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Leitores: Idanha-a-Nova. Carta aberta ao presidente da Câmara e aos presidentes das freguesias sobre a Saúde

Movimento Para Todos - 23/06/2022 - 9:47

Proposta de Assistência Médica no Concelho de Idanha-a-Nova.

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É sobejamente conhecida a preocupação do “Movimento Para Todos” em relação ao défice de assistência médica no Concelho.
Desde o primeiro dia de “Movimento Para Todos”, este assunto assumiu a maior relevância na nossa agenda, uma vez que, atendendo às suas características específicas, rapidamente compreendemos que a Saúde é uma prioridade para a população que queremos servir. E para nós são as necessidades das pessoas que orientam e motivam a nossa actuação política, e não o inverso.
Bem diferente tem sido até aqui o entendimento do Município, para quem a Saúde tem sido tratada num plano muito secundário e como se fosse um negócio. Basta ver como são mencionados os protocolos alegadamente realizados com a Administração Regional de Saúde, que ainda ninguém viu, e dos quais ainda ninguém beneficiou, ou os contratos milionários realizados com companhias seguradoras, que são as únicas a tirar proveito chorudo da pretensa preocupação do Município com a saúde da população. 
O Movimento Para Todos, ao contrário, tem ouvido atentamente as pessoas e já percebeu que esta visão da Saúde não serve as suas necessidades. Poderíamos dar diversos exemplos dos testemunhos que fomos recolhendo e que ilustram aquilo que dizemos. Recordamos apenas uma conversa, de entre as muitas que se repetem.
«Boa tarde…
Então ? estão a plantar alfaces ?  moram aqui ? têm um quintal muito bonito…. 
Boa tarde…
Olhe…, já estamos os dois reformados, temos aqui casa, gostamos muito disto e os nossos filhos e netos também…, e temos que dar vida ao quintal. 
Então já cá moram sempre…?
Não…, vamos e vimos. Estamos em Lisboa. Gostamos muito disto, mas não podemos vir para cá morar.
Então, mas porquê? Aqui é que têm qualidade de vida.
Pois temos…, mas falta cá muita coisa.
Como assim?
Para começar, não temos médico?!
E já se sabe que, com a nossa idade, temos que estar descansados na saúde. Lá temos tudo, e médicos cada vez que precisamos. Vimos cá à terra algumas vezes por ano, estamos cá algum tempo, mas mudar para cá, com estas condições, não está nos nossos planos. É que mesmo que quiséssemos ir a um médico a outro sítio, nem sabemos onde e nem transporte organizado temos nesta terra. Ninguém quer saber das aldeias.
Então e já falaram para a Câmara ou na Junta para saber disso, dos médicos?
Sim, já falámos, mas…, ou não atendem, ou passam de uns para os outros e ninguém sabe nada.
Mas já ouviu falar dos médicos das carrinhas…?
Não me faça rir…! Isso é lá forma de tratar as pessoas? Parecem os homens do mercado, de terra em terra!
E se queremos algum exame ou algumas análises, ainda temos que pagar tudo! 
Sabe, há aí tanta coisa para fazer e até parece que não têm onde gastar o dinheiro…, 
Acha que sim…?
Olhe, logo agora temos uns exames para fazer, eu e a minha mulher, já vamos embora para a semana e só voltamos no início do verão. Se cá tivéssemos tudo, não íamos!
Então e as alfaces?
Vem cá uma prima minha a regá-las!
Então até à próxima e boa saúde.
Obrigado igualmente.
Pode ser que a gente se encontre depois, que havemos de falar aí umas coisas.
Este é um excerto de uma conversa, numa aldeia do Concelho de Idanha-a-Nova. Não é ficção: é a mais pura realidade. E são justamente estas pessoas que importa ouvir, em vista a dar resposta aos seus anseios, às suas preocupações, numa palavra, às suas necessidades.
Estas opiniões são do perfeito conhecimento do Sr. Presidente da Câmara e dos Senhores Presidentes de Junta, a quem chegam, quase diariamente, comentários desta natureza. Sem margem para dúvidas, a Saúde é uma das preocupações capitais de quem mora nas nossas aldeias. E é precisamente a questão da Saúde que mais tem levantado críticas dos munícipes. Sem rodeios, temos de assumir, de uma vez por todas, que não temos médicos, nem serviços de saúde associados, suficientes para as necessidades do Concelho. E não podemos usar a desculpa de que esta situação se verifica a nível nacional, para alimentar o sistema, tal como está. E, sem rodeios, também temos de assumir que a solução comprada a peso de ouro pelo Sr. Presidente do Município, não satisfaz os munícipes, porque se gastam centenas de milhares de euros, que não garantem a devida assistência, no tempo e com a qualidade necessária.
