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Leitores: A valorização do pão e dos fornos

Maria Caldeira de Sousa - 18/01/2024 - 10:07

Durante o período romano, os fornos foram essencialmente importantes na produção de pão

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Maria Caldeira de Sousa Mestre Finalista - história da Alimentação FLUC Proprietária Casa da Velha Fonte Cozinheira chefe de Culinária Ancestral, costume e tradição

Durante o período romano, os fornos foram  essencialmente importantes na produção de pão. Os romanos,civilização de grande importância na região, eram conhecidos com grande habilidade na panificação e produziam uma vasta  variedade de pães. Existem registos onde se menciona que os romanos foram os primeiros a desenvolverem uma técnica refinada de fermentação do pão, o que resultou em pães mais macios e saborosos.
Os fornos utilizados na época do Império eram feitos de barro ou pedra e tinham um formato característico de “domo”. A lenha era a forma de aquecer o “Domo”, desta forma o calor atingia a temperatura adequada, as cinzas eram removidas e os pães eram colocados para cozer, nada diferente dos dias de hoje.
Os fornos eram capazes de produzir grandes quantidades de pão de uma só vez e eram usados tanto por padeiros profissionais como por famílias em casas particulares. Além das variedades básicas de pão, como o pão branco feito com trigo, os romanos também produziam pães elaborados com especiarias, sementes, frutas secas e azeite.
Entre as 72 variedades de pão mencionadas, algumas delas incluíam o panis artolaganus (pão branco feito com farinha refinada), o panis furfureus (feito com farinha integral), o panis siligineus (feito com farinha de trigo e cevada) e o panis secundaris (pão de segunda qualidade feito com farinha menos refinada).
Estas variedades de pães serviam para diferentes preferências e necessidades dietéticas das pessoas na época. Os romanos também consideravam o pão uma parte essencial da alimentação diária e era comum consumi-lo em todas as refeições.
Embora os fornos romanos tenham sido uma inovação importante na época, hoje em dia a tecnologia e os métodos de panificação evoluíram bastante. Ainda assim, o legado dos romanos na panificação e na variedade de pães influenciou a culinária de muitas regiões do mundo.
A minha ideia, não é somente valorizar o pão neste escrito, mas sim os fornos. 
Os fornos comunitários, património que num futuro próximo cairá em desuso, lamentavelmente.
Os fornos comunitários são uma parte importante da culinária tradicional em muitas comunidades ao redor do mundo. São geralmente construídos e mantidos pela comunidade, sendo utilizados para cozinhar uma variedade de pratos tradicionais.
A entrega das comunidades aos fornos envolve um processo colaborativo de partilha de alimentos e recursos. Os membros da comunidade reúnem-se na cozinha em grande escala, usam os ingredientes locais e receitas tradicionais. Os mais antigos recordam que cada membro contribuia com uma parte dos ingredientes necessários, o que ajudava a rentabilizar os custos e o trabalho envolvido, e no fundo é isto, a sustentabilidade.
Os fornos comunitários grandeza suficiente para várias panelas e assadeiras ao mesmo tempo, o que permitia a preparação de grandes quantidades de comida, especialmente útil em ocasiões especiais, como festas comunitárias, casamentos ou eventos religiosos.
A entrega das comunidades nos fornos comunitários cria um senso de união e pertença na comunidade. As pessoas juntam-se para a comensalidade e celebram a cultura, história e tradições. Nisto, os fornos comunitários proporcionam uma oportunidade para as gerações mais jovens aprenderem sobre a culinária tradicional e fortalecerem os laços familiares e comunitários.
Em algumas culturas, os fornos comunitários também desempenham um papel importante na distribuição de alimentos para aqueles que são menos privilegiados. 
Em suma, os fornos comunitários são uma parte essencial da culinária tradicional, proporcionam o enriquecimento do afeto, criam laços e preservam tradições gastronómicas e a sua sociedade.
E para relembrar a tradição ficam os borrachões bolo típico da região de Castelo Branco, Portugal. Aqui está uma receita simples para experimentar:

Ingredientes:

- 500g de farinha de trigo
- Azeite
- 1 colher de chá de fermento em pó
- aguardente

Numa tigela grande, misture a farinha, o fermento em pó 
Faça um buraco no meio da mistura seca e adicione o azeite e a aguardente. Misture tudo até obter uma massa pegajosa.
Amasse a massa em uma superfície enfarinhada até ficar elástica e macia. Deixe descansar por cerca de 30 minutos.
Após o tempo de descanso, coloque num tabuleiro de forno sem bordas, untado e enfarinhado, passe o rolo da massa e alise finamente, corte em retângulos e pique com um garfo,  leve ao forno a lenha, atentos para não queimar.
Sirva os borrachões polvilhados com açúcar e divirta-se!
Os borrachões são deliciosos quando consumidos ainda quentes e podem ser acompanhados por uma xícara de café ou chá. Aproveite esta iguaria tradicional bem raiana.

COMENTÁRIOS

JMarques
Este ano
História, tradições e vivências.
Vitor José
Este ano
E porque não fermento natural…. Já que valorizaram a história e revivendo outros momentos porque não pão a sério??
Maria caldeira de sousa
Este ano
Vitor José
A receita dos borrachões, existe desde o pó royal.Esta foi a receita mais antiga e original que consegui, não é um bolo que levede. [O feremento royal nao leveda, só com o calor ele faz crescer] Os borrachões são um bolo rápido e economico. oferecido pelas familias abastadas durante a procissão Domingo de passos, na Páscoa.