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Castelo Branco: Ex-ministro apoia candidatura albicastrense à UNESCO

João Carrega - 22/04/2023 - 15:12

Luís Castro Mendes, ex-ministro da Cultura, declarou apoio à candidatura à Rede da Cidades Criativas da UNESCO.

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Luís Castro Mendes declarou-se ao lado da Candidatura albicastrense

O ex-ministro da Cultura e embaixador, Luís Castro Mendes, declarou o seu “total apoio à Candidatura de Castelo Branco à Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na Categoria de Artesanato e Artes Populares com o Bordado de Castelo Branco”.

O também poeta e escritor português falava durante a sessão de abertura do I Encontro Internacional de Cidades Criativas e Desenvolvimento Sustentável e juntou-se a outras personalidades que estão ao lado da candidatura albicastrense, como o antigo Presidente da República, António Ramalho Eanes. “A presença de Portugal nesta rede tem crescido. Desejo que Castelo Branco venha a ser um valor acrescentado nessa rede da Unesco. Essa é a minha convicção”, disse, para depois realçar a dinâmica cultural da cidade. “Tenho tido o privilégio de estar nos momentos culturais mais importantes de Castelo Branco”, frisou.

Luís Castro Mendes elogiou ainda o Encontro em que participou, sobretudo pela sua capacidade de “internacionalização, indo do local ao global, trazendo a Castelo Branco especialistas de vários países”. Com efeito, esta iniciativa que decorreu de 12 a 15 de abril no Centro de Cultura Contemporânea (no dia 12 com visita ao Jardim do Paço e Museu Francisco Tavares Proença Júnior e um desfile de moda ligado ao Bordado de Castelo Branco) reuniu investigadores e representantes da Ucrânia (país convidado), Marrocos, Espanha, Cabo Verde, Brasil, México, França e Portugal.

Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara, reafirmou a intenção de “Castelo Branco vir a ser uma cidade criativa da UNESCO nas artes artesanais com o Bordado de Castelo Branco. Uma arte com vários séculos, que tem marcado os albicastrenses e que está presente também nos passeios, nas fachadas dos prédios e que está também patente na Catedral de Manchester”. O autarca manifestou a intenção de “envolver os artistas contemporâneos para utilizarem o bordado nas suas criações. Também queremos colocá-lo no mercado de luxo”, disse.

O presidente lembrou que “neste processo não estamos sozinhos nesta candidatura. Estamos convictos que este é o caminho certo para afirmar este projeto para que seja vencedor”. Ao contrário do que sucedia no passado, a UNESCO apenas aprova uma candidatura por categoria, mas o autarca relembra a importância “da candidatura que se enquadra no nosso projeto e objetivo de dar maior dimensão ao bordado. Com esta candidatura damos um passo importante na defesa das nossas artes”. Esta questão mereceu também a atenção de Hélder Henriques, coordenador da candidatura e vice-presidente da autarquia. “O Bordado é a nossa âncora identitária. A tarefa não é fácil, pois a UNESCO apenas aprovará uma candidatura, mas mesmo que não vença o nosso território sairá vitorioso”.

A importância da candidatura ficou reforçada pelos “representantes dos locais com tradição em Rendas e Bordados Artesanais presentes no Encontro, os quais reconheceram, unanimemente, que as Rendas e os Bordados Artesanais constituem uma arte singular e profundamente identitária das respetivas comunidades de onde são originárias; e que o diálogo, as dinâmicas de mobilização e o envolvimento despoletadas com este I Encontro Internacional deverão ser continuadas e potenciadas no futuro, por forma a assegurar a partilha regular de informação e de boas práticas, assim como a participação em iniciativas conjuntas”.

Leopoldo Rodrigues considera que a aposta no Bordado de Castelo Branco passa também por preservar o saber fazer esta arte, pelo que a aposta na formação está a ser feita, com a abertura de “um curso de formação”. A este propósito, o autarca reiterou ao presidente do Politécnico de Castelo Branco e ao diretor da Escola Superior de Artes Aplicadas a inserção do bordado em cursos da escola”.

 

Rede internacional pode surgir

O I Encontro Internacional de Cidades Criativas e Desenvolvimento Sustentável permitiu também envolver outras artes com o Bordado de Castelo Branco. vários momentos marcaram esse propósito, com as atuações do grupo de Viola Beiroa, Lousarte - Dança das Virgens, Cavaquinhos do Salgueiro, Francisco Martins (parceria com a Junta de Freguesia de Castelo Branco), Grupo Etnográfico de Escalos de Cima e Arame Ensemble. Esta dinâmica já tinha sido implementada na conferência realizada anteriormente na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, onde o Diretor-Geral das Artes, também manifestou o seu apoio à candidatura.

No final dos trabalhos os representantes dos diferentes países mostraram interesse no lançamento da constituição de uma Rede Internacional de Sítios com Tradição em Rendas e Bordados Artesanais, o que foi traduzido na assinatura de uma carta de princípios. Uma rede que terá como objetivos criar e dinamizar uma plataforma que reúna contributos de todos os membros desta Rede, com uma área de acesso público (para divulgação) e outra de acesso reservado (à qual todos os aderentes deverão ter acesso por forma a poderem ir carregando e atualizando as respetivas informações)”.

Nesta matéria, a autarquia recorda que “o Atlas Universal dos Bordados, desenvolvido no âmbito da Candidatura de Castelo Branco à Rede de Cidades Criativas da UNESCO, reúne já um conjunto importante de informações e poderá ser potenciado no âmbito desta Rede, nomeadamente, mapeando também os atores (artesãos, agentes culturais e criativos)”.

Para além daquele objetivo, a rede irá “criar e dinamizar uma espécie de observatório das Rendas e Bordados Artesanais capaz de acompanhar e monitorizar os trabalhos dos membros desta Rede e para o qual todos eles contribuam. As atividades e resultados deste observatório serão disponibilizados na plataforma atrás referida”. Pretende ainda criar residências artísticas para intercâmbio de artesãos e instituir a atribuição de prémios de excelência/qualidade e autenticidade, através de concursos anuais”.

De acordo com a autarquia, deste encontro resultará a “edição de um livro com as comunicações realizadas com o objetivo de potenciar o pensamento estratégico na área da criatividade e enquanto dimensão relevante para o desenvolvimento económico sustentável de territórios com as caraterísticas como o de Castelo Branco”. Ficou ainda definido “aprofundar parcerias com as diversas Associações do setor e com a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Castelo Branco – APPACDM, tendo em conta a dimensão inclusiva associada às artes e ofícios e, particularmente, ao processo que conduz ao produto final Bordado de Castelo Branco”.

Outra das iniciativas prende-se com a “inscrição do Bordado de Castelo Branco, processo que se encontra em fase de conclusão, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”. Do encontro resultou ainda a intenção de promover “a cooperação bilateral com os diversos países representados e outros que possuam interesse nas matérias tratadas no I Encontro Internacional de Cidades Criativas e Desenvolvimento Sustentável, realizado em Castelo Branco”.

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