O bispo de Portalegre-Castelo Branco apelou aos jovens para serem fermento da mensagem da Igreja na sua participação no dia-a-dia da sociedade. D. Antonino Dias presidiu à eucaristia que encerrou a Jornada Mundial da Juventude Diocesana, no santuário de Nossa Senhora de Mércoles em Castelo Branco, cidade para onde este evento, inicialmente previsto para Portalegre, foi transferido a poucos dias da sua realização.
O bispo começou por recordar que Jesus Cristo exerceu a realeza não tendo trono e exército e que fez a diferença “servindo e amando”. E cada um “é tanto mais identificado com Ele quanto mais souber exercer essa realeza na sua vida”, servindo os outros. Apoiando-se nas palavras do Papa Francisco, D. Antonino Dias trouxe para a reflexão o exemplo de São Paulo, que era “um jovem de causas, inteligente, com uma cultura vasta e que se orgulhava da sua origem” mas que na juventude entendeu que era dono da verdade e perseguiu os cristãos, tolhido pelo fanatismo. Foi depois de ser interpelado por Jesus a caminho de Damasco que percebeu que era frágil e não era dono da verdade.
“Não vos julgueis donos da verdade nem tenhais a vossa certeza naquilo que sabeis. Temos tanto para aprender e também a nível da fé e da nossa fidelidade ao Senhor e neste desejo de ajudar a construir um mundo melhor, mais assente na verdade”, afirmou na sua homília.
Para D. Antonino Dias “a juventude é um dom para toda a comunidade humana” e os jovens podem “ ser fermento no meio da comunidade humana, e como o Papa diz, na escola, na universidade, no trabalho, nas redes sociais. Onde quer que for, marcai a diferença”. Ainda citando a mensagem do Papa pediu aos jovens que se levantem pela justiça social, a verdade, a retidão, os direitos humanos, os perseguidos, os pobres, os imigrantes e os que não têm voz na sociedade, reconhecendo a terra como a casa comum e defendo a ecologia integral.
Olhando para dentro da diocese, D. Antonino Dias, afirmou que esta “seria diferente se os jovens ajudassem” e socorreu-se de uma resposta que leu nas redes sociais quando alguém questionou a falta de envolvimento da juventude na vida da Igreja.
“A Igreja será jovem quando os jovens forem igreja. Este é um desafio bonito e com certeza que está nos vosso corações”.
CAMINHO O encontro que decorreu em Castelo Branco no fim-de-semana é mais uma etapa no percurso até às Jornadas Mundiais da Juventude de 2023, em Lisboa. Em cada ano até à realização deste encontro será apresentada aos jovens uma proposta ligada ao verbo levantar. Este ano foi “Levanta-te e testemunha”.
“É um caminho que estamos a fazer em conjunto com toda a Igreja nacional. Há reuniões constantes entre comité organizador local em Lisboa e os comités organizadores diocesanos”, explicou ao Reconquista Maria Fernanda Luz, a responsável pelo Secretariado Diocesano da Juventude e Vocações de Portalegre-Castelo Branco. Um dos momentos altos desta caminhada acontece no próximo mês de fevereiro, quando a diocese receber os símbolos das jornadas mundiais, com destaque para a cruz mandada fazer pelo Papa João Paulo II, que fundou este encontro em 1985. Portalegre-Castelo Branco recebe os símbolos a 30 de janeiro das mãos de Évora e passa o testemunho à Guarda a 5 de março.
“Durante este tempo vai andando pela diocese, pelos vários arciprestados. Não poderá ir a todas as paróquias mas à partida irá às paróquias mais próximas”, garante a irmã Maria Fernanda Luz.
A realização das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa é um incentivo para os jovens que vivem a Igreja mas “queremos também chegar aos jovens que estão distantes e que querem caminhar connosco, mesmo sem fé”.
Questionada sobre os motivos que levaram a organização da Jornada Mundial da Juventude Diocesana a transferir o encontro de Portalegre para Castelo Branco a poucos dias da data prevista, Maria Fernanda Luz justificou que foi “uma série de circunstâncias que nos levaram a tomar esta decisão e aqui conseguimos organizar tudo num espaço mais aberto”. A justificação que começou por ser dada foi a pandemia, apesar de Portalegre ter uma incidência menor que a de Castelo Branco.
“Lá não tínhamos condições nem estávamos com condições de fazer por vários motivos. Decidimos acima de tudo não cancelar o evento, porque era importante que não fosse cancelado”.