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Avançar ou acabar… eis a questão

Florentino Beirão - 19/05/2016 - 10:50

Passados que são os dias envolvidos pelos populares e tradicionais três Fs – futebol, Fátima, e festivais – colocado um ponto final na novela “Dilma”, com um Brasil dividido ao meio, é altura de olharmos para a União Europeia (EU), a passar dias de grande turbulência política.

Cercada por inúmeros perigos e incertezas, hoje mais do que nunca, começa a colocar-se o problema da sua viabilidade política como a temos conhecido até hoje.

Terá esta Europa pés para continuar a andar ou, à beira do precipício, poderá ter os seus dias contados?

A esta complexa questão ninguém deverá ficar indiferente.

A recente celebração do Dia da Europa poderá ter tido o condão de acordar muitos cidadãos para esta realidade.

Queremos, cada vez mais e melhor Europa ou vamos caminhando no sentido de colocarmos um ponto final nesta experiência histórica, única no mundo?

Certo é que as nuvens se têm adensado, cada vez mais no espaço europeu, provocando graves turbulências, geradoras de instabilidade e incerteza.

Nestes fenómenos se inclui o drama dos refugiados, a ameaça do Brexit inglês, a ressaca da crise do euro, os diversos populismos xenófobos, agravados pela debilidade das lideranças políticas, nacionais e europeias.

A tudo isto se junta a crise grega, o terrorismo islâmico, os desafios da Rússia a leste, a falta de uma força militar conjunta, o elevado desemprego jovem e a estagnação económica. Não tem ajudado à solução destes graves problemas o crescente euroceticismo, a medrar nos 28 países que constituem a UE, bem como as divergências entre a França e a Alemanha.

Este clima, que cada vez mais se tem adensado na UE, segundo os estudiosos destas realidades, resulta da falta de debate político sério, constante e profundo.

Tentando resolver cada um dos problemas, caso a caso, desgarrados, sem debate político dos cidadãos, com a não eleita burocracia de Bruxelas a comandar os destinos dos países, e apenas com a Alemanha a ditar as regras do jogo, o resultado não podia ser outro.

O desencanto generalizado de uma grande parte dos cidadãos da UE.

Os tempos de uma paz duradoura e de prosperidade no seio da UE, sempre em crescendo, foi chão que deu uvas.

Se a geração mais idosa europeia vive muito melhor do que os seus pais e avós, o mesmo não se perspetiva para as novas gerações, ameaçadas pelo desemprego, pela instabilidade de vida e com sucessivos contratos a prazo, sem grandes horizontes à vista.

A taxa demográfica irrisória é um dos sintomas deste mal- estar difuso, em que ter filhos se tornou um pesado encargo para as novas famílias.

As soluções para estes intermináveis problemas que tocam os cidadãos e os países europeus, não parecem fáceis de encontrar e promover, quando cada país se encontra mais preocupado com o seu eleitorado do que com o conjunto dos países da UE.

Na realidade, como temos observado, as agendas internas dos líderes nacionais costuma sobrepor-se aos interesses do conjunto.

Veja-se o caso do acordo dos refugiados da Síria com a Turquia, cozinhado pela Alemanha de Merkel, não ignorando sobre o mesmo problema, o que se está a passar na Polónia, na Hungria com o erguer de muros.

A Áustria, a Holanda e França, a manterem-se renitentes na solução eficaz deste problema humanitário.

Barack Obama, na sua recente visita à Europa, num dos melhores discursos sobre a UE, proferido em Hannover, sublinhou que a sua construção era “um dos melhores triunfos políticos da era moderna”, o maior mercado do mundo.

A recente entrega ao Papa Francisco do prémio Carlos Magno, pelo Parlamento Europeu, oxalá seja um prenúncio de esperança por uma Europa mais unida na defesa dos seus valores genéticos: a paz, a solidariedade e o bem – estar dos seus cidadãos.

florentinobeirao@hotmail.com

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