O cuidado com uma alimentação saudável é essencial quando se pretende aumentar a qualidade de vida, já que a escolha dos alimentos e a adopção de uma dieta variada e equilibrada pode evitar o surgimento de doenças e proporcionar bem-estar físico no dia-a-dia.
É também verdade que, de momento, estar alinhado com o consumo exclusivo ou maioritário de produtos biológicos é não só dispendioso, como também difícil, já que a oferta desses productos é ainda muito limitada.
E não é menos verdade que, neste domínio, estamos ainda num sistema muito frágil, sobretudo porque falta confiança na cadeia de mercado, desde a produção, à distribuição e ao próprio consumo.
Ainda assim, assistimos ao uso abusivo do chavão “biológico”, por quem, muitas vezes, nem faz ideia do que quer que isso seja, e de todos os pressupostos e requisitos necessários para chegar a essa designação.
O concelho de Idanha-a-Nova é muitas vezes referenciado, pelo marketing municipal, como o concelho mais biológico do país. E os mentores desta propaganda são agora chamados a mostrar lá fora como se faz, ou deveria fazer, cá dentro. Recentemente foi até amplamente difundido que estes mentores foram chamados à Região Autónoma da Madeira, com equipa de peso, para ensinar o Governo Regional como alinhar uma estratégia desta natureza.
Isto dito assim, até parece que não restam dúvidas das capacidades influenciadoras do Presidente do Município de Idanha-a-Nova, com a sua larga experiência agrícola, desde sempre!
Levando o assunto a sério, surgem-nos muitas dúvidas, ao ponto de gerar desconfiança no sistema, pelo menos no de proximidade. Basta olhar para as unidades de produção biológica no concelho, para a sua envolvente hostil e para as notícias que, amiúde, vêm a público, sobre os fitofármacos.
Se a aferição da importância do biológico no concelho se faz pela classificação simples do território, perante o sistema de identificação parcelar do Ministério da Agricultura, então encontramos alguma lógica, pelas áreas de dimensão em coberto vegetal, natural, grande parte sem produção, como é o caso das pastagens permanentes em modo de produção bio.
Pelo contrário, se a aferição dessa importância se fizer pela riqueza produzida, pelo volume de negócios e vendas, então teremos certamente que rever os padrões, conceitos e classificações.
Senão vejamos alguns exemplos, para reflexão:
Quantos vendedores do concelho marcam presença no Mercadinho da Bio Região, onde já se terão gasto milhares de euros em imagem?
E dos que marcam presença, quantos são os próprios criadores dos produtos biológicos que comercializam?
E os produtos transformados utilizam que ingredientes?
Em suma, o que representa tudo isto na economia do território?
Que consumidores terão confiança neste sistema, só pela propaganda?
Muitas mais questões poderiam ser colocadas, para resumir que a produção biológica, em termos de valor e de criação de riqueza é ainda uma miragem, no concelho de Idanha-a-Nova.
O caminho a seguir não pode ser apenas o do Marketing e o da propaganda baseada em critérios altamente enganadores. É preciso sair à rua, ir ao campo, visitar os agricultores, dialogar e definir estratégias em conjunto.
De momento, usa-se e abusa-se de uma estratégia adquirida, que não corresponde à realidade, só porque faz imagem dos seus mentores e alimenta consultores.
Assim, não vale a pena!
E a produção extensiva de amêndoas?