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Leitores: Desígnio, estratégia, concretização e dinâmica... Ou apenas palavras de retórica e de circunstância de Luís Correia

Fernando Raposo - 25/05/2023 - 10:24

Li com atenção o artigo que o Dr. Luís Correia publicou neste semanário, do dia 20 de Abril, o qual denota um sentimento de ódio e vingança ao partido que, ao longo da sua carreira política, lhe serviu de regaço, assim como ao atual Presidente do Município.

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Li com atenção o artigo que o Dr. Luís Correia publicou neste semanário, do dia 20 de Abril, o qual denota um sentimento de ódio e vingança ao partido que, ao longo da sua carreira política, lhe serviu de regaço, assim como ao atual Presidente do Município.
O Dr. Luís Correia ainda não se convenceu de que perdeu as eleições. 
Depois de o Partido Socialista lhe ter retirado a confiança, na sequência de um processo que o levou à perda de mandato e que se arrastou no tempo, desgastando a sua própria imagem, a imagem da cidade e também o nome do Partido Socialista, o Dr. Luís Correia decidiu apresentar-se, agora por sua conta e risco, a eleições e perdeu.
Os munícipes conhecem todo este processo, pelo que me escuso de o descrever.
Foi com a eleição de Luís Correia, em 2013, e depois em 2017, que o desígnio, a estratégia e a dinâmica definidas e implementadas anteriormente por Joaquim Morão começaram a ser infletidas e negligenciadas.
Se é verdade que, no mandato de 2013/2017 (de que eu próprio fiz parte), se concretizaram alguns projetos que vinham de trás, portanto, já definidos e iniciados por Joaquim Morão, como, por exemplo, o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, a Casa da Memória da Presença Judaica, e outros projetos da sua iniciativa (Parque do Barrocal e a Fábrica da Criatividade,…), não é menos verdade que Luís Correia começa, nos finais desse mesmo mandato, a negligenciar e a pôr em causa a estratégia anteriormente definida.
Não será de mais lembrar que todos os espaços foram adquiridos pelos executivos de Joaquim Morão. O Centro de Interpretação foi criado a partir da Oficina do Bordado, que funcionava no antigo edifício dos Correios, e a Casa da Memória da Presença Judaica nasceu a partir da candidatura efetuada, por Joaquim Morão, ao “projeto Rotas de Sefarad – Valorização da Identidade Judaica Portuguesa no Diálogo Interculturas, do programa EEA Grants, através do qual a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega apoiam financeiramente os Estados membros”. 
Em grande parte do primeiro mandato de Luís Correia (2013-2017), as obras executadas foram alavancadas na estratégia definida e implementada pelo Partido Socialista e materializada por Joaquim Morão e seus executivos, a partir da sua primeira eleição, em 1998. Esta estratégia está plasmada em vários documentos, que são do conhecimento público, e foi retomada pelo atual Presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues. 
Nenhuma estratégia de desenvolvimento de um território é rígida e estanque, já que a “sustentabilidade”, objetivo central, como refere Jorge Gaspar, “não é uma característica absoluta de um território, de uma organização, de uma cidade, implica um esforço continuado de adequação às circunstâncias determinantes: económicas, sociais, ambientais e culturais (Castelo Branco 2030, CEDRU, Julho 2015, p.9).
A larga maioria dos munícipes reconhece que a grandeza atual do nosso concelho é, em muito, fruto da visão estratégica do Partido Socialista e de Joaquim Morão.
No entanto, não podemos ignorar que os autarcas que o antecederam, tiveram também como desígnio o melhor para o concelho e para a qualidade de vida de todos os munícipes, e que cada um adotou, em cada momento, as estratégias que considerou mais adequadas, de acordo com as circunstâncias (políticas, económicas, sociais, …) do seu tempo. 
Seria muito injusto não reconhecer a visão estratégica, à época, de César Vila Franca e que marcou, em grande medida, o desenvolvimento futuro do nosso concelho.
Foi César Vila Franca quem, sem os recursos bastantes, alargou os horizontes da nossa Zona Empresarial, ao construir as instalações da empresa “Cablesa”, a qual teve um efeito indutor na criação de novas empresas e de significativos postos de trabalho. 
A Barragem de Santa Águeda (Marateca), que abastece Castelo Branco e também outros concelhos, é fruto da sua visão estratégica, revelando-se uma obra de importância extrema, sobretudo para todos aqueles que antes tinham de recorrer,  em época de estio, aos chafarizes dispersos pela cidade, para se abastecer.
Não tenho dúvidas que todos os autarcas, que julgo terem estado “à altura” no seu tempo, fizeram o melhor pelo concelho e tiveram, como preocupação central, a qualidade de vida e de bem-estar da nossa população.
Contudo, não ficaria tranquilo comigo mesmo se não reconhecesse o logro em que se transformou, sobretudo no último mandato de Luís Correia, em consequência da sua insegurança política e da sua frágil consistência ideológica. 
Luís Correia denotara sempre alguma dificuldade em se afirmar politicamente, o que o levou a centrar-se em si mesmo e a adoptar a estratégia que melhor lhe permitisse manter-se no poder. Essa estratégia caracterizou-se pela ausência de sentido crítico e pela instrumentalização de instituições e associações, por via da atribuição discricionária de subsídios e apoios. Poderia aqui detalhar alguns exemplos, mas, por respeito às instituições e associações, abstenho-me e o fazer.
É sobretudo na última fase do seu primeiro mandato, em 2017, que começa a delinear e a implementar esta estratégia egocêntrica, portanto centrada no seu “eu” e se desvia e negligencia do objetivo de desenvolvimento que vinha de antes, pondo em causa muitos dos projetos já iniciados anteriormente.
Considerando que estas notas já vão longas, deixo algumas questões ao Dr. Luís Correia e que, a cada momento, quando julgar oportuno, retomarei.
- Por que razão,  apesar do forte investimento na infra-estruturação da zona histórica, por Joaquim Morão, não se empenhou na sua requalificação e muito menos elaborou qualquer “estratégia local de habitação”, a que os municípios estão obrigados,  e que ao tê-la elaborado teria permitido, ao atual executivo, já ter apresentado candidatura ao PRR – Programa de Recuperação e Resiliência para a recuperação das inúmeras habitações que o município tem naquela zona?
- Por que razão, ou razões, o Pólo de Cerâmica do Museu Cargaleiro não foi inaugurado em 2016, assim como não foi inventariada a coleção de cerâmica, condição para que pudesse ser doada, pelo mestre Cargaleiro, à Fundação?
- O que se passou com as obras de requalificação do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, iniciadas em 2017, cujos tapumes foram retirados pelo atual executivo, tendo o museu passado a apresentar iniciativas com regularidade?
- Por que razão, apesar de o edifício já estar requalificado há algum tempo, o processo de criação do Museu de Arte Sacra de S. Vicente da Beira estava estagnado, obrigando o atual executivo a retomá-lo a partir do Projeto Museológico e Museográfico?
- O que fizera Luís Correia quanto à criação e sustentabilidade da “Casa António Salvado”?
Estas são algumas das muitas perguntas que, quem se julga mais dinâmico e com capacidade de concretização, tem o dever de responder.

Fernando Raposo

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