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Leitores: Castelo Branco. E uma feira da droga?

António Abrunhosa - 24/04/2019 - 11:00

Só pode. A única explicação que descubro para o que relato a seguir, é os políticos que mandam na nossa cidade não terem filhos ou já não terem filhos adolescentes ou jovens.

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Só pode. A única explicação que descubro para o que relato a seguir, é os políticos que mandam na nossa cidade não terem filhos ou já não terem filhos adolescentes ou jovens.

Todas as mães e pais de Castelo Branco, sabem, há décadas, que existe em Castelo Branco uma enorme condescendência para com o escândalo da venda de tabaco e álcool a menores de idade. Todos ouvimos jovens de dezasseis, treze ou mesmo doze anos contarem como foram à discoteca no fim-de-semana onde beberam vários shots  de álcoois pesados e até absinto. Bastava passar pelas portas dos bares ou discotecas abertos até às duas, três ou mesmo seis da manhã para ver raparigas e rapazes com muito menos de dezoito anos com copos de bebidas alcoólicas na mão. Na rua do Relógio é, por vezes, muito difícil passar em noites de fins-de-semana, dada a quantidade de menores que fizeram dessa rua o seu ponto de abastecimento de álcool.
Tudo isto é ilegal mas, como se sabe, as leis neste país são para cumprir com calma e esquecer quando convém. À conta disso todos os anos ouvimos histórias de menores atendidos no hospital em coma alcoólico.

Se isto já era preocupante, o que fui ouvindo de relatos diversos nos últimos meses é bastante mais assustador.
Como o Expresso noticiou em dois artigos recentes, o tráfico e o consumo de droga em Portugal dispararam nos últimos dois anos. Os artigos salientam o papel de Portugal como porta de entrada da droga sul americana e africana para a Europa, mas quase ignoram o papel dos pontos de passagem da mesma droga no interior do país. Há décadas que qualquer estudante do secundário de Castelo Branco, já não falando do Politécnico, sabe que pode obter a quantidade que quiser de qualquer variedade de drogas ou pastilhas, desde que tenha dinheiro. São conhecidos numerosos casos de rapazes e raparigas com vidas promissoras completamente arruinadas pela facilidade com que os traficantes lhes põem nas mãos drogas, das leves às pesadas. Mas as histórias que fui ouvindo de jovens de treze aos dezasseis anos a consumirem haxe ou “erva”, a passarem rapidamente para a coca e a fazê-lo quase em frente de toda a gente, são assustadoras. Mais assustadoras são as histórias de miúdos de dezoito, dezassete e dezasseis anos que traficam tudo isto, até á porta das escolas, sendo conhecido um com dezassete que é já um traficante estabelecido com capital e meios que sugerem um futuro próspero no negócio. Já não estamos a falar de álcool mas de hábitos e viciações muito mais difíceis de abandonar e muito mais destrutivos de vidas e carreiras.
Se eu que pouco saio e não frequento a “noite” sei tudo isto, é de supor que a Policial Municipal, a PSP, a GNR, o Tribunal, a Junta de Freguesia e a Câmara Municípal têm a obrigação de saberem muito mais. É mais um caso parecido com o do receptador de material roubado que se desloca com um grupo de ciganos aos locais onde roubam, que as autoridades conhecem perfeitamente e que continua alegre e abertamente a tratar dos seus “negócios”. Suponho que não estamos ainda numa situação como a referida no caso do Expresso, em que dois inspectores da PJ trabalhavam para o cartel Papi da Colômbia, mas que há demasiada tolerância, há.
Com o fim do Governo Civil deixou de existir uma instituição que pudesse coordenar a luta contra este desastre anunciado. É assim natural que nos viremos para a Câmara, única entidade capaz de reunir e chamar a atenção das autoridades envolvidas. 
A Câmara tem assim dois caminhos:
Ou ataca o mal pela raiz, exigindo o cumprimento das leis existentes e garantindo o controle regular do funcionamento legal dos bares e discotecas.
Ou decide manter-se impávida e fingir que nada tem a ver com o assunto. Nesse caso, sugiro que aproveite a onda e use as infra-estruturas existentes na cidade para ajudar os traficantes e os drogados: promove a plantação de “erva” nas hortas do Chinco, abre um curso de empreendedorismo para jovens traficantes na incubadora de empresas, põe o CATAA a identificar as variedades de drogas mais puras, faz um curso pós-alucinatório na Fábrica da Criatividade, oficializa a área de fumação e chuto que já há no Barrocal e calendariza uma feira local da droga, algures entre a do feijão frade e a das papas de carolo. Pensando melhor, pode mesmo criar o domingo das drogas, uma semana depois do das velharias. E porque não, subsidiar um desconto na “bolota” e no “pólen” para os turistas que utilizem o comboio cultural?
Como disse no princípio, para quem não tem filhos ou já os tem fora de cá, até pode correr bem.

