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Cortiçada Art Fest: Cicatriz dos incêndios transforma-se em arte

Reconquista - 24/02/2022 - 8:00

As diversas expressões artísticas juntam-se em torno da mesma temática para mostrar como a arte pode ser o mote de uma reflexão sobre o território.

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Mostra está patente na Galeria Municipal de Proença-a-Nova

Pintura, cerâmica, fotografia, tapeçaria e música são a base da expressão artística de Carlos Farinha, Yola Vale, Duarte Belo, Helena Fernandes, Tiago Pereira, Marco Figueiredo e os Senza que desde sábado, dia 12 de fevereiro, incluem a mostra que começou por ser online, mas que está agora patente na Galeria Municipal de Proença-a-Nova, até dia 28 de abril.

O tema para os diversos trabalhos artísticos foi “a cicatriz deixada pelos incêndios florestais de 2017”, o mesmo mote que deu origem ao projeto Cortiçada Art Fest, que envolve os municípios de Proença-a-Nova, Sertã e Oleiros, a Direção-Geral das Artes, a Direção Regional de Cultura do Centro e o gabinete de arquitetura MAG e que ganhou visibilidade com as obras de arte na paisagem, nomeadamente O Farol dos Ventos (Proença-a-Nova), Moon Gate (Oleiros) e Véu (Sertã).

A exposição em Proença-a-Nova revela que projeto incluiu outras valências. Na sessão inaugural, o presidente da Câmara Municipal sublinhou que “a arte é um veículo importante para esta matriz dos territórios, mas essencialmente de atratividade”, destacando a capacidade que tem de chegar a pontos improváveis, como no caso de Proença-a-Nova a Buraca da Moura, na Serra das Talhadas, ou nos Cunqueiros, mas ainda a capacidade de atrair pessoas. O Roteiro das Artes do Concelho de Proença-a-Nova, recorde-se, no âmbito do projeto Experimenta a Paisagem, conta com mais duas peças de arte pública, nomeadamente Magma Cellar, em Cunqueiros, e a Menina dos Medos, em Sobral Fernando. “Não há natureza e não há monumentalidade no espaço territorial que não seja vivido. Pode ser contemplado, mas a riqueza são as pessoas e essa é a tónica principal”, reiterou João Lobo. O autarca revelou ainda que “o projeto vai ter continuidade, com vista a criar um museu de arte ao ar livre, beneficiando da maior riqueza do concelho, a natureza”.

A floresta foi a fonte de inspiração para Yola Vale criar “Pele da Terra”, cinco murais de cerâmica secionados que representam cascas de pinheiro com diferentes tonalidades. “É tudo cerâmica, são peças modeladas à mão, uma a uma, mas inspiradas na casca”. A partir destes murais, a artista pretende incentivar uma reflexão sobre a floresta, base de sustento para muitas pessoas no passado. “Havia um respeito muito grande pela natureza, havia uma economia circular, de proximidade. Infelizmente tem-se vindo a ver cada vez mais o abandono das terras e o despovoamento, tanto humano como da floresta”, refere.

Helena Fernandes inspirou-se na Beira Baixa para criar a sua tapeçaria, onde conjugou texturas e cores, mas também o perto, o longe e o céu. Todos os elementos foram tingidos por si e privilegiou a utilização de materiais naturais, como o cordel e a ráfia. Partes da tapeçaria foram feitas em casa e depois compostos na Fábrica da Criatividade, em Castelo Branco. “A maior parte das minhas tapeçarias são mais monocromáticas, mas com muitas texturas e técnicas diversas. Desta vez achei que na Beira Baixa teria de exaltar as cores e sobretudo as texturas”, esclareceu.

Marco Figueiredo e a dupla Senza (Catarina Duarte e Nuno Caldeira) apresentaram por sua vez algumas músicas do seu repertório, trazendo a sua visão e pensamento crítico para a forma como se vê e se vive o território.

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