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Almaraz: Central está a recarregar combustível

José Furtado - 07/11/2016 - 23:21

O procedimento já se realizou mais de 20 vezes nos últimos 30 anos e só vai estar concluído na segunda quinzena de dezembro.

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O procedimento envolve mais de 1.200 pessoas durante as próximas semanas. Foto arquivo

O reator número dois da central nuclear de Almaraz está desligado da rede elétrica desde a noite de domingo para segunda-feira devido a trabalhos de recarga de combustível, um procedimento que se repete pela 23.ª vez desde que o reator entrou em funcionamento em 1983.

A intervenção comunicada pela administração da central nuclear, situada a cerca de 100 quilómetros de Castelo Branco, vai durar 41 dias, prolongando-se até 18 de dezembro.

A central nuclear refere em comunicado que os trabalhos de manutenção envolvem mais 1.200 pessoas que as que trabalham habitualmente na central.

De acordo com a mesma fonte “para além dos trabalhos próprios da recarga de combustível e manutenção geral vai continuar a implantação das modificações de projeto vinculadas a compromissos com o Conselho de Segurança Nuclear (CSN)”.

Os trabalhos incluem inspeções das estruturas com recurso a ultrassons, inspeções visuais e provas para verificar a capacidade de vedação da estrutura que contém o reator.

A operação está a ser acompanhada em Portugal com atenção. Samuel Infante, da Quercus de Castelo Branco, garante que apesar deste sinal de prolongamento de funcionamento da central os ambientalistas “não vão desarmar”, encarando como muito positivo aquilo que interpreta como uma mudança de atitude do Governo português em relação à continuação da central.

Outro fator visto como positivo é a posse de um novo Governo em Espanha, depois de quase um ano de impasse.

A central nuclear de Almaraz começou a funcionar em 1980 e em 2010 viu renovada a sua autorização de exploração, que termina daqui a menos de quatro anos.

Este verão surgiu a notícia de que a central terá um armazém temporário de resíduos nucleares que pretende guardar os resíduos do combustível gasto até à sua transferência para o cemitério nuclear situado na região de Cuenca, a mais de 300 quilómetros da central e a cerca de 130 quilómetros de Madrid.

A Quercus diz estar a trabalhar com as associações congéneres espanholas para que o processo de avaliação do impacto ambiental deste armazém seja público e participado, para evitar “que se crie ali mais uma infraestrutura nuclear que receba resíduos de outro local”, afirma Samuel Infante.

Quanto à central, insiste que a mesma “é completamente obsoleta e mesmo que se façam investimentos os riscos são bastante elevados”.

Imagem bem diferente é a dada pela administração da central, que no comunicado sobre os trabalhos de manutenção em curso diz que esta “é uma instalação de referência mundial em contínuo processo de melhoria da sua segurança, atualização e modernização tecnológica”, sublinhando que emprega mais de 800 pessoas de forma direta, número que sobe aos 2.900 de forma indireta.

O CSN reclassificou como anomalia de nível 1 uma ocorrência na central nuclear de Almaraz com data de julho e que tinha sido inicialmente classificada com o nível 0 (zero).

A situação confirmada a 25 de outubro pela entidade fiscalizadora já levou o PSD e o BE a questionarem o Governo português sobre esta matéria.

A escala internacional de acontecimentos nucleares e radiológicos tem sete níveis, sendo o 1 classificado como “anomalia”.

O nível 0 não tem significado para a segurança.

A Comissão Política Distrital do PSD Castelo Branco considera que a falha de segurança “é a prova derradeira da perigosidade e instabilidade” da central nuclear de Almaraz.

O BE levou o caso ao Parlamento, apresentando várias questões ao ministro do Ambiente, desconfiando da capacidade de fiscalização do CSN.

 

Notícia atualizada no dia 10 com a posição da Quercus e dos partidos

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