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Escultura: Tito Chambino expõe na galeria da Casa Amarela

José Júlio Cruz - 15/10/2021 - 15:00

Escultor diz-se exigente consigo próprio e fala de ser artista aos 25 anos. Ainda há um mundo inteiro pela frente, reconhece.

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O artista plástico albicastrense Tito Chambino inaugura no passado domingo, dia 17, em Castelo Branco, mais precisamente na Galeria da Casa Amarela, uma exposição individual de escultura que estará patente naquele espaço durante uns meses.

Tito Chambino tem 25 anos e sobre a sua experiência de artista nesta fase da vida considera que “é sentir que o tempo urge, quando ainda há um mundo inteiro pela frente, quando ainda há um caminho por percorrer”. “Esse caminho tende a ser estreito e sinuoso. Existe sempre uma certa pressão, uma certa expetativa, uma certa urgência em fazer com que as coisas aconteçam, mas a maior parte das vezes isso não é do nosso domínio”, acrescenta em declarações ao Reconquista.

Por isso, realça que “limito-me a ser eu mesmo, limito-me a criar o que quero e quando quero. Acima de tudo crio quando sinto que tenho algo a acrescentar ao mundo. Nesse período de criação procuro sempre a obra perfeita, procuro sempre que uma nova obra supere a anterior”.

O escultor diz-se “muito exigente comigo mesmo, diria até que além de perfeccionista sou um insatisfeito por natureza. Ser artista aos 25 anos é isso mesmo, é uma procura, uma busca incessante aliada a uma vontade insaciável de ser a minha melhor versão e deixar uma herança”.

Ao Reconquista refere também que esta exposição em Castelo Branco, reflete isso mesmo: “a minha exposição Rigor Mortis acaba por refletir o que referi anteriormente. A exposição acaba por sugerir essa procura pela perfeição das formas. Está muito presente a ideia do desenho dessas mesmas formas no espaço, a ideia de equilíbrio, de simetria, recorrendo sempre que possível a uma simplificação estrutural”.

No fundo, como explica, “acabam por ser jogos de poder entre a obra e o espaço que envolve a galeria. Existe uma ideia de continuidade ao longo da exposição. A forma como ela foi pensada faz com que isso esteja bem presente, na medida em que tanto apresento obras de 2019, como apresento obras que terminei a semana passada, e para ser sincero interessa-me esse diálogo”.

“Apesar do espaçamento temporal que as delimita, assiste-se - de uma forma orgânica - a uma sugestão de cumplicidade através da singularidade que se alcança pela totalidade”, concretiza.

É nesse sentido que surge o título da mostra. Tito Chambino esclarece que “apesar de a minha obra não ser sobre nada a não ser sobre ela mesma, as questões que a norteiam são referentes ao embate entre a vida e a morte”. Rigor Mortis corresponde por isso “a um estado cadavérico que causa um endurecimento nos músculos após a morte e que torna impossível a manipulação desses mesmos músculos”.

No fundo, como o escultor frisa, “é isso a que se assiste na minha obra, uma certa rigidez formal após a sua conceção, fruto do material que a constitui: o ferro. A obra deixa de ser manipulada e cumpre o seu ciclo de vida ao ser apresentada”.

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