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Leitores: É Carnaval, mas os albicastrenses levarão a mal

João Patrício - 11/03/2022 - 9:38

O Carnaval é, por excelência, uma época frutífera para a multiplicação de episódios caricatos, onde as fronteiras entre os assuntos sérios e risíveis se esbatem mais tenuemente do que em qualquer outra.

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O Carnaval é, por excelência, uma época frutífera para a multiplicação de episódios caricatos, onde as fronteiras entre os assuntos sérios e risíveis se esbatem mais tenuemente do que em qualquer outra. Será desejável, não obstante, que não se comprometa a seriedade de procedimentos e debates que têm implicações no futuro de todos nós. 
Mas conte-se a história começando pelo seu princípio.
Foi proposto na última reunião ordinária de Assembleia Municipal que pudessem ser incluídas na discussão a apreciação, deliberação e votação referentes aos Pontos 8, 9 e 10*, que, de acordo com o regimento, careciam do aval de dois terços dos membros para poderem ser aditados à Ordem do Dia. O espetáculo orquestrado posteriormente à apresentação desta proposta resultou, então, num capítulo sem precedentes na História deste nosso órgão autárquico.
Os deputados do grupo municipal do Sempre - Movimento Independente juntaram-se aos da extrema-direita que o Partido Chega representa, somando-se os votos contra das duas bancadas para bloquear a possibilidade de tomada de decisão por parte do executivo camarário a respeito de matérias de significativa importância para as Freguesias e, de forma transversal, para todos os munícipes.
Assim, caíram, mais uma vez - e com estrondo - as máscaras àqueles que procuraram disfarçar-se de atores políticos imbuídos de um espírito de construção de soluções, pretensamente empenhados na resolução dos problemas dos albicastrenses. Ao mais tímido vislumbre de uma oportunidade de protagonismo, preferiram rasgar imediatamente as vestes de politicamente responsáveis e provam, de forma a que não reste margem para dúvidas, que o seu interesse não é o de trabalhar ao serviço da comunidade, mas sim boicotar a ação de quem tem por missão fazê-lo e que ganhou esse direito nas urnas.
A decisão tomada, embora sirva certamente ânsias de mediatismo e sacie ímpetos revanchistas, tem consequências para as Juntas de Freguesias e para as Associações, o que ainda reveste de contornos mais rocambolescos a situação, já que, precisamente na mesma reunião, dois deputados do Sempre - Movimento Independente clamaram por apoios a essas mesmas Associações para, escassos minutos depois, obstarem, através do sentido de voto adotado, a que os mesmos fossem decididos e cumulativamente atribuídos com a recomendável celeridade. 
Mais ainda, descartaram-se com estas decisões as implicações ao nível da concessão dos serviços de transporte, da energia e em diferentes níveis de intervenção, designadamente comprometendo-se a informação à Direção Geral das Autarquias Locais no devido prazo acerca da aceitação da transferência de competências do domínio da ação social. É exatamente por decisão dos deputados do Movimento Sempre e do Partido Chega, que deverão assumir as suas responsabilidades perante os albicastrenses, que a Câmara Municipal não pode assim cumprir o legalmente estabelecido. 
Enquanto cai o pano, fica para memória futura que deputados municipais eleitos para defender Castelo Branco obstruem avidamente a possibilidade de atuação da Câmara Municipal e impedem que esta trabalhe em prol do concelho, no estrito cumprimento da Lei e à imagem do que tem sido a prática de qualquer Executivo Municipal no passado. 
Entrudo, os que têm dificuldades em conviver com o sistema democrático desfilaram de mãos dadas com os que ainda parecem ter dificuldades em conviver com os resultados das últimas eleições autárquicas para, de forma consciente, provocatória, pese embora irresponsável, boicotarem a discussão de iniciativas que poderiam impactar positivamente a vida dos albicastrenses.

*Discussão e votação da proposta de “1.ª Alteração Orçamental Modificada (Revisão) e às Grandes Opções do Plano e orçamento do ano de 2022”, Discussão e votação da proposta de “Adesão à Sociedade Histórica da Independência de Portugal” e Discussão e votação da proposta de “Transferência das Competências do Domínio da Ação Social. Prorrogação do Prazo para Aceitação”, respetivamente. 

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