A segurança da central volta a criar receio em Portugal. Foto arquivo
O Conselho de Segurança Nuclear de Espanha (CSN) reclassificou como anomalia de nível 1 uma ocorrência na central nuclear de Almaraz com data de julho e que tinha sido inicialmente classificada com o nível 0 (zero).
A situação confirmada a 25 de outubro pela entidade fiscalizadora já levou o PSD e o BE a questionarem o Governo português sobre esta matéria, dada a proximidade da central nuclear com o distrito de Castelo Branco, situado a menos de 100 quilómetros da unidade.
A escala internacional de acontecimentos nucleares e radiológicos tem sete níveis, sendo o 1 classificado como “anomalia”.
O nível 0 não tem significado para a segurança.
A Comissão Política Distrital do PSD Castelo Branco considera que a falha de segurança “é a prova derradeira da perigosidade e instabilidade” da central nuclear de Almaraz.
Os sociais democratas da região acusam o ministro do Ambiente de ser “um espectador desatento do desenrolar desta situação, manifestando um total alheamento e incapacidade politica”. Para o PSD de Castelo Branco o caminho a seguir deve ser o do encerramento da central.
O BE levou o caso ao Parlamento, apresentando várias questões ao ministro do Ambiente.
Os bloquistas querem saber se o Estado português já foi notificado oficialmente da anomalia, que iniciativas pensa tomar “perante a comprovada violação dos limites operacionais de funcionamento”, que medidas projeta o Governo para proteger o território nacional de eventuais novos incidentes e se Portugal deve defender junto do Governo espanhol o início do processo de desativação.
Segundo o CSN houve da parte da central um incumprimento “de uma exigência de vigilância” mas que não teve consequências dentro e fora da central.
O caso que aconteceu nos dois reatores, com mais de 30 anos, está relacionado com o sistema de limpeza do chamado trocador de calor do sistema de água de refrigeração, que esteve fora de serviço para além do recomendado.
No entanto o CSN revela que tanto as inspeções como o estudo “concluíram que, durante esse tempo, ambos mantiveram a sua função de segurança”.
O BE desconfia da capacidade do CSN, salientando que o órgãos fiscalizador sedeado em Madrid “alterou a metodologia de avaliação de ocorrências nas centrais nucleares espanholas, tornando essas avaliações mais permissivas”, que a seu ver tem como intenção “criar uma falsa perceção na opinião pública relativamente ao estado do parque nuclear espanhol”.