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Dani Matos: “Felizmente, não estou agarrado ao futebol”

Artur Jorge - 08/08/2019 - 7:00

Dezasseis anos depois, Dani Matos está de regresso a casa: ao Clube Desportivo de Alcains. Foi, no seu ponto de vista, a decisão mais lógica, depois da descoroçoante saída do BC Branco.

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Dani Matos fala do regresso ao Alcains 16 anos depois e do processo que envolveu a sua saída do BC Branco

Dezasseis anos depois, Dani Matos está de regresso a casa: ao Clube Desportivo de Alcains. Foi, no seu ponto de vista, a decisão mais lógica, depois da descoroçoante saída do BC Branco, emblema que representou nas últimas seis épocas e meia e pelo qual conta perto de 250 partidas e mais de meia centena de golos apontados.

Para trás ficam 18 épocas consecutivas de futebol nacional, grande parte delas como jogador profissional. Esteve nas ligas ao serviço do Sporting da Covilhã. Capitaneou os dois principais clubes do distrito de Castelo Branco.

Falou com o Reconquista. Deste regresso ao clube da terra e da saída, fria, do Castelo Branco. Aos 36 anos.

Alcains 16 anos depois. Que sentimento?

- “Um sentimento positivo. De quem regressa a casa. Foi em Alcains que iniciei o meu percurso futebolístico. Creio que aos 9 anos. As melhores amizades, de criança e, até, numa fase mais adulta, foram construídas no CDA. É um orgulho poder voltar”.

Poderia ter prosseguido a um nível mais alto?

- “Sim, houve essa possibilidade e agradeço, desde já, àqueles que manifestaram interesse no meu contributo. Mas tendo em conta a minha vida pessoal e a atividade profissional noutra área, já não ponderei sair desta zona. A prioridade nesta fase passaria sempre por uma solução aqui no distrito”.

Vai emprestar a sua bagagem futebolística ao futebol distrital…

- “Posso acrescentar alguma coisa. Ao clube que vou representar e ao campeonato. Se assim não fosse, não aceitaria o projeto. Ainda tenho coisas para dar ao futebol e ajudar o CDA, quer dentro, quer fora de campo. Tenciono dar esse auxílio. E falar com muita gente amiga, que é de Alcains. E que, por uma razão ou outra, deixou de acompanhar mais de perto o clube. Quero convencê-los a voltar. A ir ver os jogos”.

Menos viagens, eventualmente menos tempo de treino, um campeonato regional…

- “Preparado para isso tudo. As viagens até é bom. Confesso que estava um bocadinho farto. Quanto aos treinos, acho que o estipulado é quatro sessões semanais. Não anda muito longe do que estava habituado no BC Branco. Eventualmente, na pré-epoca, o volume seria diferente. Não será por aí…”.

E quanto ao campeonato?

- “Aí, sim. As diferenças serão consideráveis. Provavelmente, será a este nível que mais dificuldades sentirei de adaptação. Se conseguir ajudar a alterar um pouco as mentalidades, para que todos possamos evoluir, já ficarei satisfeito”.

Há uns meses não lhe passava pela cabeça este cenário?

- “Vamos ver: a questão de encerrar a minha carreira em Alcains era conjeturável. Sobretudo por razões sentimentais. E por saber que, sempre que esteja a jogar em casa, 90 por cento das pessoas com quem me relaciono, pessoas que conheço, vão estar lá. Cresceram comigo, fazem parte do meu grupo de amigos.

Agora, efetivamente, há uns meses, o que estava previsto era permanecer pelo menos mais uma época no BC Branco”.

A saída resultou de um processo deselegante?

- “Sim. Creio que sim. Qualquer pessoa é livre de decidir. E quando se é eleito é para tomar decisões. Serão avaliadas por essas mesmas decisões. Agora a forma como todo o processo foi conduzido, leva-me a concluir que não fui tratado de forma… justa! Provavelmente, a decisão não terá partido de ninguém da direção. Mas de alguém exterior ao clube. Que tenha feito força para que o Dani não continuasse”.

Seis anos e meio (mais dois numa anterior passagem) não tiveram peso nenhum…

- “Se calhar, tiveram! Tiveram efeito contrário. Alguém que tinha receio que eu tivesse peso a mais no balneário. Está enganado. Nunca constitui problema, estive sempre do lado das soluções. Nunca criei mau ambiente, procurei sempre ajudar quem estava ou chegava. Muitos testemunham isso.

Pelo que consigo recolher nos sites de futebol, serei o segundo ou terceiro jogador com mais partidas realizadas pelo BC Branco. E o segundo melhor marcador de sempre. Mas, teve efeito contrário. Se não tivesse estes números, passaria entre os pingos da chuva…”.

Adiante. Será a sua última época?

- “Jogarei até ao dia em que não me sinta bem. Quando sentir que estou a mais, que começo a “arrastar-me”, será o dia em que eu próprio tomarei a iniciativa de parar. Felizmente, não estou agarrado ao futebol, tenho outra área profissional, na qual estou a ter algum sucesso. Tem-me dado a possibilidade de não depender do futebol, como aconteceu durante largos anos em que fui profissional. Neste momento é mais uma paixão”.

Mas, quando terminar a carreira, tenciona de alguma forma ficar ligado ao futebol?

- “Sempre tive essa perspetiva, como treinador, com habilitação de Nível 2, ou noutras funções. Esse curso poderá, eventualmente, servir para colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo de toda a carreira”.

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