Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Leitores: Dia Mundial do Doente. Justifica-se celebrá-lo?

Ana Maria Tomaz , Helena Margarida Tomás, Maria Gabriela Tomaz - 17/02/2022 - 10:29

No passado dia 11 de fevereiro, data em que se celebra o Dia Mundial do Doente, o nosso pai deu entrada no Serviço de Urgências do Hospital Amato Lusitano.

Partilhar:

No passado dia 11 de fevereiro, data em que se celebra o Dia Mundial do Doente, o nosso pai deu entrada no Serviço de Urgências do Hospital Amato Lusitano. O encaminhamento foi feito por profissionais do INEM, por suspeita de acidente vascular cerebral. Eram 23:46 horas. 
Antes de continuarmos a exposição dos factos, permitam-nos referir que o nosso pai é um senhor com 91 anos (quase 92), doente, com as debilidades físicas próprias da sua faixa etária, agravadas por uma demência que, progressivamente, ao longo dos últimos 2 anos, o fez perder memórias, raciocínio, competências sociais e lhe provocou alterações emocionais e comportamentais. A sua realidade, não raras vezes, é só sua; a sua fragilidade tornou-o completamente dependente de terceiros. 
Continuando o referido atrás, cerca das 2:00 horas da madrugada de 12 de fevereiro, após a nossa insistência e a prestimosa colaboração da funcionária administrativa que contactou o médico responsável (????) pelo acompanhamento do nosso pai, fomos finalmente por aquele informadas que “ele esta(va) bem”, que “as análises e o ECG feitos estavam normais”, que “porque estava muito nervoso” tinha sido medicado “com um comprimido para acalmar” e que iria ficar em observação. 
Foi esta a informação que conseguimos reter, de uma mensagem confusa, foneticamente deficiente, transmitida com uma total ausência de empatia e cordialidade e sem qualquer contacto visual. 
Cerca das 7:40 horas o nosso pai teve alta. Os pormenores que vestem a história que se seguiu não interessam para o objetivo desta missiva, mas serão o fundamento da queixa que apresentaremos às entidades competentes. Aqui, interessa apenas referir que a alta médica foi dada porque a tomografia axial computorizada crânio-encefálica (TAC-CE) não apresentava alterações. Interessa apenas realçar que o nosso pai não realizou esse exame. Interessa apenas dizer que o médico utilizou o relatório de uma TAC-CE realizada em junho de 2020! Interessa ainda acrescentar que o médico que assim procedeu se chama Inácio Soares e que o seu comportamento envergonha todos os profissionais dedicados e empenhados que tornam o Serviço Nacional de Saúde uma referência. 
Queremos assim expressar publicamente a nossa indignação e, para além disso, queremos também publicamente dizer ao Dr. Inácio Soares o seguinte: 
- Sr. Dr., “a diferença entre um jovem e um velho é uma questão de horas”; 
- Sr. Dr., se um dia adoecer, ficar frágil e em sofrimento, desejamos de coração que não se cruze com um profissional de saúde como aquele que tratou (????) do nosso pai; 
- Sr. Dr., ser médico implica “gostar de gente, das relações humanas, exige olhar o doente com respeito e tratá-lo com dignidade”. 
Queremos ainda deixar claro que é nossa absoluta convicção que “a parte não faz o todo” e, por isso, acreditamos e confiamos na grande maioria dos profissionais de saúde, nomeadamente naqueles que deram continuidade ao acompanhamento do nosso pai, impedindo a sua saída do hospital, internando-o de novo e diagnosticando-o para dele poderem cuidar. A esses, o nosso bem-haja!
Terminamos com a resposta à questão que intitula este texto: “Dia Mundial do Doente —justifica-se a celebração?”. Sim, justifica!!!! Enquanto houver pelo menos 1 médico com atitudes e/ou comportamentos idênticos aos assumidos pelo Dr. Inácio Soares, será fundamental continuar a celebrar uma data que visa sensibilizar a humanidade para a necessidade de apoiar e dar mais atenção à pessoa doente, que merece ser tratada com dignidade, independentemente do seu estado e da sua idade. 

CB 13/02/2022 
Ana Maria Tomaz , Helena Margarida Tomás, Maria Gabriela Tomaz

COMENTÁRIOS