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Leitores: Brincar é o tsunami da motivação

Bruno Trindade - 18/05/2023 - 9:18

É inegável que o brincar é o “tsunami” para motivar para as aprendizagens em contexto escolar.

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É inegável que o brincar é o “tsunami” para motivar para as aprendizagens em contexto escolar.
É imperativo repensar o papel da brincoterapia como modelo de aprendizagem e construção social logo nos jardins de infância, pois deparamo-nos com alunos que “vagueiam” nas escolas com os seus telemóveis, onde não se cruzam os olhares, onde não se privilegia o “contacto” físico e o social, onde a problemática da falta de socialização surge no espaço escolar… 
Temos uma “Escola triste..!” a necessitar de um “curativo”, onde as ligaduras ou os pensos podem não chegar para a resolução das problemáticas no futuro do crescimento do ser humano.
Neste sentido, para fomentarmos escolas felizes, falta o elemento essencial e fundamental “Brincar”, de forma a motivar as crianças para a aprendizagem, assim como para uma melhoria comportamental e crescimento pessoal e social.   
Dados indicam um aumento nos episódios de violência em crianças, para com os pais e para com os seus grupos de pares. Estes dados podem ser justificados e imputados, pelo menos em parte, aos pais devido à falta de parametrização comportamental da definição de regras e limites. É certo que “balizar” pode ajudar na educação e na regulação comportamental, emocional e social, permitindo entender o quão difícil e exigente pode ser. Exige tempo, paciência, estratégias e consistência no padrão educativo e parental.
• Mas será que, mesmo com mais escola a “tempo inteiro” temos hoje crianças mais felizes?
• “Quando brincoterapia é a solução maior, Vamos brincar a sério…?’
• Temos que criar tempos lectivos no 1º e 2º ciclo para Brincar ser uma disciplina curricular?
• Trabalhamos a prevenção com recurso a “terapias de gabinete”?
Nestas alturas questionamos se as experiências que promovemos junto das crianças promovem aprendizagens, isto é se suscitam o desenvolvimento da curiosidade, da criatividade e imaginação, se despertam gostos e interesses, e se desenvolvem as competências motoras, cognitivas e socioemocionais. O facto de, hoje em dia, as crianças preferirem estar fechadas entre quatro paredes, ligadas ao mundo através da tecnologia, socializando unicamente pelo telemóvel, tem originado adolescentes que detêm maior dificuldade em lidar com a frustração, são mais impulsivos, menos tolerantes, e, o que se reflete muitas vezes numa dificuldade na sua capacidade de brincar, socializar e interagir.
Tendo em consideração que as crianças e jovens passam grande parte do seu tempo na escola, o seu currículo deveria contemplar uma área onde o “brincar social” os ajudasse a crescer e os orientasse para o autodomínio. De igual forma, os fenómenos de conflito e comportamentos desajustados surgem inesperadamente e mais frequentemente, pelo que precisam ser controlados. O papel socioeducativo passa por identificar, prevenir e resolver as problemáticas comportamentais que afetam as crianças e que têm uma influência direta no seu crescimento. Neste sentido, torna-se ainda mais perentório implementar processos de monitorização ativos, com recursos especializados, para possibilitar uma melhor regulação comportamental, social e emocional.
Uma outra questão desafiante prende-se com a socialização: Onde está o elemento “socializar” no processo educativo dos Jardins de Infância e nas Escolas do 1º Ciclo e no 2º Ciclo?
Numa sociedade em acelerada transformação, até as brincadeiras das crianças têm de ser orientadas, para que não se perca o “brincar”, o “conviver” e o “socializar”. É indispensável implementar metodologias de intervenção com aplicação de jogos cooperativos e o “deixar brincar” conscientemente. Brincar é assim fundamental para o desenvolvimento das crianças. Neste processo de intervenção, sobre as competências fundamentais para o seu desenvolvimento, podem ser-lhes incutidas regras e valores. Através de estratégias lúdicas, as crianças aprendem… brincando.
Para tal é necessário criar e “olhar” para os espaços das escolas, com o intuito de desenvolver condições físicas, espaços desafiadores, atividades diferentes e estimulantes de modo a “olhar” para o “brincar” como um “Tsunami” para as aprendizagens. O brincar fomenta a motivação para a aprendizagem, pois permite criar um espaço curricular com uma continuidade envolvente e educativa mais motivadora para as aprendizagens.
Neste sentido, sugerimos uma alteração do modelo de horário escolar, a inclusão como oferta educativa no final da tarde com técnicos de Animação Socioeducativa, tanto no 1º ciclo como no pré-escolar. Esta oferta deveria fazer parte integrante do currículo educativo, alargado a todos os níveis de ensino, uma vez que trabalha a capacidade e a diversidade de vários contextos educativos, assim como permite uma maior fundamentação na educação não formal em contexto educativo. 
A área da Animação Sociocultural é um elemento importante no desenvolvimento de competências que visam o aperfeiçoamento das capacidades da criança e a sua mudança de valores e atitudes, proporcionando na escola novas formas de reeducar normas e valores através da socialização, para não continuarmos a promover com tanta frequência “terapias de gabinete”.
É fundamental promover momentos de interação social de bem-estar e felicidade, de conexão humana, proporcionar atividades para desenvolver a autonomia e gerir as emoções de forma saudável e se for possível fazê-lo em espaços exteriores melhor ainda. Estes espaços são importantes como constituem-se ambientes estimulantes e criativos. Assim, os parques nos jardins e os parques escolares ganham novas dinâmicas onde existe diversidade, flexibilidade, versatilidade de soluções, criando uma complementaridade na utilização.
Nunca como hoje, foi tão importante estimular o “brincar” ao ar livre, permitindo minimizar as problemáticas da saúde mental e criar “soluções” para os fenómenos de violências na infância.

btrindade30@hotmail.com

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