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Chão da Vã: O lagar à antiga que quer ter futuro. Fomos ver como funciona

José Furtado - 09/12/2017 - 10:00

 VÍDEO  Cooperativa tem um dos últimos lagares tradicionais da região, que continua a ser muito procurado por pequenos produtores.

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O enceramento é um dos processos que se conserva. Foto José Furtado/ Reconquista

Aqui não há inox, computadores e outra maquinaria moderna.

No lagar da cooperativa de Chão da Vã ainda se extrai azeite como antigamente, o que faz com que esteja entre os raros lagares que ainda operam com este sistema.

“É um lagar que já não se vê muito. Aqui na região de Castelo Branco talvez existam dois ou três mas a trabalhar neste sistema de separação, com a decantação de azeite, se calhar é o único”.

A frase é de Tiago Antunes, o presidente da Chão da Vã Coop, que por estes dias deve ser dos lugares mais movimentados da aldeia da União de Freguesias de Juncal e Freixial do Campo.

Há gente que chega para deixar a azeitona e outros que passam por lá para levarem os garrafões com o ouro líquido.

A cooperativa trabalha com pequenos produtores, que muitas das vezes ficam à porta dos grandes lagares por terem pouca quantidade de azeitona.

As receitas são pequenas e o lagar continua operacional graças a ajudas como a da câmara municipal.

E há também uma enorme paixão pelo que se faz.

Ernesto Sousa, de 64 anos, nasceu no concelho de Paredes mas vive há 41 anos na aldeia.

Há 15 anos o então presidente da cooperativa entrou-lhe pelo café a perguntar se queria ir para o lagar.

Ernesto, que da atividade só conhecia um lagar de seis prensas no seu tempo de garoto, aceitou, na condição de poder aprender.

“O que eu queria era ganhar dinheiro e vim”.

Foi quase uma brincadeira mas leva o trabalho a sério.

“Aqui só se bebe água e sumo. Isto antes era uma adega mas agora é um lagar”.

Para produzir azeite do bom é preciso estar concentrado e ter ouvido.

“O ouvido é que faz tudo neste serviço. Basta uma desconcentração para o azeite se estragar”.

Ernesto é lagareiro mas também serralheiro, o que dá muito jeito para lidar com a maquinaria.

O pai tinha uma oficina e ele cresceu entre o ferro.

O lagar funciona com uma máquina a diesel que alimenta os vários processos, como o moinho de galgas - duas mós de granito que esmagam a azeitona - que depois de passar por outra fase para ficar mais homogénea entra no processo de enceramento, em que a pasta é colocada em capachos para ser prensada.

A água e o azeite que resultam deste método passam pela decantação, até ao produto final.

E este ano o produto final é de excelência.

“A azeitona este ano está a fundir melhor. No ano passado era só água. Este ano os donos vão todos contentes com o azeite e é isso que eu quero”, garante Ernesto.

A maioria do azeite é para consumo próprio mas a cooperativa consegue reservar algum para vender.

Nos últimos anos “as pessoas têm apanhado mais azeitona e temos algumas a recuperar muitos olivais que estavam abandonados”, diz o presidente da cooperativa.

 

 

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