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Leitores: Comércio local, Uma missão possível

Pedro Lopes - 13/10/2022 - 9:57

A Comissão Política Concelhia do Partido Social Democrata de Castelo Branco apresentou na última Assembleia Municipal que se realizou no passado dia 30 de setembro, uma moção de apoio ao comércio local.

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A Comissão Política Concelhia do Partido Social Democrata de Castelo Branco apresentou na última Assembleia Municipal que se realizou no passado dia 30 de setembro, uma moção de apoio ao comércio local. A mesma mereceu o voto e a concordância de todos os deputados municipais e representa um ponto de partida para firmar um compromisso firme e real de apoio ao pequeno (mas grande!) comércio.
A criação de um pacote de apoios para o comércio local pretende não só robustecê-lo para melhor responder aos difíceis tempos que se avizinham, como também para o revitalizar e assumi-lo de uma vez por todas como uma das prioridades do Concelho. Porquê? Porque é um fator dinamizador de crescimento e de desenvolvimento, porque cria empregos, gera empreendedores, atrai talento e também significa sonhos concretizados e riqueza acumulada.      
Infelizmente, todo o contexto económico em que vivemos nestes últimos dois anos, marcados por uma pandemia e mais recentemente por uma guerra que embora esteja longe nos afeta sobremaneira. Esta conjuntura repercute-se de forma dramática no nosso comércio local e tem conduzido à falência de muitos dos nossos pequenos comerciantes. É preciso agir já para não agudizar mais esta realidade.
No corrente ano com a economia europeia a desacelerar, os preços da energia a aumentar, o aumento das taxas de juro e os riscos geopolíticos decorrentes da guerra é expectável que a inflação se mantenha alta, tendo como consequência a quebra no consumo que as previsões indicam que se pode agravar seriamente em 2023.
Em agosto a taxa de inflação estimada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) foi de 9%. Com este nível de inflação os pequenos empresários locais estão particularmente vulneráveis. À crescente escalada da inflação acrescem os custos com a energia e com os combustíveis que vão fazer engordar a fatura dos gastos no fim do mês. E sim, os custos inerentes a estar no interior não desaparecem. Pelo contrário. Continuam a existir portagens e os elevados custos com o transporte não vão abrandar. A consequência? Se nada for feito esperam-se efeitos mais severos e desproporcionados da crise que se avizinha, vendo os seus negócios ameaçados pela diminuição do consumo e pela quebra nos lucros e rentabilidade.
No nosso entender não basta que se façam campanhas para sensilbilizar os cidadãos sobre a importância de comprarem no comércio local. Estas ações são importantes mas são medidas avulsas e de curto alcance. Não bastam. Social e economicamente é preciso mais! Por isso propusemos que sejam incluídas no próximo orçamento para 2023 do Municipio de Castelo Branco um pacote de medidas que visem ir ao encontro do apoio efetivo do comércio local do Concelho.
As medidas de apoio às empresas apresentadas pelo governo socialista ficaram muito à quem das expetativas, sobretudo relativamente à parte fiscal, uma vez que não mexeu no IVA da eletricidade, gás e combustiveis, como era de esperar. E além de haver condições para o fazer, era muito importante que o fizesse.
As empresas em Portugal precisam de apoio efetivo como aconteceu em inúmeros países por essa Europa fora, e não de linhas de crédito que não deixam de ter o seu valor mas acabam por gerar mais endividamento. Especialmente as do nosso interior.
Esses apoios devem abranger ainda medidas para colmatar o aumento do custo da energia, através da utilização de energias alternativas amigas do ambiente, ou seja, através de programas de apoio à eficiência energética. A Europa e o próprio governo já deram um sinal claro que é preciso produzir mais energia renovável e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. Neste momento, além do preço ser alto, o risco de existirem cortes no fornecimento de gás é real e este inverno pode vir a ser ainda frio do que estamos habituados. As comparticipações para programas de eficiência energética que o governo tem vindo a implementar através dos apoios do Fundo Ambiental, embora válidas para este propósito, são curtas. Chegam apenas a alguns. 
As autarquias também aqui tem de ter uma atitude proativa e de antecipação do futuro para poder preparar devidamente os seus territórios para enfrentar os riscos (climáticos, energéticos, económicos, populacionais) que se avizinham e que ameaçam a sua prosperidade.
Urge encarar a realidade com audácia e fazer da promoção da eficiência energética uma prioridade para o nosso concelho. Importa por isso melhorar significativamente a eficiência energética dos edifícios públicos e criar mecanismos de financiamento para a tão imprescindível transição energética das nossas empresas. É uma questão financeira, ambiental e de competitividade que não pode nem deve ser descurada ou menosprezada.
As nossas empresas merecem um pacote de apoios diversificado, de índole fiscal e financeira, arrojado, ágil, praticável, que olhe para o futuro sem esquecer o presente. 
Estão lançadas as bases para fazer do comércio local uma missão possível.  

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
O estado a que chegou o comércio local na cidade de C. Branco, tem responsáveis, foram aqueles que permitiram e fomentaram a deslocalização do comércio para a Zona Industrial, transformando-a numa zona comercial e o centro da cidade num deserto, que dificilmente deixará de o ser.
As pedras atiradas não voltam para trás.