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Leitores: Cantinho da Saudade. O meu contributo

Manuel Brás Venáncio - 13/04/2023 - 9:26

Respondendo ao apelo do Pina de Carvalho sobre a próxima Romagem de Saudade dos antigos alunos do Liceu Nuno Álvares de Castelo Branco, a ter lugar no próximo mês de Maio.

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Respondendo ao apelo do Pina de Carvalho sobre a próxima Romagem de Saudade dos antigos alunos do Liceu Nuno Álvares de Castelo Branco, a ter lugar no próximo mês de Maio, integrando ambos o mortificado «7.° ano do tufão», não venho lançar no «Cantinho da Saudade», de sua propositura, as agruras desse dia, ou os sustos que, posteriormente, a simples passagem de um avião em todos nós causava. Se me permitem, ouso, apenas, pôr em destaque duas particularidades curiosas desse tempo, que nem os ideais demasiado avançados, alérgicos á moral e à lógica, que há cerca de cem anos vêm dominando a nossa sociedade, ousam fazer abalar a inteireza de tais princípios. A primeira é a forma como eram dadas algumas aulas de Religião e Moral (disciplina obrigatória) pelo Padre Aurélio Granada Escudeiro, futuro bispo de Angra do Heroísmo, pedindo aos alunos para deixarem na secretária, escritas num papel, por forma incógnita, as questões de carácter moral, ético e religioso, que mais os preocupavam ou não compreendiam, para nas aulas seguintes serem desenvolvidos e explicados metodicamente. Era também uma forma de nos fazer interessar pela Disciplina, pois aguar-dávamos, com expectativa, as respostas não só às nossas perguntas como às dos outros colegas. Convenhamos, que era já um método ultramoderno. A outra faceta, não menos curiosa, diz respeito à mais antiga associação de estudantes do País, com intuitos caritativos, a Conferência Académica S. João de Deus, de Castelo Branco, orientada, ao tempo, por alunos perten-centes à Juventude Escolar Católica, que tiveram a feliz ideia de percorrer as ruas da cidade e pedir, junto dos diversos estabelecimentos comerciais, o favor de contribuírem com alguns géneros alimentícios, que, nesse fatídico ano, pudessem suavizar o Natal das pessoas mais carenciadas e a quem, por norma, já se prestava um singelo auxílio. A iniciativa não foi anunciada, surgiu de rompante e o Reitor, o albi-castrense Dr. Morão Correia, terá sido avisado que estudantes do Liceu anda-vam a fazer um peditório pela cidade, e veio procurar-nos para saber do que se passava. Alguém do grupo o avistou ao longe, e o então presidente da JEC teve a ideia de ir ao seu encontro e prestar-lhe os devidos esclarecimentos. Ao saber do motivo que nos movia, ficou surpreso e, dizendo que se sentia orgulhoso dos alunos por terem tido tão piedosa ideia, puxou da carteira e contribuiu generosamente. A JEC perdeu-se na voragem do tempo, nada é eterno e, por certo, o mesmo aconteceu à humilde “Conferência Académica S. João de Deus”, mas seria interessante que alguns dos atuais estudantes, ao lerem estas linhas, tivessem a ideia de ressuscitar tão benigna associação, já que, tanto como as Escolas Públicas, também é importante a Escola da Vida e uma das suas mais nobres disciplinas é, indubitavelmente, a Caridade. 
 

 

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