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feliz e produtiva: A fábula da formiga e dos seus diretores

Luís Beato Nunes - 29/09/2016 - 9:37

As fábulas são composições literárias curtas, escritas em prosa ou versos em que os protagonistas são o mais variado tipo de animais que não seres humanos, mas que apresentam caraterísticas antropomórficas. 
Foi apenas no século XVII, que o francês Jean de La Fontaine popularizou este tipo de composição, reescrevendo as histórias do autor grego Esopo, sobretudo com o intuito de sensibilizar as crianças para determinados vícios coletivos e individuais. 
Enfim, no artigo de hoje também reescrevo uma fábula inspirada no mundo laboral, sobretudo na organização corporativa das grandes empresas do tecido empresarial nacional, e como todas as fábulas esta começa com o usual “Era uma vez”.
Ora, era uma vez uma Formiga, feliz e produtiva, que todos os dias chegava cedo ao seu trabalho. Passava o dia a trabalhar com alegria e até cantava, tal era a sua felicidade. Sendo feliz, o seu desempenho era excelente, não dependendo de qualquer diretor sendo apenas feliz a trabalhar. 
O Vespão, presidente da empresa, reparou na alegria da Formiga enquanto trabalhava e considerou que esta poderia melhorar ainda mais o seu desempenho se contratasse um supervisor para motivar mais a Formiga.
Assim, para supervisionar a Formiga, o Vespão contratou a Joaninha, cuja primeira preocupação foi organizar os horários de entrada e saída da Formiga, criar um serviço de gestão do trabalho e um sistema informático para monitorizar a produtividade da Formiga.
Tendo em conta o trabalho administrativo solicitado pela Joaninha, esta rapidamente necessitou de uma assistente para a ajudar, recrutando a Aranha, que organizou um sistema de classificação do trabalho da Formiga.
Não contente com as suas recentes contratações, o Vespão encomendou um estudo de mercado com gráficos, estatísticas, análises de tendências e projeções. Para este estudo o Vespão nomeou a Barata como coordenadora. 
Contudo, a Formiga começou a diminuir a sua produtividade, queixando-se que perdia muito tempo com toda a papelada que lhe era exigida pela Joaninha, pela Aranha e pela Barata, as quais ignoravam estas queixas nos seus relatórios.
Deste modo, o Vespão criou uma nova área organizacional para controlar a Formiga. A direção desta área foi atribuída à Cigarra, tendo sido a sua primeira decisão a de preparar o plano estratégico e o orçamento para o novo serviço, precisando de um novo adjunto para a auxiliar nesta tarefa.
Não tendo os resultados que esperava, o Vespão contratou ainda os serviços de um prestigiado consultor, o Mocho, para que este fizesse um diagnóstico da situação e apresentasse as suas soluções.
O Mocho esteve 3 meses na empresa, ao fim dos quais entregou um relatório ao presidente, concluindo, sem grande surpresa, que havia funcionários a mais na empresa sendo necessário despedir trabalhadores. Perante esta conclusão, o Vespão seguiu as recomendações do Mocho e despediu a Formiga.
Em suma, a moral desta história é que quando as Formigas são felizes no seu trabalho as Joaninhas, as Aranhas, as Baratas, as Cigarras e os Mochos apenas atrapalham, criando procedimentos desnecessários e improdutivos que sobrecarregam os verdadeiros responsáveis pelos resultados das empresas, resultando em decisões contraproducentes por parte de quem devia valorizar o trabalho das Formigas em vez de explorar a sua capacidade de trabalho.
luis.beato.nunes@gmail.com

 

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