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Diocese: Sé de Portalegre recupera luz perdida

José Furtado - 27/03/2023 - 19:10

VÍDEO Catedral esteve em obras durante mais de dois anos. Inventariação do património diocesano entra na fase final.

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D. Antonino Dias conheceu o resultado final no dia da reabertura. Foto Reconquista

Mais de 200 anos de pó, cera, fuligem e também alguma humidade persistente faziam sombra à Sé de Portalegre, que preserva o maior conjunto retabular do maneirismo existente em Portugal. Nos últimos dois anos e meio, a igreja mãe da Diocese de Portalegre-Castelo Branco esteve transformada em estaleiro de obras, que custaram mais de três milhões e trezentos mil euros. Quem conheceu a catedral antes da intervenção e a vê agora de portas novamente abertas encontra na luminosidade a maior diferença.

“Já quando entrei aqui como bispo há 15 anos eu achei que a catedral estava muito feia. Mas começamos a tratar dela em 2009 e só hoje…de facto foi muito tempo”, disse o bispo de Portalegre-Castelo Branco aos jornalistas. Para D. Antonino Dias, a arte que compõe a sé transmite aos fiéis e aos visitantes uma autêntica lição de catequese.

“Quando isto nasce com uma expressão de fé continua a falar ao coração das pessoas”, sejam crentes ou não crentes, afirmou.

O projeto foi sobretudo de recuperação mas há alguns elementos contemporâneos que saltam à vista, como os bancos em madeira clara e o altar e ambão em mármore branco, simbolizando o Alentejo através da pedra que é extraída das suas entranhas. Com a conclusão dos trabalhos em Portalegre, a diocese assume novo protagonismo na Rota das Catedrais, depois de nos últimos anos terem sido recuperados o órgão, os retábulos e as telas do altar da Sé de Castelo Branco.

Questionado sobre o processo de inventariação do património da diocese, D. Antonino Dias respondeu que continua a ser feito “e temos protocolos com as várias câmaras municipais que nos ajudaram com esse inventário”. Porém, há atrasos devido a constrangimentos técnicos no sistema de armazenamento de imagens mas a comissão de bens culturais está a terminar o processo, informou o bispo.

PROCESSO A recuperação da Sé de Portalegre foi o dia-a-dia do cónego Bonifácio Bernardo nos últimos anos. O deão do cabido catedralício teve em mãos os grandes processos mas também os detalhes da recuperação, que começou a ganhar forma em 2014, muito antes do início das obras.

“Foram desafios permanentes e prolongados”, disse ao Reconquista, recordando os avanços e recuos de uma recuperação que envolveu fundos comunitários. Burocracia à parte, ficam histórias curiosas, como a redescoberta de uma imagem de Jesus Cristo com a coroa de espinhos, com a altura de uma pessoa, que estava quase como que escondida. Esta imagem acabou por ser colocada num nicho existente no retábulo com cenas da paixão do Senhor. Quem olha agora para ela fica com a sensação que aquele era de facto o seu lugar.

“Eu não tenho documentação que o confirme mas é provável que sim”, disse o cónego. Na capela de Santiago foram também encontradas relíquias de santos do século IV e há um outro relicário que será oriundo do oriente e que ainda precisa de ser restaurado.

 

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