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Leitores: O abismo by Marcelo. Parte II e continua

Luís Santos* - 02/02/2023 - 10:09

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou num encontro da Fundação José Neves para a apresentação do “Pacto para mais e melhores empregos para os jovens”, afirmou da necessidade de obter acordos de regime, algo que disse ser “a coisa mais difícil de obter em Portugal”.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou num encontro da Fundação José Neves para a apresentação do “Pacto para mais e melhores empregos para os jovens”, afirmou da necessidade de obter acordos de regime, algo que disse ser “a coisa mais difícil de obter em Portugal”. 
Marcelo foi claro ao afirmar que Portugal estaria a caminho do abismo, se não existisse um mínimo de estabilidade, sendo esta a medida para a confiabilidade dos empresários e atores internacionais, essencial para a proliferação do investimento privado. 
A grande questão a colocar é se, neste momento, António Costa e este Partido Socialista serão verdadeiramente os melhores atores para a obtenção dos acordos de regime preconizados pelo atual Presidente da República. 
Em primeiro lugar, a questão política. Um ano depois de conquistar uma maioria absoluta, assistir a este apelo para a realização de acordos de regime é um sinal de fraqueza para a atual governação. Pressupõe-se que a maioria absoluta escolhida pelos portugueses, no passado dia 30 de janeiro de 2022, resolvesse politicamente a questão da estabilidade para os próximos quatro anos. Não resolveu. Aliás, esta maioria passou a ser o maior atestado de arrogância que há memória para o Partido Socialista. 
Em segundo lugar, este atestado de arrogância passou a ideia ao Partido Socialista de ser o partido do regime, dono e senhor do Estado, ao bom estilo Luís XIV. Muitos de nós, podem imaginar António Costa virado para um espelho a afirmar: “O Estado sou eu”. A pose com que se apresentou na capa da revista Visão, apenas indicou tal pressuposto. A prática dos últimos dias apenas confirma esta imagem. Sim, o Estado é ele e os seus acólitos. 
Acólitos investigados por decisões passadas. Em que cada decisão tomada, conforme diz o ditado popular, é uma minhoca encontrada. Foi nesta fita do tempo que Pedro Nuno Santos, o todo-poderoso ex-Ministro das Infraestruturas e Habitação e candidato a sucessor de António Costa na liderança do Partido Socialista se lembrou que, afinal, tinha dado anuência política  ao pagamento da respetiva indemnização de meio milhão de euros à ex-Secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis convidada por Fernando Medina. 
Tal e qual Maria do Céu Antunes, a ainda Ministra da Agricultura, que, com uma intervenção de João Moura, vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, colocou-se a nu, a incapacidade da ainda Ministra em realizar escolhas de qualidade, responsável pela nomeação da Secretária de Estado com o menor período de mandato da história da Democracia. Em 26 horas, sim, leu bem, vinte e seis horas, tomou posse e apresentou a demissão do cargo.  
Mas o último acólito foi deixado, propositadamente para o fim deste texto. Fernando Medina, o ainda Ministro das Finanças, o outro dos putativos candidatos à liderança do PS, apanhado num sem fim de situações pouco esclarecedoras, onde, no fim, diz que nada sabe. Como é possível, um Ministro das Finanças ter indicado para Secretária de Estado do Tesouro, alguém que recebeu uma indemnização de meio milhão de euros, passou pela liderança de uma empresa da área, trabalhou de perto com a esposa de Fernando Medina, a agora ex-responsável jurídica da TAP, mas disse que antes do convidar tinha falado com ela, duas vezes. Como disse na parte I deste artigo, uma vencedora da roleta russa de militantes do PS.   
Foram também notícia as buscas realizadas ao Município de Lisboa na sequência de um procedimento concursal para aquisição de uma consultoria de serviços para a gestão das obras em Lisboa. Onde nada sabe, nada diz, a não ser que escolheu a mesma pessoa para dirigir um grupo de trabalho, vencedora de uma adjudicação pedida pelo seu vice-presidente na altura, Manuel Salgado (para quem não se lembra, recordo, primo de Ricardo Salgado), umas semanas depois da nomeação.  
Numa investigação onde o outro visado, e segundo a Comunicação Social, constituído arguido, é o ex-presidente do Município de Castelo Branco, Joaquim Morão. Sobre este assunto, em específico, as próximas semanas, acredito que trarão novidades. Afinal, todas as semanas tem trazido novidades. 
Infelizmente, novidades que nos vão empurrando para um abismo mais profundo. O da descrença. Até ao dia em que Marcelo perceba que o fim do abismo está nas mãos dele. 

*Presidente do PSD Distrital de Castelo Branco 
Luis.santos@psdcastelobranco.pt 

 

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