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Cantinho da Saudade: O meu Liceu

Eduardo Marçal Grilo - 02/03/2023 - 9:50

Entrei para o liceu Nun’Álvares em 1952. Tinha dez anos e juntei-me aos meus dois irmãos, a Teresa e o Luís que já o frequentavam havia uns anos.

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Entrei para o liceu Nun’Álvares em 1952. Tinha dez anos e juntei-me aos meus dois irmãos, a Teresa e o Luís que já o frequentavam havia uns anos. 
Confesso que o Liceu, que ficava a dois passos da casa dos meus pais, exercia sobre mim um certo fascínio. As histórias que os meus irmãos contavam atraíam-me e eu era um fã das equipas de voleibol do Liceu onde jogava o Luís que era um dos meus ídolos no mundo do desporto, mundo este a que eu sempre dediquei uma atenção muito especial, fosse futebol, ciclismo, voleibol ou hóquei em patins.
Depois foram sete anos em que se passou um pouco de tudo. Aulas, testes (que tinham a designação de pontos…), exames, Mocidade Portuguesa (conhecida por todos como “bufa”), paixonetas, namoricos, notas boas e razoáveis entremeadas com umas menos boas e grandes jogos de futebol e de hóquei em patins.
As aulas dividiam-se entre aquelas que eram dadas por  professores e professoras de quem eu gostava e outras dadas por aqueles que eu não suportava ou que, ao contrário, não engraçavam comigo.
O ensino era de qualidade e o grau de exigência era muito elevado. Por vezes tinha que se estudar muito para conseguir obter bons resultados
Tive professores que foram verdadeiros mestres e que se tornaram referências que me marcaram para o resto da vida.
Sem ser exaustivo recordo alguns daqueles com quem aprendi muito e que nunca irei esquecer: Ivo Cortesão, Francisco Lacerda, Maria José Sequeira, Cândida Reina, Maria Amália Furtado, Domingos Rijo, Moniz Rebelo, João Mansinho, Ludovina Barroso; mas também conheci alguns como o Dr. Almeida Esteves que nunca foi meu professor mas que era uma verdadeira referência para todo o Liceu e mesmo para a própria cidade. Este, além de um grande professor era um grande “Senhor”.
O liceu, era aliás, a instituição mais prestigiada e mais presente na vida da cidade. 
Bem sei que tínhamos o Governo Civil, a Câmara Municipal, o Tribunal, a Paróquia, as delegações do Banco de Portugal e do Banco Ultramarino, a Santa Casa da Misericórdia, os Colégios de Nossa Senhora do Rosário, de Nossa Senhora de Fátima e de Santo António que desempenhavam um papel relevante na sociedade albicastrense, mas o Liceu com os seus professores que eram as pessoas mais qualificadas da cidade e com os seus alunos que animavam a cidade com a sua presença nas ruas, nos cafés, nos bilhares, nos matraquilhos e no cinema, constituíam verdadeiramente o “nervo” que fazia a cidade vibrar naqueles tempos em que a cidade e o país era mais a “preto e branco” do que a “cores”, como é nos dias de hoje.
Pergunto a mim mesmo se tenho saudades desse tempo. Confesso que tenho, sobretudo dos amigos que aqui fiz ao longo destes sete anos.
Amigos que mantive posteriormente, mas que com as vicissitudes da vida, alguns fui deixando de ver enquanto outros infelizmente já nem sequer estão entre nós.
Foi um bom tempo que recordarei sempre com saudade mas sem tristeza. 
Devo muito ao Liceu Nun’Álvares que se localizava em Castelo Branco que é a minha cidade e a minha terra.
Nota final – não posso terminar esta minha nota sobre o Liceu Nun’Álvares, sem desejar as maiores felicidades a todos os Professores, Alunos, Psicólogos, Técnicos e Assistentes Operacionais que hoje integram o Agrupamento de Escolas Nun’Álvares. Espero ainda que este Agrupamento de Escolas continue a desempenhar na nossa cidade o papel de relevo que o Liceu Nun’Álvares conseguiu desempenhar em épocas não menos difíceis do que aquelas que se vivem hoje na área da educação.

Eduardo Marçal Grilo

COMENTÁRIOS

JMarques
No ano passado
1966.
Maria Rodrigues
No ano passado
Que saudades tenho dos anos que passei no liceu...
Inez Frade-Correia de Castro
No ano passado
Eduardo, não te lembras dos alunos da Escola Comercial e Industrial e dos alunos da Escola do Magistério Primário Particular de Castelo Branco? ... Não eram também estudantes da cidade!!?? ... Será isso falta de memória? ou sectarismo?....