Para quem cá tem filhos adolescentes ou jovens é melhor começar a pensar em mudar de cidade.
 

COMENTÁRIOS

Joaquim Delgado
à muito tempo atrás
A proibição nunca gera bons resultados. Apostar em formação dos jovens (o que é, que mal faz, efeitos secundários, etc etc) penso que seja mais eficaz. E sim, tenho um filho e uma filha ambos menores de dezoito anos. E tenho feito a minha função de informar correctamente. E acho que esta é uma excelente cidade para os jovens.
jmarques
à muito tempo atrás
Concordo, incluindo com a do receptador, mas como sabe, há coisas que toda a gente sabe e vê, só as autoridades é que não.
Anónimo
à muito tempo atrás
Vivi e estudei em CB vários anos. Consumi quanta droga quis, e ainda bem que existia um mercado bem estabelecido. Mudei para a Covilhã, onde também estudei, e o mercado era ainda maior, melhor dirigido e abastecido. E ainda bem. Nunca faltou nada. Mudei depois para outra grande cidade do norte do país. A situação era idêntica. Conheço a realidade de outras cidades, de norte a sul, e é semelhante. Portanto, não é só em CB, mas em todo o país que se verifica o que se descreve acima. Urge solucionar o problema, e a proibição e abordagem bacoca (como a deste artigo) em nada ajudam.
Bruno
à muito tempo atrás
Sr. António Abrunhosa que há excessos e problemas na cidade ninguem nega,mas não me parece que seja uma abordagem em primeira pessoal e tão radical como a que decidiu usar que vá melhorar algum problema dos que foram mencionados.
A isto chamo falta de profissionalismo e sensibilidade não só da sua parte como dos responsáveis que o empregam como também mandaram esta publicação para o ar.
Alexandre Rebelo
à muito tempo atrás
O flagelo maior é o Álcool, esse sim a verdadeira droga... Só que é legal. Como referiu montes de jovens em risco por coma alcoólico... A proibição nada faz (conhece a lei seca nos Estados Unidos? Pesquise... Mostra o que a proibição faz...). A educação e formação sim, podem fazer a diferença... Em relação à droga dita ilegal, só com formação também lá vai...

A sua abordagem é errada... Lamento discordar, mas o senhor António não está preparado para lidar com jovens... Quer passar a sua responsabilidade para o executivo camarário ou autoridades.
Anonimo
à muito tempo atrás
Infelizmente sou da mesma opinião do Sr.antonio abrunhosa .e mais não posso dizer.
Antônio
à muito tempo atrás
Cada um é livre de dar a sua opinião, o sr Abrunhosa deu a sua. Eu discordo da sua... Aliás achei todo o texto uma completa falácia. Tenta passar para o executivo camarário ou autoridades a educação dos jovens? Quer que os jovens sejam presos por fumar uma ganza ou beberem um copo? Informe e eduque por favor ... Viage, leia, conheça outras realidades por favor. Mente muito fechada e retrógrada a sua...
Márcio
à muito tempo atrás
Na minha opinião, de homem que viveu na sua juventude o flagelo das drogas duras in loco nos anos 90 (vários amigos foram apanhados nessas teias), actualmente esse problema das drogas foi muito minimizado devido à informação. Os jovens actualmente passam ao lado da heroína e opiáceos - esses sim os destruidores de vidas.

O flagelo que vejo actualmente passa pelo Alcóol e Tabaco. Estas sim são as verdadeiras drogas que matam! O Tabaco - cada vez mais viciante, provocador de cancro e arruinador de carteiras. Legal, contudo altamente mortifero e viciante. O Alcool - arruinador de lares, viciante, provocador de acidentes... Só com informação acerca destes maleficios conseguiremos ter as novas gerações mais saúdaveis. Em relação às outras drogas... bem não fazem, mas também não vejo ninguem a estragar a vida por fumar erva ou meter uma pastilha ao fim de semana...
António
à muito tempo atrás
Parece me a mim que o artigo todo está sujeito a algo que passa despercebido no mesmo. Discordo totalmente eu tenho uma filha menor é sempre vivi nesta cidade e já no meu tempo havia estes problemas, cabe aos pais educarem os filhos e estarem atentos à vida deles, a certa altura refere que jovens com 12, 13 e 16 anos nas discotecas...... mas algum pai responsável deixa uma criança com 12 ou 13 anos ir à discoteca ou andar na rua até altas horas da noite, por mais que a cidade seja segura??!!! Está a incutir responsabilidade a quem não a tem a educação e formação é em casa e não são as entidades oficiais, se um pai uma mãe não liga não educa o seu filho quer que seja o estado a fazê-lo?? Abraço