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Gastronomia Q.B. : A certificação dos produtos gastronómicos

Ricardo Fradique-Nunes - 23/02/2023 - 10:01

A nossa região é rica em produtos gastronómicos de elevada qualidade, um universo de produtos hortícolas, frutícolas, azeite, queijos, vinhos, doçaria, carnes, cogumelos, caça, mel, enchidos (etc.), que fazem as delícias dos gastrónomos.

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A nossa região é rica em produtos gastronómicos de elevada qualidade, um universo de produtos hortícolas, frutícolas, azeite, queijos, vinhos, doçaria, carnes, cogumelos, caça, mel, enchidos (etc.), que fazem as delícias dos gastrónomos, de dentro e de fora da região, mas esses produtos gastronómicos correm sérios perigos, fruto da crescente escassez de mão de obra, que dê continuidade a esses produtos, quer ao nível da produção e da transformação, quer ao nível da constante compressão de preços que incitam os produtores que resistem, a produzir cada vez com menores margens, em maiores quantidades e em menos tempo, sabendo que, quase sempre, tal resulta numa diminuição da qualidade e na crescente introdução da mecanização dos processos de produção, processos esses que outrora eram, eminentemente, artesanais, e que ao ser “industrializados” lhes retira muito da sua essência, única e irrepetível, que lhes confere identidade e diferenciação, nas texturas, nos aromas e nos sabores, induzindo de forma evidente, uma irrefletida padronização e a irremediável normalização do gosto, numa linha de produtos massificada, monótona e desinteressante. 
Uma forma de procurar travar a descaraterização dos produtos gastronómicos é a sua valorização recorrendo aos processos de certificação DOP, IGP ou ETG.
Uma DOP (Denominação de Origem Protegida) é um conceito que designa e identifica um determinado produto originário de um determinado local ou região, cujas qualidades e características intrínsecas se devem ao contexto geográfico em que são produzidos, tendo em conta os fatores naturais e humanos e, cujas fases de produção tenham lugar numa determinada geografia.
Os produtos agrícolas e os géneros alimentícios que apresentam a referência geográfica DOP (Denominação de Origem Protegida), IGP (Indicação Geográfica Protegida) ou ETG (Especialidade Tradicional Geográfica), deverão obviamente satisfazer um conjunto de condições previamente estabelecidas num caderno de especificações, que deverão conter todos os requisitos específicos e ainda concorrer para a proteção dos recursos naturais da sua área de produção e a melhoria do bem-estar dos animais de criação. 
As indicações geográficas deverão contribuir para o reforço da confiança dos consumidores, mas só poderá sustentar-se e ser viável se acompanhadas de verificação e de um controlo eficaz, competindo tal desígnio aos organismos de certificação acreditados pelas entidades competentes (o Ministério da Agricultura e o Instituto Português da Acreditação), que deverão sistematicamente verificar a conformidade da aplicação do caderno de especificações nos diversos produtos antes da sua colocação no mercado.
Neste contexto, a Beira Baixa e em particular a cidade de Castelo Branco, poderá posicionar-se enquanto um território estratégico para a promoção e a valorização dos produtos DOP nacionais, em particular os produtos DOP da região da Beira Baixa, dado o seu assinalável potencial para a realização de grandes eventos e a sua localização geográfica central no país e na Península Ibérica, podendo vir a realizar, por exemplo, um grande “Festival DOP”, que tenha por missão a promoção e a valorização dos produtos DOP portugueses, em particular os produtos DOP do interior do país, promovendo a sua divulgação, junto de distribuidores, turistas e consumidores e, muito em particular junto destes últimos, possa impulsionar a educação e o efetivo conhecimento acerca dos produtos gastronómicos, bem como, as diferentes formas de consumo, exultando o seu cariz tradicional, o seu elevado valor identitário e o seu potencial económico, que possa valorizar, particularmente, os territórios do interior, onde muitos desses produtos revelam o seu expoente máximo de qualidade e singularidade.

Ricardo Fradique-Nunes

COMENTÁRIOS

JMarques
No ano passado
Bem pensado!
Mas os governantes pensam que o país é o Terreiro do paço e 500 metros à sua volta.
Emídio Concha de Almeida
No ano passado
Pertinente comentário. Parabéns
José Afonso
No ano passado
Contudo a Certificação exigida destrói toda a produção eu como Agricultor desisti da Certificação e por isso não posso vender os produtos que produzo...