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Antónia Dias de Carvalho lança primeiro álbum aos 85 anos

João carrega - 15/02/2024 - 18:19

A história de Antónia Dias de Carvalho é a prova que não há sonhos impossíveis. Aos 85 anos lança, domingo, o seu primeiro álbum.

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Antónia Dias de Carvalho numa das suas atuações, na Usalbi, com o poeta António Salvado. Foto: arquivo.

Antónia Dias de Carvalho apresenta este domingo, a partir das 15H00, no Cine Teatro Avenida, em Castelo Branco, o seu primeiro CD musical, “Poemas para cantar com o coração”. Aos 85 anos (assinalados esta sexta-feira) mostra-nos que não há sonhos impossíveis e como a cultura e a formação ao longo da vida podem mudar a vida das pessoas.

Presença habitual nos eventos culturais da cidade, na Universidade Sénior Albicastrense (Usalbi) esteve na origem da tuna académica e de grupos de fados daquela academia, como o FadUsalbi.

Foi na universidade sénior que começou a olhar para a música e poesia, com “a minha amiga professora Milola. Antes de me reformar, por invalidez, não tinha tempo para a música nem para a escrita”, recorda.

Antónia Dias de Carvalho esteve como costureira no Colégio Militar, em Lisboa, tendo depois, “fruto do meu trabalho, sido promovida a Oficial administrativa”. Nesse percurso profissional são vários os louvores que recebe do Colégio Militar. Fala, por isso, desse tempo com a consciência de quem sempre cumpriu com as suas obrigações e que foi muito além daquilo que lhe era pedido. Exemplo disso foi o Brasão de Armas que bordou.

Depois da aposentação, a poesia e a música, paixões de sempre, entram de uma forma mais sustentada na sua vida. A Usalbi surge como um farol. Abriu novos horizontes e criou muitas amizades. Permitiu também a concretização de sonhos. “Agradeço do fundo do meu coração, a todos aqueles que um dia tiveram a feliz ideia de criar a nossa Universidade. Podem ter a certeza que foi a melhor prenda que nos deram para o resto das nossas vidas. A minha geração deu o melhor que podia à sociedade, em tempos muito difíceis, e hoje, criamos amigos, saímos de casa e fazemos aquilo de que gostamos. Noutros tempos tal não era possível. Temos em cada professor um grande amigo, que voluntariamente nos dedica tantas e tantas horas da sua vida. E são eles os pilares fundamentais da sustentabilidade da nossa Usalbi”, escreveu no seu livro “Poemas para cantar com o coração a falar”, lançado em 2019, cuja edição se encontra quase esgotada e que a própria Universidade tornou possível.

Na música, aprende os primeiros compassos na Banda Filarmónica de Castelo Branco (da Associação das Palmeiras). Ali esteve e fez parte da equipa de instrumentistas durante 12 anos.

“Como eu fui feliz e como tenho saudades das nossas actuações e do regresso dos concertos”, revela.

“Os meus queridos meninos músicos pediam-me para cantar o fado no autocarro e o Maestro Vítor dizia: como se portaram bem, a dona Antónia pode cantar”, escreveu no seu livro, cujos poemas viriam a servir de base para a produção do CD.

“Gostava de todas as músicas, mas as que eu apreciava mais tocar na minha requinta era a marcha de homenagem ao nosso querido Comendador Joaquim Morão, que o nosso Maestro Vítor Ávila compôs com grande mestria. É de louvar a sua ideia porque efectivamente ele foi o pai da nossa filarmónica. Também gostava muito de tocar e cantar a Marcha do Bairro Ribeiro das Perdizes”, lembra.

CD Com a música e poesia de mãos dadas, Antónia Dias de Carvalho diz que escreve “sobre mensagens de amor e fraternidade, como o nosso grande poeta António Salvado. Ele era o poeta do amor”. Mas Castelo Branco também faz parte das suas letras. Depois do livro, o CD era o sonho que faltava concretizar. “Muitos amigos pediram-me pois tinham as letras e faltava-lhes a voz. A minha médica das termas de Caldas da Felgueira, doutora Maria José, incentivou-me muito. Foi então que decidi ir pedir apoio à Junta de Freguesia de Castelo Branco, em que o presidente me apoiou, incentivou e tornou possível a sua produção”, explica.

Os primeiros fados foram gravados na Fábrica da Criatividade, mas os restantes foram produzidos no estúdio de João Carita, em Castelo Branco, “concretizando-se assim este meu segundo sonho, já que primeiro foi o livro”.

O processo foi demorado. “Cheguei a pensar que não iria ser concretizado”, confessa, para lembrar que “foram muitas horas de trabalho. Estou também muito grata a todos os guitarristas que comigo colaboraram sem pedir nada em troca”.

Antónia Dias de Carvalho abraçou também as causas sociais. Na Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco é voluntária, e na cidade é uma fonte de inspiração para todos.

 

Espetáculo com entrada gratuita

O espetáculo de lançamento do CD “Poemas para cantar com o coração” realiza-se dia 18 de fevereiro, a partir das 15H00 no Cine Teatro Avenida de Castelo Branco. O álbum tem o apoio da Junta de Freguesia de Castelo Branco e a entrada no espetáculo é gratuita. “Basta aparecerem e entrarem”, explica António Dias de Carvalho, autora e intérprete do CD.

O espetáculo inicia-se com a atuação da Tuna da Usalbi, “com o hino que escrevi e o estandarte que bordei”. Segue-se a atuação dos grupos fados daquela academia, como o FadUsalbi, que fundou. A apresentação do CD é o momento alto da tarde, com a interpretação de alguns dos temas. Antónia Dias de Carvalho é acompanhada por Hugo ramos, na guitarra portuguesa, e José Manuel Mendes, na viola de fado.

O concerto prossegue com a atuação da Banda Filarmónica de Castelo Branco, onde esteve 12 anos. “Irão tocar a música do bairro e marcha da cidade que escrevi. Eles tocam e eu canto”, esclarece.

O espetáculo termina com a interpretação de Ana Paula, do fado “Mesma Saudade”.

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