Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Leitores: 75 anos de Barragem Marechal Carmona

Movimento para Todos - 10/02/2022 - 10:01

Assinalam-se em 2022 os 75 anos da inauguração da Barragem Marechal Carmona, obra que permitiu a criação de um pólo de desenvolvimento agrícola, tantas vezes inovador.

Partilhar:

Foto arquivo Reconquista

Assinalam-se em 2022 os 75 anos da inauguração da Barragem Marechal Carmona, obra que permitiu a criação de um pólo de desenvolvimento agrícola, tantas vezes inovador, denominado de Campina de Idanha-a-Nova, com um perímetro de rega que se estende ainda às freguesias de Ladoeiro e Zebreira.
Muitos de nós, certamente, recordaremos que a existência da água armazenada naquela barragem permitiu, no passado, a instalação de diversas culturas, como o tomate, a melancia, o pimento, o tabaco, o que se traduziu em ciclos de desenvolvimento e prosperidade das empresas, das povoações e das pessoas. 
Hoje em dia, em termos agrícolas, a campina de Idanha-a-Nova vive uma profunda transformação, com a plantação de pomares de amendoeiras, entre outras fruteiras de casca rija e oliveiras. Novos tempos, novas culturas, mas a mesma necessidade de sempre: água armazenada na Barragem de Idanha-a-Nova. 
A esse respeito, diga-se que, ao longo dos tempos, a nível de armazenamento, vários cenários foram vividos. O da água suficiente, o da água excessiva e o da água escassa. Tudo isto em função das culturas, das condições do clima e do maior ou menor aproveitamento e/ou desperdício.
É certo que, até agora, a água foi sendo suficiente, salvo um ou outro ano, em que a ausência de chuva se verificou por períodos mais longos, causando sérios prejuízos aos agricultores. 
Todavia, depois de um período de estagnação da actividade, crescem, hoje, a olhos vistos os investimentos agrícolas de regadio, na Campina da Idanha. Acontece, porém, que estas novas culturas são muito exigentes em água. Em poucas palavras, o consumo vai aumentar. É preciso estar atento às novas necessidades.
Por outro lado, as questões ambientais, que afectam todos, e não apenas os agricultores, devem fazer-nos reflectir sobre a importância da água, já que é hoje aceite em todo o mundo que, “no futuro, quem tiver água viverá melhor”.
Por isso, não podemos adiar por mais tempo este debate. Se queremos, no futuro, um concelho com qualidade de vida para os seus habitantes, e com atractividade para turistas e investidores, é preciso começar hoje a falar sobre a importância da água. Definitivamente, em mais um inverno de seca, não podemos fechar os olhos às evidências das alterações climáticas.
Ora, são justamente estes dois pressupostos, o aumento do consumo de água e as alterações climáticas, que nos levam a querer debater politicamente este assunto, em vista de se tomarem as medidas mais adequadas ao caso. 
O “Movimento Para Todos” está atento a esta questão, e entende que uma dessas medidas pode passar pela realização de um pequeno transvaze na Ribeira de Alpreade, via ribeira de Proença-a-Velha, para ajudar a encher a barragem, particularmente em invernos secos, como o que estamos a atravessar.
Sem recurso à construção de novas barragens, este transvaze, em caudal livre, por gravidade, carece apenas da construção de um pequeno açude. O transporte, por ser entubado, poderá ainda suportar um mecanismo de produção de energia eléctrica.
Pretende-se, com esta obra, aumentar o afluxo de água à albufeira, contribuindo para garantir a satisfação dos consumos agrícolas, e a existência de um espelho de água atractivo, durante mais tempo, já que se é certo que o principal fim da barragem é agrícola, não podemos esquecer todas as outras actividades que lhe estão associadas, designadamente as turísticas, com reflexos positivos na economia do Concelho.
Para além disso, em conformidade com aquele que foi o seu compromisso e programa político, o Movimento Para Todos quer manifestar o seu empenhamento no sentido de contribuir para que o tema da água se debata com os diversos intervenientes e nos fóruns políticos próprios. Por isso mesmo, questionou o Presidente do Município, relativamente à sua posição sobre o assunto. Sobre se tem ideias para projectos que possam contribuir para que a Barragem tenha água suficiente nos próximos anos, de modo a satisfazer as necessidades já apontadas. Lamentavelmente, a resposta é negativa. Não existem ideias, não existem projectos. O assunto parece não preocupar o Presidente da Câmara.
Ainda assim, procurando distrair a atenção do essencial desta questão, o Presidente do Município referiu a existência de um projecto da Associação de Regantes, para modernizar áreas que já estão a ser regadas.
Se é certo que a modernização das áreas regadas pode levar a uma poupança de água, certo é, também, que essa poupança será absorvida pelo aumento de culturas e dos consumos, não só pela intensidade de árvores a regar, mas também pelo fornecimento de periferias do actual perímetro de rega.
É preciso lembrar ao Presidente do Município que as medidas tomadas a jusante só terão o seu efeito positivo se, a montante, a Barragem tiver água suficiente para alimentar as necessidades. 
Como parece não ser possível aumentar a capacidade de armazenamento, só há uma solução viável: fazer algo que contribua para que no final de cada inverno a Barragem esteja cheia.
Estando cheia, poderá ser garantido o fornecimento para um período de rega normal, com cobertura total.
É bem certo que não se pode criar a chuva necessária para aumento dos caudais actuais das linhas de água que abastecem a Barragem, mas podem, isso sim, criar-se novas origens de abastecimento temporário, em caso de necessidade, como a solução aqui apresentada.
Trata-se de uma ideia arrojada, é certo, mas perfeitamente exequível, do ponto de vista técnico e financeiro, e por isso é preciso estudá-la em pormenor. Foi com uma visão arrojada e de futuro que se construiu, há 75 anos atrás, uma obra que ainda hoje nos permite ter esperança na renovação da actividade agrícola da campina da Idanha..
É preciso ter ideias arrojadas, que se traduzam em projectos e na concretização de obras materiais capazes de gerar benefícios e vantagens às populações locais.
Não é arrojado, nem traz mais-valias colectivas, pensar apenas em projectos imateriais, que nos esgotam os recursos financeiros, milhões, em benefício de apenas um pequeno grupo de cidadãos, na sua maioria, externos ao Concelho.
Arrojado e de efeito abrangente é criar projectos que envolvam e beneficiem as populações locais, as comunidades, os investidores. Arrojado é realizar obras necessárias e com visão de futuro. 
São as medidas abrangentes que criam a tal riqueza de que se fala, por tudo e por nada, mas que não se vê com as actuais políticas. 
Só com medidas verdadeiramente abrangentes, com visões integradas e com propostas arrojadas, que vão para além do teatro efémero da propaganda política, se fixam as pessoas e melhoram as suas condições de vida. Não há outra forma.

Pela água, e “Por um concelho onde todos tenham voz”
 

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Água escassa/culturas muito exigentes em água, não haverá aqui um contrassenso?