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Castelo Branco: Morreu António Esteves, dono do Café Beirão

Reconquista - 23/09/2021 - 11:05

O Reconquista recorda a reportagem de 2005 quando ali saiu um segundo prémio no Euromilhões.

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António Esteves em 2005 junto à máquina que deu a boa sorte. Foto arquivo Reconquista

António Lopo Esteves faleceu esta quinta-feira aos 84 anos.

Natural de São Miguel D´Acha, em Idanha-a-Nova, era dono do Café Beirão, um dos espaços mais emblemáticos da cidade de Castelo Branco, situado junto à Sé.

O funeral realiza-se esta sexta-feira, dia 24, pelas 9H45, para o complexo funerário de Castelo Branco, ficando em câmara ardente na capela de São Marcos.

 

O Reconquista recorda a reportagem feita em setembro de 2005 pelos jornalistas João Carrega e Cristina Mota Saraiva quando foi registado neste espaço um segundo prémio no Euromilhões, que saiu a oito funcionários do Estabelecimento Prisional de Castelo Branco.

Reportagem publicada no Reconquista de 30 de setembro de 2005

Oito funcionários do Estabelecimento Prisional de Castelo Branco demoraram a acreditar que o segundo prémio do concurso Euromilhões lhes tinha saído. Cada um dos oito elementos da sociedade receberá cerca de 140 mil euros (28 mil contos) e agora deitam contas à vida, enquanto as instituições bancárias lhes oferecem os seus serviços. O café Beirão foi o local talismã para os afortunados (ver peça ao lado), os quais preferem manter o anonimato.

Um dos elementos da sociedade diz mesmo que “a pontaria quase foi plena. Na estrela que falhámos. Saiu o número quatro e nós tínhamos lá colocado o três”. A chave vitoriosa (1, 26, 31, 34, 47, + 4, 9) foi feita de forma automática pela máquina de registo das apostas. “O homem é que faz a máquina, mas neste caso foi a máquina que orientou o homem”, referia outro dos premiados, que com os seus 52 anos, lembrou que a aposta semanal é de dois euros a cada um dos elementos do grupo, sempre com chaves diferentes.

A notícia da sorte grande entre os oito elementos correu depressa. “A filha de um dos nossos colegas viu o sorteio e deu o alarme. Nessa altura estava a ver o jogo do Benfica e se estava nervoso, mais nervoso fiquei”, explica um dos elementos mais novos do grupo. Só no dia seguinte, pela manhã, é que aquele afortunado deu a boa nova a outros elementos. “Perguntei-lhe se ele se tinha deitado e se era por estar com os copos que estava a dizer aquilo”, recorda o membro mais velho da sociedade. “Mas depressa percebi que tanto ele estava sério como a conversa era verdadeira, o que constituiu uma boa prenda de anos, pois completei 52 na passada quarta-feira”, acrescenta.

Semanalmente aquele grupo faz oito apostas e apenas joga em conjunto no Euromilhões, embora quase todos os seus elementos também joguem no Tototoloto, ainda que a título individual ou noutros grupos. “As apostas são feitas sempre no café Beirão, na sexta-feira às 13 horas”, diz quem meteu o boletim.

Ir a Lisboa buscar a nota

A ideia de jogarem em conjunto surgiu há 12 semanas. “Nessa altura houve um jackpot e nós decidimos jogar. Como nos começaram a sair prémios, continuámos a apostar, sempre em grupo, apesar de alguns colegas se encontrarem doentes”, explicam. Agora que já estão mais calmos, os elementos do grupo vão ter que ir a Lisboa ou ao Porto para levantar o prémio. “Deveria haver um acordo entre o Departamento de Jogos da Santa Casa e a banca, de modo a que os premiados não fossem obrigados a ir a uma dessas cidades”, diz um dos elementos.

O perigo de perca do talão é outro aspecto que os responsáveis pelo grupo têm em atenção. “Ele está guardado num sítio seguro. Agora queremos ir a Lisboa ou ao Porto, se tivermos oportunidade iremos todos juntos, para recebermos o prémio”, acrescentam.

E se o prémio ainda não foi levantado, as instituições bancárias já começaram a contactar alguns elementos do grupo. “Vieram disponibilizar os seus serviços e apoio”, referem, enquanto lembram que a verba ganha “poderá ser aplicada na amortização dos empréstimos de aquisição de habitação própria, embora esse seja um assunto que a cada um de nós diz respeito”.

Festa grande

Com uma festa agendada entre todos e as respectivas famílias, o grupo recorda o jantar de sábado que assinalou o acontecimento: “Cantámos os parabéns umas cinco vezes para disfarçar”. E a euforia era tão grande que “ainda perguntámos se havia algum médico na sala”. A boa disposição de quem ganhou o Euromilhões também contagiou amigos e colegas de trabalho. “No fim-de-semana tive que carregar a bateria do telemóvel duas vezes, devido ao número de chamadas recebidas”, conta um dos elementos.

No café Beirão todas as conversas vão dar ao prémio e na prisão não se fala noutra coisa. Da nossa parte aqui ficam os parabéns à malta vencedora. Quanto aos outros, o melhor é continuarem a colocar as cruzes nos boletins na esperança de que a sorte lhes bata à porta, pois como diz o ditado popular não há duas sem três, e quem sabe se Castelo Branco volta a ter premiados numa semana de jackpot…

Euro Beirão

O Café Beirão ditou a sorte de oito apostadores. O segundo prémio da semana passada saiu da máquina que António Esteves e o seu filho José Esteves manejam já há algum tempo. Uma máquina que tem vindo a actualizar-se de tempos a tempos e que agora dá os resultados na hora.

Dá os resultados e dá também a sorte, porque os números colocados no boletim foram escolhidos pela máquina. Um boletim absolutamente normal, sem apostas múltiplas, cheio, perfazendo o total de dez euros.

Um milhão e 150 mil euros foi o prémio mais chorudo que o Café Beirão deu até hoje. Nunca atribuiu um primeiro prémio, mas ali saíram vários segundos prémios de outros concursos da Santa Casa. Mas, quantias mais pequenas. De resto ainda há poucas semanas ali foi retirado um quarto prémio também do euromilhões.

Para o Café ou seus proprietários nada traz este prémio, para além da publicidade e da satisfação de terem entregue tanto dinheiro, repartido e aos clientes que diariamente ali se deslocam.

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Figura simpática e bem conhecida desde a minha infância.
Paz à sua alma.