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António Guterres será o novo Secretário geral da ONU

João Carrega - 06/10/2016 - 9:22

O antigo Primeiro Ministro de Portugal, com raízes no distrito de Castelo Branco, será o próximo secretário-geral da ONU. 

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Com raízes no Distrito de Castelo Branco, António Guterres entrou para a história mundial

O antigo Primeiro Ministro de Portugal, António Guterres, com raízes no distrito de Castelo Branco (freguesia de Donas, concelho do Fundão) será o próximo secretário-geral da ONU. António Guterres participou esta quarta-feira, 5 de outubro, naquela que foi a sexta votação, não tendo recebido qualquer "chumbo" dos cinco estados com poder de veto (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido).

Nesta votação António Guterres teve 13 votos a favor e nenhum veto e deverá ver hoje, pelas 15H00 portuguesas, o seu nome aprovado por aclamação, na reunião da ONU em Nova Iorque.

Nesta última votação, António Guterres  não recebeu nenhum veto e voltou a ser o candidato mais votado, pelo que na declaração final dos embaixadores, foi referido que o seu nome iria ser proposto para ser o próximo Secretário geral da ONU, o que marcará para sempre a história portuguesa e do mundo.

António Guterres foi na sua vida política portuguesa eleito à Assembleia da República pelo Distrito de Castelo Branco, nas listas do Partido Socialista, tendo desempenhado as funções de Primeiro Ministro. Foi naquela condição que lançou um dos programas que acabaria por ter influência na requalificação de Castelo Branco (Polis). No Fundão desempenhou também as funções de presidente da Assembleia Municipal.

O futuro Secretário Geral da ONU foi ainda distinguido com o grau de doutoramento Honoris Causa, pela Universidade da Beira Interior, na Covilhã.

No lançamento da sua candidatura e naquela que foi a sua primeira audição perante os membros da ONU,  António Guterres, considerou que "o mundo precisa, com urgência, de liderança e valores". No debate entre candidatos,  o  antigo primeiro ministro português, fez uma intervenção elogiada pela comunidade internacional, lembrando que o futuro Secretário Geral das Nações Unidas deve ser um símbolo de unidade, mas ao mesmo tempo deve saber "combater, e derrotar, o populismo político, o racismo e a xenofobia". Valores que, assegura, sempre ter defendido ao longo de toda a sua vida.

Na sua intervenção, António Guterres defendeu  uma reforma no Conselho de Segurança da organização, recordando o antigo Secretário geral da organização, Kofi Annan, que referiu que "nenhuma reforma da ONU está completa sem uma reforma do Conselho de Segurança". Isto porque no entender de António Guterres, o Conselho de Segurança tem problemas de representatividade, pois não inclui membros permanentes da América Latina ou de África.

Contudo, disse, "isto só será possível se os países-membros assim o quiserem e se criarem o consenso necessário para que essa reforma aconteça" garantindo que a irá apoiar "mas de nenhuma forma irei substituir os países-membros neste assunto, assim como em muitos outros".

A questão da prevenção de conflitos foi também colocada a António Guterres. No entender do antigo Primeiro Ministro português  "tem de haver um contínuo, com as mesmas prioridades e as mesmas estratégias", durante todas as fases em que a organização lida com conflitos, o que não sucede neste momento. O homem que exerceu o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados explicou que "há mais atenção para a manutenção de paz, porque as câmaras estão lá", sabendo todos "o que está a acontecer", mas que isso não ocorre quando um conflito está na fase inicial.

A questão em si não é fácil, como reconheceu António Guterres, até porque existe um debate na comunidade internacional, relacionado com o risco de se interferir com a soberania internacional. Mas é aqui, diz o candidato português, "que o secretário geral pode intervir, de forma humilde, para criar pontes entre os vários participantes e fazer entender que existe uma forma de a prevenção de conflitos ter resultados e reduzir o sofrimento humano".

António Guterres recordou o trabalho desenvolvido enquanto alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, sublinhando os motivos da sua candidatura a Secretário-Geral da ONU: "senti a frustração de ver as pessoas a sofrer e saber que não tinha uma solução para elas. Foi por isso que entendi ser minha obrigação candidatar-me a secretário-geral da ONU".

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