Passado um ano sobre tal solução, sabe-se agora o que já se adivinhava: o cartão de saúde não correspondeu às expectativas. E se não correspondeu, tenhamos a humildade de assumir a necessidade de mudar de paradigma. Na cartilha da solidariedade, uma das alíneas importantes é assumir os erros, em defesa do próximo, quando se verifica que as soluções encontradas não servem. 
Com efeito, a aquisição de cartões de saúde para todos, não serviu as necessidades das pessoas: por um lado, os cartões não foram para todos, pois dos 8600 cartões efectivamente pagos pelo Município, apenas foram distribuídos cerca de metade. E dessa metade quantos foram efectivamente usados? Ninguém sabe! Por outro lado, a qualidade e a garantia de um bom atendimento ficou aquém do desejável. Este cartão não garante uma efectiva assistência na saúde. Em resumo, esta solução não serve, nem qualitativamente, nem financeiramente.
Agora sabemos que esta medida teve apenas um propósito: propaganda política, para as eleições de 2021. Serviu também para engrandecimento do ego, do Sr. Presidente da Câmara, mas serviu, sobretudo, os interesses de seguradoras e mediadores patrocinados.
Por muitas voltas que se dê, a verdade é apenas uma: no concelho de Idanha-a-Nova não há médicos de família, nem assistência médica para todos. E o que se conseguiu com o cartão de saúde foi apenas escamotear uma realidade, esgotando ainda mais os já por si fracos recursos da população.
Não é verdade que, atempadamente, haja consultas nas freguesias! Não é verdade que as Extensões de saúde estejam abertas para as consultas! A verdade é que há uma carrinha que passa nas freguesias, quando calha! A verdade é que essa carrinha transporta um médico, nem sempre o mesmo, o que não tranquiliza nem satisfaz os utentes! É verdade também que são as Juntas de Freguesia a gerir as listas de candidatos a consultas, sem que essa seja a sua competência ou missão! A verdade, nua e crua, é que este serviço ambulante, não é o serviço de saúde que os nossos munícipes necessitam e merecem. Não é digno, não é eficaz, não resolve os problemas das pessoas. 
Sr. Presidente do Município, Senhores Presidentes das Juntas e Uniões de Freguesia:
Foi dada a conhecer recentemente a proposta alternativa do “Movimento Para Todos”, para resolver esta questão, proposta essa devidamente explicada e justificada, e que agora gostaríamos de reforçar, sendo certo que o Movimento não é dono da verdade, pelo que aceita que haja outras ideias, com objectivo de bem servir, e por isso apela a que também elas sejam dadas a conhecer.
O que propomos não é um modelo de negócio, para encher os bolsos de seguradoras à custa das necessidades da população. Pelo contrário, é uma medida concreta, abrangente, ao serviço de todos. O que propomos é a criação de duas equipas médicas municipais permanentes, para dar cobertura ao concelho de Idanha-a-Nova.
Sabemos que nem sempre é fácil atrair e fixar recursos humanos capacitados na nossa região, atentas as políticas de desinvestimento verificadas nas últimas décadas, por parte da administração central do Estado, com o silêncio cúmplice das autarquias locais, que agora assobiam para o lado, procurando alijar as suas responsabilidades.
Por isso, propomos que as duas equipas médicas, compostas por médicos e enfermeiros, disponham de habitação própria a facultar pelo Município.
Para além disso, as equipas médicas contarão ainda com a colaboração de pessoal auxiliar administrativo, e ainda com duas viaturas ligeiras devidamente equipadas, com meios técnicos, de saúde e informáticos.
Essas equipas médicas poderão prestar atendimento e consultas nas Extensões de Saúde, com a necessária interligação ao SNS, garantindo a devida dignidade e privacidade do acto médico ou de enfermagem.
