Performance “É Só um Dia” abre programação desta edição do Singular. Foto Terceira Pessoa
Castelo Branco e Alcains voltam a acolher o Singular, o ciclo de criação artística pluridisciplinar com que a Terceira Pessoa vai apresentar ao público sete momentos em vários espaços culturais.
A estreia acontece este sábado, dia 28, no mais inusitado de todos eles, com Carolina Campos e Márcia Lança a levarem ao espaço cultural Mãos de Horta, na praça Camões, a performance “É Só um Dia”, em que propõem fazer uma abordagem ao presente a partir da escuta do lugar onde se encontram, numa apresentação que começa pelas 15H00 e que decorrerá até às 23H00.
A dramaturgia é construída a cada apresentação, descreve a organização, sendo que no final, o público leva consigo uma publicação feita ao vivo que contém um texto diferente a cada vez. O cartão-de-visita desta quarta edição do Singular é o reflexo do que Óscar Silva, que partilha a direção artística com Ana Gil e Nuno Leão, faz da programação deste ano.
“Esta edição tem a particularidade de ser ainda mais diversa e inusitada naquilo que são as propostas”, disse ao Reconquista, dando como exemplos a performance de longa duração, a escultura ou a dança.
A programação vai estender-se até 16 de dezembro e visitará mais três espaços. A 4 de novembro a Fábrica da Criatividade, no bairro do Cansado, recebe a exposição do artista plástico Pedro Pires, que inaugura “Newtons”, uma peça escultórica composta por um crânio pixelizado, revestido por cubos de plástico reciclados manualmente a partir de plástico inútil.
O trabalho estabelece um diálogo entre o crânio humano que simboliza o efémero e o plástico cuja resistência e impacto no planeta é uma das preocupações do tempo que vivemos.
Ainda pela Fábrica da Criatividade acontece a 11 de novembro a performance “Museu do Falso – Unboxing”, do coletivo Memória Comum, uma performance onde se vai “desempacotar” parte do país e da sua história.
Para o final de novembro, no dia 28, está marcado um espetáculo para o público infanto-juvenil que leva o Singular até ao Centro Cultural de Alcains. Chama-se “eRrAdO” e com ele a Plataforma285 faz um elogio ao erro, à tentativa, ao espaço para experimentar sem ter que acertar ou ter respostas concretas, descreve a organização. Tem também a particularidade de contar com a Língua Gestual Portuguesa e o público pode falar, mexer-se ou até sair da sala se sentir desconforto, promete o festival.
Dezembro vai começar logo no dia 2 com a dança, trazida por Bernardo Chatillon, que leva ao Mãos de Horta o espetáculo “O que já cá está”. A 9 será a vez de Rafaela Jacinto se apresentar no Cine Teatro Avenida de Castelo Branco com a conferência-performance Charlotte F̶o̶r̶e̶v̶e̶r̶ sobre a vida da atriz e cantora Charlotte Gainsbourg e sobre como ela influenciou a vida da artista. O ponto final no Singular ficará nas mãos da dupla Rodrigo Pereira e Rui Dias Monteiro da associação Pó de Vir a Ser, que apresentam na Fábrica da Criatividade o seu “Atalho Direto”. A escultura em pedra surge articulada com os gestos, a escuta e a poesia. Será entre 14 e 16 de dezembro, começando com uma conversa e terminando com a inauguração.
A programação do Singular resulta daquilo que Óscar Silva caracteriza como um trabalho continuado de observação do que se vai fazendo a nível nacional mas também da partilha com outras estruturas com as quais a Terceira Pessoa tem afinidades. A chegada a outros lugares, como é o caso do espaço cultural do Mãos de Horta, é uma maneira de também abordar uma zona da cidade onde circula um outro público “e interessa-nos alcançar outros públicos”, assume o programador.
“Como as propostas também são arrojadas e divergentes é importante termos lugares com um outro espírito cultural que não a formalidade de um Cine Teatro, não descurando este, obviamente”, afirma.
A programação completa do Singular encontra-se em singularfestival.pt.
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