de respostas insuficientes no sistema nacional de saúde e das próprias estruturas existentes em Portugal que dão resposta a vítimas de violência sexual”. Esta bolsa de profissionais, refere a coordenadora, é a solução encontrada “para que as vítimas não tenham de estar meses e meses à espera de uma resposta e para que essa resposta possa ser célere mas também de qualidade”.

O Vita começou por falar com a Ordem dos Psicólogos Portugueses que fez a ponte com estes profissionais. Definiram como critério obrigatório que sejam membros da ordem e tenham a especialidade em psicologia clínica da saúde. Não sendo critério obrigatório, o Vita vai ter em conta a formação específica na área da violência sexual.

O levantamento feito pela ordem permitiu fazer um primeiro contacto com os psicólogos, que enviaram os seus currículos. Feita a triagem ficaram cerca de 70 psicólogos na bolsa, que foi anunciada no início da semana. Ao verificar que o distrito de Castelo Branco mas também que nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira não havia ainda profissionais na bolsa, o grupo decidiu divulgar o trabalho feito até essa altura, na esperança de conseguir suprir as faltas. Entre a última segunda-feira e a noite de terça-feira, quando o Reconquista falou com a coordenadora, foi possível encontrar possíveis voluntários para as ilhas, faltando apenas o distrito de Castelo Branco. A falta de profissionais no terreno poderá ser suprida através de videoconferência mas Rute Agulhas reconhece que não é a solução ideal neste contexto.

“Claro que nós temos psicólogos que asseguram atendimento online e a questão geográfica deixa de ser relevante. Mas para muitas vítimas, principalmente as mais velhas, é importante que seja presencial”, estabelecendo como ideal encontrar dois ou três profissionais no distrito que pudessem colaborar com o grupo. O facto de haver profissionais que integram a bolsa nos distritos da Guarda e de Portalegre, que para além de fazerem fronteira com Castelo Branco são também sede das duas dioceses que abrangem este distrito, não é uma alternativa viável.

“É tudo muito longe. Estamos a falsar de algumas vítimas com setenta e tal anos de idade, doentes e sem meios de deslocação”, argumenta a coordenadora.

A formação os profissionais que integram esta bolsa vai começar a 17 de julho e versará o enquadramento legal e canónico, bem como a abordagem junto das vítimas e dos agressores. O objetivo é “começar de imediato a encaminhar as vitimas que estão à espera desta resposta”.

Rute Agulhas diz também que nos psiquiatras há uma articulação com os colégios da especialidade, que também vão contactar os profissionais que fazem parte das suas listas para que integrem a bolsa. A Associação de Médicos Católicos entregou também uma lista de 12 psiquiatras para adultos. Os interessados podem contactar por sua iniciativa o Grupo Vita através do número 91 509 00 00 ou pelo sítio grupovita.pt.

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