Não cremos que um modelo desta natureza seja difícil de implementar. Haja vontade de servir, e tudo valerá a pena. E faz sentido ensaiar um modelo de custos, para o comparar com o modelo actualmente implementado, de cartão de seguro de saúde.
Vejamos: Modelo mensal:
2 médicos a 3500,00€ = 7000,00€; 2 enfermeiros a 2500,00€ = 5000,00€; 2 assistentes a 1200,00€ = 2400,00€
2 viaturas em renting x 1250,00€ = 2500,00€; Combustíveis 2 x 1000,00€ = 2000,00€; Equipamento diverso 3000,00€  (no 1º ano). TOTAL mensal 21.900,00€
Total anual  262.800,00€
(pouco mais de 1% do orçamento municipal para um ano)
Será que é gastar muito, atribuir 1% do orçamento municipal anual à Saúde?
Não contabilizamos as obras de reparações em extensões de saúde, pois o Município já tem actualmente esse encargo, nem as casas para médicos e enfermeiros, pois o Município tem casas e tem que as reparar. E as viaturas não serão grande encargo, pois todos sabemos que neste momento algumas viaturas estão distribuídas, nem se sabe muito bem a quem, nem para quê.
Em termos de serviços, poderíamos considerar o seguinte modelo:Dividir o concelho em duas partes (norte/sul) e cada Equipa fazia as consultas a cada duas semanas. Tendo 24 locais de consulta, cada equipa ficaria com metade delas, ou seja, com 12. Tendo também em conta que em duas semanas há 10 dias úteis, a rotatividade permite que, em cada duas semanas, haja médico em cada um dos locais.
Sendo suficiente permanecer meio dia em cada local de consulta, permite articular a presença, com as folgas do pessoal e ainda sobra tempo, para formações dos quadros técnicos e outros serviços, se necessário.
Esta é, portanto, uma solução que se apresenta muito mais económica e próxima das pessoas. Haverá outras propostas, como é óbvio.
Ainda se poderá acordar a articulação destes serviços com laboratórios de análises, para evitar deslocações dos utentes. Ainda se pode articular com fornecedores de medicamentos, chegando estes sempre a horas, a cada localidade. Poderia também haver articulação com serviços de especialidades, tais como nutricionismo, oftalmologia, medicina dentária, e/ou outras valências.
E, repetindo o que já foi dito…, haverá seguramente outras propostas melhores. Mas se o Município contrata técnicos de várias áreas, pode perfeitamente contratar técnicos da área da saúde: médico(a)s e enfermeiro(a)s. E se contratar técnicos da área da saúde, isso significará que os munícipes do Concelho de Idanha-a-Nova terão assistência na saúde, em qualquer que seja a extensão de saúde, em qualquer que seja a freguesia e em tempo previsível.
Isto, sim, é colocar recursos e meios ao serviço dos munícipes. Isto, sim, é criar atractividade no concelho. Isto, sim, seria tomar decisões empreendedoras.
Uma coisa é certa. Esta medida é apresentada agora pelo “Movimento Para Todos”, mas ela não é propriamente uma novidade, uma vez que este modelo já existiu no nosso concelho, nas décadas de 1960 e 1970, como seguramente se recordarão os mais velhos e todos aqueles que contactaram com o Gabinete Técnico/Consultório então existente no edifício dos Paços do Concelho. 
E falando de Protocolos com o Ministério da Saúde/ARS, temos a convicção de que com um modelo da natureza do que aqui apresentamos, não seria difícil de os obter, pois este modelo dá garantias de futuro, tranquiliza os utentes e alivia os cofres públicos. Assim sendo, Senhor Presidente da Câmara e Senhores Presidentes das Juntas e Uniões de Freguesia, o “Movimento Para Todos” fará a divulgação desta Proposta de Solução, na expectativa de que seja revisto o modelo existente, a bem do interesse dos Munícipes.
Este Movimento está também, como sempre esteve e estará, disponível para fazer parte das soluções e não da criação de obstáculos.
Para quem ler este documento e se quiser pronunciar sobre o mesmo, complementando o que foi exposto, poderá fazê-lo através do endereço eletrónico  movimentoparatodos2021@gmail.com, ou junto de qualquer dos nossos representantes nas várias freguesias, ou junto dos nossos Vereadores eleitos.


“Movimento Para Todos”, dando voz à saúde que todos merecem.

 

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