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Castelo Branco quer aderir à Carta Europeia da igualdade

João Carrega - 14/09/2022 - 16:53

Castelo Branco quer aderir à Carta Europeia para Igualdade das mulheres e dos homens na vida local.

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A Câmara de Castelo Branco quer aderir à “Carta Europeia para Igualdade das mulheres e dos homens na vida local”. O anúncio foi feito na apresentação do Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação do Município de Castelo Branco esta segunda-feira, no salão nobre do antigo Governo Civil.

Patrícia Coelho, vereadora responsável pela coordenação do documento, referiu que a “autarquia já está a trabalhar no sentido de aderir à Carta Europeia”. Um dos pressupostos para essa adesão é a elaboração de um Plano Municipal para Igualdade, agora apresentado.

A Carta Europeia pressupõe “que a igualdade das mulheres e dos homens é um direito fundamental para todos e todas, constituindo um valor capital para a democracia. A fim de ser completamente conseguido, não é suficiente que este direito esteja legalmente reconhecido, sendo necessário o seu efetivo exercício em todos os aspetos da vida: politica, económica, social e cultural”.

A adesão à Carta Europeia é apenas uma das ações definidas pelo Município e que faz parte do Plano de Ação apresentado segunda-feira. Este documento estratégico para o período 2022-25 resulta de um estudo realizado internamente na própria autarquia e externamente junto das associações que pertencem à rede social do concelho. “A elaboração deste Plano tem uma importância enorme para o concelho, pois obrigou-nos a fazer um diagnóstico completo para termos uma radiografia que nos permita estabelecer as pontes e as formas de intervir”, diz Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara de Castelo Branco.

O autarca explica que “o Plano não fala apenas das oportunidades de homens e mulheres, mas também da discriminação de grupos minoritários”. Leopoldo Rodrigues abordou a questão dos refugiados, lembrando que o “trabalho de integração vai muito para além do acolhimento”.

O Plano tem como objetivos “potenciar as intervenções existentes no território relativas à qualidade entre mulheres e homens; promover a partilha de recursos e informações; Reforçar o conhecimento dos agentes locais em matéria de igualdade de género; e aumentar a visibilidade das políticas locais para a igualdade”.

O Plano que faz parte da Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação 2018-2030 e está alinhado com a Agenda 2030 para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Agora temos que passar para a ação. De nada serve o Plano se não tivermos a capacidade de implementar medidas”, salienta Leopoldo Rodrigues, para quem o mais fácil (elaboração do Plano) está feito”.

As medidas preconizadas pelo Plano estão divididas em ações internas (para o Município) e externas (junto de entidades que trabalham diretamente com a comunidade).

No caso das ações internas, além da adesão à Carta Europeia para a Igualdade das mulheres e dos homens, destaca-se a formação de colaboradores nesta área e a promoção de medidas que contribuam para uma maior conciliação entre a vida familiar e profissional.

Já as ações junto dos parceiros externos estão divididas em oito áreas de atuação: saúde; habitação; Respostas Sociais; Violência Doméstica e de Género; Economia/mercado de trabalho; Educação/formação e formação profissional; Desporto; e Participação política.

 

Nas associações os homens

estão em maioria

Os corpos sociais das associações do concelho de Castelo Branco são na sua maioria compostos por homens. Este é o resultado do estudo realizado pela Câmara para a elaboração do Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação.

O documento foi apresentado esta segunda-feira no salão nobre do antigo Governo Civil, numa sessão que contou com a presença da Secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Isabel Almeida Rodrigues.

O estudo que serviu de base a este Plano revela que 80% dos presidentes de direção das associações inquiridas que pertencem à rede social do concelho são homens. A composição das direções também apresenta predominância masculina, com 191 homens e 80 mulheres. Ao nível do Conselho Fiscal, a situação não é muito diferente. Há 34 homens presidentes e apenas 9 mulheres. Entre os membros deste órgão verifica-se que 101 são do sexo masculino e 40 do feminino. No que respeita às assembleias gerais, há apenas 28% de mulheres presidentes. Essa percentagem sobre entre o total dos membros para 34%.

Finalmente, entre os diretores técnicos, 74% são homens e 29% são mulheres.

“Esta situação de desigualdade de maior desigualdade de género ao nível da participação das mulheres no associativismo, é algo para o qual o Município de Castelo Branco terá que, necessariamente concertar esforços, com vista ao aumento da representação cívica e associativa do sexo feminino a breve prazo”, refere o Plano.

 

 

“Nenhuma mulher se sente

confortável com as quotas”

“Nenhuma mulher se sente confortável com as medidas das quotas (na política). Mas se isso não tivesse acontecido hoje teríamos menos mulheres na atividade política e em cargos dirigentes”. Foi desta forma que a Secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Isabel Almeida Rodrigues, se referiu a uma questão que momentos antes tinha sido vista, como positiva, pelo presidente da Câmara albicastrense, Leopoldo Rodrigues.

Isabel Rodrigues falava na apresentação do Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação do Município de Castelo Branco, esta segunda-feira, no salão nobre do antigo Governo Civil. “Hoje há mais mulheres professoras no ensino superior, mas à medida que se sobe na carreira há um vidro que impede a progressão”, acrescentou.

A secretária de Estado, que elogiou o Plano da Câmara de Castelo Branco, lembrando que esta “é uma oportunidade de assumir a igualdade em todas as suas dimensões. Este é um compromisso (da autarquia) que se soma ao do Governo”.

A governante aludiu ainda à questão da violência, lembrando que “a larga maioria das vítimas são mulheres, mas também há homens que são vítimas. Aquilo que verificamos é que fomos bem sucedidos em quebrar o muro do silêncio. Ao passar a ser crime, permite às autoridades policiais atuarem”. Isabel Rodrigues considera que “Castelo Branco é um excelente exemplo no que respeita à resposta à violência doméstica”.

No entender da Secretária de Estado “não há dados que nos permitam dizer que as ocorrências aumentaram”. No entanto, o “número de denúncias tem crescido. Na Europa, em alguns países, a situação é de retrocesso. Por isso, devemos olhar para essas situações e perceber que nada do que temos é adquirido, pelo que devemos manter a nossa luta, com regularidade e intensidade, para que tenhamos frutos. Ainda vai demorar algum tempo a alcançar o nosso objetivo, pois estamos a falar de um domínio que ultrapassa gerações”.

Isabel Rodrigues considera que o combate à violência doméstica também passa pela escola. “Depois da família a escola é o espaço de excelência de socialização da criança. Ela vai apreender muitas das representações sociais, e a escola tem um importante papel” nessa matéria.

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