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Castelo Branco: O desperdício que se transforma em arte

Lídia Barata - 21/12/2022 - 10:13

O grupo Ecoarte tem o dom de transformar tudo o que é desperdício em belas propostas de prendas e decoração natalícia.

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O presidente com a equipa Ecoarte

Presépios, anjos, decorações de Natal são muitas as sugestões que a Associação de Apoio à Criança do Distrito de Castelo Branco (AACCB) voltou a trazer à Loja Solidária/Exposição de Natal, que vai ficar aberta até sexta-feira, dia 23 de dezembro, na avenida 1.º de Maio (nos dias úteis, das 10H00 às 13H00 e das 14H00 às 18H00).

Esta é a 13.ª edição desta montra que mostra os trabalhos que os clientes mais vocacionados para as artes decorativas fazem nas atividades do Centro de Atividades Ocupacionais – Ecoarte, coordenadas por Paula Pereira.

Um tributo ao mestre Cargaleiro tem lugar de destaque no espaço

 

João Benquerença, presidente da direção da AACCB, explica que “houve um interlúdio de dois anos devido à pandemia, em que a loja foi promovida online, porque as atividades se mantiveram, mesmo com as condicionantes necessárias e possíveis”, até porque, reitera, o objetivo desta loja é “mostrar ao público os trabalhos desenvolvidos dentro da instituição e a capacidade dos utentes em transformar materiais que já não teriam uso, ou iriam para o lixo, em obras de arte”, ou seja, a loja tem também a vertente da “valorização de bens recicláveis”.

olha para estes peças não percebe de imediato, sobretudo em algumas delas, que se trata de aproveitamento de matérias-primas recicláveis. Mal se entra na loja os olhos batem numa tela de homenagem ao mestre Manuel Cargaleiro, e uma outra da rua Nova, no centro histórico, onde além de umas leves pinceladas de tinta, tudo o resto é feito com restos de tecido colorido, no caso do primeiro, e ganga no caso do segundo.

 

Os presépios continua a ser os mais procurados nesta quadra

 

Além disso, no restante espólio, não há duas pelas iguais. A ideia de ter um espaço permanente com este tipo de trabalho poderia ser interessante, mas “não é fácil. Há aqui um talento muito grande, enorme mesmo, mas há também uma condicionante. Estamos a trabalhar com pessoas que têm uma deficiência mental, a quem não se pode exigir um ritmo de trabalho em série. Senão a criatividade também não é linear, nem produtiva. Eles têm de ter o seu tempo e o tempo que necessitam para desenvolver os trabalhos de acordo com as suas capacidades, porque eles são o que são e nós tentamos que eles sejam o que são, o que eles querem ser e o que pretendem ser. Só temos de os encaminhar, não forçando, mas ajudando a que desenvolvam e façam, porque o fundamental é eles serem o que são. Porque eles são iguais aos outros”.

A loja oferece muitas propostas de prendas originais

 

João Benquerença recordou ainda que dentro da instituição os clientes estão divididos em várias vertentes, consoante as suas aptidões. Além das artes decorativas, outros estão na agricultura, na gastronomia, no desporto e na expressão dramática. “A parte que mais me surpreende, pela positiva, é como é que eles conseguem decorar papéis, as posições no palco, contornar algum engano, quase uns atores profissionais, mestres do improviso. Na parte desportiva, têm a dinâmica da competição. Competem com os seus pares e tentam sempre superar o adversário, sempre numa lógica de cidadão ‘normal’. Dai achar que estas duas vertentes são aquelas em que se inserem melhor na sociedade”, reitera, acrescentando que “se este trabalho não for para ‘mostrar’ ao exterior, no sentido de integrar, se a instituição não se abrir à sociedade estamos a prestar um mau serviço a todos”.

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