Se o objectivo do festival for criar um espetáculo artístico que proporcione um momento de entretenimento e convívio, então deveríamos ponderar se o enorme investimento da Câmara Municipal faz sentido.
Foram anunciadas, no final do passado janeiro, as novas datas do Festival Mais Solidário e com este novo anúncio surge uma boa ocasião para refletir sobre o mesmo.
Pelo nome e pela apresentação do festival, fica claro o intuito solidário e altruísta do mesmo.
Porém, em nome da transparência e do cumprimento das expectativas de todos os que atendam a este festival, devemos refletir sobre o s resultados solidários do mesmo.
Nas contas da edição do Festival do ano passado, publicadas por pressão pública e que mesmo assim são um tanto opacas, podemos constatar que o resultado positivo do mesmo foi de cerca de 7500 euros.
Sendo este o valor que é doado para caridade, e sendo um valor louvável, devemos, no entanto, refletir sobre a eficiência do investimento da Câmara Municipal na realização do festival.
O que é difícil de compreender é que para atingir este resultado positivo e a respectiva doação de 7500 euros a instituições de solidariedade social, a Câmara Municipal realizou um “ Donativo” para as despesas da realização do festival de 75 000 euros.
Um valor que corresponde a 10 vezes o total doado.
Portanto, para um gasto público de 75 000 euros para a realização de um evento solidário, o valor final doado é um décimo daquele investido pela câmara.
Será que era este o valor de doação final esperado por todos o s espectadores que contribuíram com o dinheiro do seu bilhete, e para todos os albicastrenses, que indiretamente, através da contribuição da Câmara Municipal, contribuíram para esta doação?
Esta situação leva-nos a ponderar se realmente o objetivo deste Festival é ser Mais Solidário ou simplesmente um festival de música.
Caso a resposta seja que é um festival solidário, então a Câmara Municipal deveria repensar o seu investimento n o mesmo dado que para apoiar com 75 000 euro se no final a doação ser 7500 euros, mais vale doar os 75 000 euros logo de início.
Se o objectivo do festival for criar um espetáculo artístico que proporcione um momento de entretenimento e convívio, então deveríamos ponderar se o enorme investimento da Câmara Municipal faz sentido, sendo que gera uma concorrência injusta com todos os outros eventos organizados, em Castelo Branco e arredores, pelas mais variadas associações durante o mês de agosto.
É de louvar a realização de eventos de cariz solidário na nossa cidade. Porém, é da responsabilidade da Câmara Municipal o bom e eficiente uso dos dinheiros públicos. Por isso, agora que se avizinha a segunda edição deste festival, é um momento oportuno para que o intuito do investimento público seja clarificado.
Juntamente com esta clarificação deve também ser avaliada a eficiência do resultado da aplicação dos dinheiros públicos na edição passada e daí retirar as devidas conclusões.
Coordenador do NT de Castelo Branco da Iniciativa Liberal