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Leitores: Castelo Branco, afinal havia... estratégia

Luís Correia - 07/06/2023 - 9:44

"É que nem foi preciso esperar muito tempo sobre a publicação do artigo de opinião sobre esta matéria, de minha autoria, para que, de uma forma factual, a realidade se impusesse (...)".

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Afinal havia Estratégia.
É que nem foi preciso esperar muito tempo sobre a publicação do artigo de opinião sobre esta matéria, de minha autoria, para que, de uma forma factual, a realidade se impusesse e tornasse evidente que nos dois últimos mandatos autárquicos havia Estratégia.
Nem foi preciso verbalizar nada, nem contra-argumentar.
No passado dia 31 de maio, na apresentação aos jornalistas do novo Parque Urbano da Cruz de Montalvão, a arquiteta responsável pelo projeto começou a sua intervenção dando os parabéns à Camara Municipal de Castelo Branco pela sua visão estratégica que levou à concretização deste projeto.
Sim, porque este novo parque não foi decidido de qualquer forma. Foi pensado e planeado, e é um projeto integrado no objetivo que então designámos “Castelo Branco – Cidade Verde”.
Conscientes de que não há um elemento natural que marque Castelo Branco, um rio ou uma serra, por exemplo, quis-se levar a natureza que rodeia a cidade até quase ao seu centro, marcando desta forma a urbe albicastrense. Pensando-se também desta forma, nas alterações climáticas.
Foi assim que foram planeados e concretizados os seguintes espaços verdes: o agora (finalmente) inaugurado Parque Cruz Montalvão, prolongando assim o Parque Urbano já existente e levando a natureza praticamente até ao centro da cidade, o Parque do Barrocal, a Zona Verde na área da antiga metalúrgica, (estes dois últimos parques asseguram a incursão da natureza até à Avenida Nuno Alvares), a Quinta do Chinco na Carapalha, a Quinta do Moinho Velho no Cansado, e o vale junto à Rotunda Europa (este ainda não concretizado).
Quanto a este último Parque, do vale da Rotunda da Europa, é de lamentar que o atual executivo tenha parado o concurso de ideias, que já tinha sido lançado. É mais um exemplo do seu objetivo principal: cortar, arrasar, com tudo o que vinha do passado. Prática que só prejudica os albicastrenses, mas que demonstra muito (quase tudo) sobre a atuação do atual Executivo. Tanto assim é, que passado mais de um ano da anulação do concurso nada aconteceu…
Mas voltemos à estratégia.
Todos estes espaços cumprem não só uma perspetiva de política urbanística, de diferenciação da cidade, mas integram outros objetivos, de outras políticas, pois só assim é que podemos dizer que havia Estratégia.
Alguns exemplos: 
O Barrocal, um projeto tão contestado inicialmente e que depois recebeu relevantes e conhecidos prémios internacionais, pretendia também cumprir objetivos educativos, sobretudo ligados ao Ambiente, mas também ao Turismo de Natureza.
A Quinta do Chinco, que integra um projeto de hortas urbanas e comunitárias, com sucesso mais que comprovado, mas que cumpria também objetivos na política de Educação, recebendo muitas vezes os alunos das nossas escolas.
O Parque Urbano da Cruz de Montalvão, que para além dos objetivos referidos, tem o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida aos albicastrenses, com um espaço de excelência para o lazer, desporto ao ar livre, mas sobretudo como espaço para atividades de dinamização comunitária, culturais e educativas. Para isto, foi construído ali um espaço, uma sala de apoio a estas atividades.
Também por isso, foi confrangedor ouvir as palavras de inauguração do Senhor Presidente quanto a estes temas. Em primeiro lugar porque insiste na tónica “do passa culpas”, que já não convence ninguém, depois porque se atreveu a um quase puxão de orelhas aos albicastrenses, a propósito do civismo – ou falta dele - na utilização do espaço. 
Percebe-se a preocupação do Sr. Presidente quanto à falta de civismo tantas vezes manifestada no uso dos espaços e equipamentos públicos. Mas não é com discursos de moral e bons costumes, num ato inaugural, que se mudam comportamentos e se sensibilizam consciências.
É curto. 
O que eu, o que os albicastrenses querem saber é o que vai fazer para colocar o parque urbano ao serviço da população, que atividades vai concretizar, até para promover ações que incentivem o comportamento cívico de todos. 
Com este parque é tempo de darmos um salto para mais e melhores atividades como, por exemplo, o programa “Acerta o Passo”, que já existe na zona de lazer. 
Perceber-se-á, por tudo isto, o quão confrangedor, no momento da inauguração, foi também ouvir falar da possibilidade de utilização deste espaço para apoio a festas de anos! Definitivamente, merecemos mais.
Na verdade, os albicastrenses já perceberam que o Parque Urbano da Cruz de Montalvão é um investimento que integrou, uma estratégia de desenvolvimento bem definida. 
Até podia ter havido outra estratégia que não esta. Por exemplo, ter ali sido concretizado um loteamento urbano. Mas não. A nossa Estratégia não passava por ter mais cimento. E neste caso houve, inclusive, a coragem de ir mais além, de utilizar todo o espaço para um parque urbano verde, enfrentando algumas críticas, algumas vindas até de dentro do próprio Partido Socialista…
Sem tirar qualquer desprimor a quem teve a capacidade de criar oportunidades e abrir perspetivas, antes disto, o que se pode dizer é que Estratégia existe e é definida quando se decide o caminho a seguir, quando se definem as políticas e o tipo de objetivos a atingir. 
O que vale, e como já afirmei, é que os albicastrenses não são acéfalos.
Mas mais que discutir o passado, gostávamos de conhecer a estratégia atual. Gostávamos de conhecer a estratégia, as políticas, o presente e o futuro do nosso Concelho. Que fosse efetivamente discutido tudo isto. Mas não conseguimos perspetivar o caminho que estamos a levar.
Gostaria de pensar que esta seria a última vez que escreverei sobre Estratégia de desenvolvimento para Castelo Branco e para o Concelho.
Mas pelo andar da carruagem, o mais certo é ter de voltar ao tema para refletir sobre o caminho que Castelo Branco está a seguir.
Luís Correia

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