O autarca justificou as mudanças adotadas para o novo evento
A vila de Alcains vai acolher, nas antigas instalações da Escola José Sanches, de 5 a 7 de maio, o Portugal Cheese Festival. Um evento dedicado à fileira do queijo inspirado na tradicional Feira do Queijo de Alcains de Alcains, mas que segundo a organização será potenciado a nível nacional e internacional, acolhendo não só a parte de exposição e animação, mas também de formação e investigação.
O festival, de entrada gratuita, é organizado pela Câmara de Castelo Branco em parceria com a Junta de Freguesia de Alcains, InovCluster e Centro de Apoio Tecnológico ao Agro-alimentar (CATAA). “Esta iniciativa é mais do que uma feira, é um espaço de investigação, debate e reflexão, onde procuraremos encontrar respostas. A nível nacional não existe um evento que abranja as várias valências do queijo. O Festival será aglutinador e terá dimensão”, justificou o presidente da autarquia, na conferência de imprensa de apresentação do evento, dando o exemplo daquilo que ocorre na vizinha Espanha, com a feira do queijo de Zamora.
Leopoldo Rodrigues recorda que “uma das razões que nos levaram a fazer esta mudança de estratégia está relacionada com os problemas que os produtores sentem. Hoje é mais vantajoso produzir carne que leite. Por isso, quem produz queijo tem dificuldades. E esta será uma das áreas que iremos debater”.
O autarca acrescenta que este projeto constitui um passo em frente para a afirmação do queijo de Alcains e de Castelo Branco. “Este é um momento marcante para a estratégia de desenvolvimento do concelho. O festival apresenta um novo conceito de dinamização económica da vila de Alcains” disse.
Na última edição da Feira do Queijo verificou-se uma diminuição na participação do número de produtores de queijo locais. Milene Santos, presidente da Junta de Freguesia, sublinha esse facto: “o ano passado foi um momento memorável, graças à participação da Câmara, CATAA e a InovCluster. Mas infelizmente tivemos dificuldade em ter os queijeiros da nossa terra. Pretendemos que este evento seja mais do que uma feira de venda de produtos. Com este Festival queremos levar Alcains para o mundo, valorizando os nossos produtos e a região”.
Leopoldo Rodrigues considera que todos estes fatores, aliados com a necessidade de valorizar “um produto de excelência levaram-nos a tomar três decisões: Dar dimensão internacional ao evento; Mudar o local da sua realização e alterar a sua data”.
“Podem dizer que o nome do festival é um estrangeirismo, embora apenas uma palavra esteja escrita em inglês. Quantos eventos nacionais utilizam termos em inglês? Assumimos esta mudança de forma clara, pois ela valoriza Alcains e a produção do seu queijo”, explicou, enquanto justificava a mudança de local: “o solar é curto para um evento desta dimensão, para aquilo que são as nossas ambições para esta fileira. Daí termos escolhido a antiga escola”.
A data do evento também mereceu esclarecimentos: “não alterámos o calendário de ânimo leve. Os motivos estão relacionados com a promoção da produção local. Aquilo que nos foi dito é que no período da Páscoa o produto está escoado, pelo que não será necessário um evento para os apoiar nessa comercialização. Por isso entendemos que seria vantajoso para os produtores criar um outro momento num período em que a qualidade do produto não fosse prejudicada. E esta seria a data limite”.
O autarca reforça a ideia de que o objetivo “é reforçar e afirmar o queijo de Alcains, mas não apenas o queijo, pois Castelo Branco e Alcains são mais do que isso. As mudanças são sempre dolorosas, pelo que compreendemos alguma insegurança e insatisfação por parte daqueles que gostam e lutam por Alcains. É a pensar em todos que levamos por diante este festival”.
Christelle Domingos, diretora do InovCluster, destaca o programa que está a ser elaborado, de onde para além da animação, se destacam as conferências que contarão com a presença de investigadores. “Vamos debater a sua produção da origem à mesa”, assegura.
A diretora da InovCluster diz que o “espaço do Festival terá quatro restaurantes, zona de petiscos com esplanada (envolvendo as associações), uma área dedicada aos concertos, um espaço infantil, área de artesanato, uma zona para exposição de maquinaria agrícola, sendo que o pavilhão desportivo acolherá os expositores e produtores”. O evento deverá contar com a presença de produtores de outras zonas do país, como da Serra da Estrela ou do Rabaçal, por exemplo, para além dos da vizinha Espanha, de Zamora a quem foi feito o convite.
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