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Gastronomia q.b.: Gastronomia, património, museus e desenvolvimento local

- 29/06/2023 - 11:26

Frequentemente, o principal motivo para visitar um destino pela primeira vez ou até mesmo a ele regressar é a gastronomia, não obstante, que existem outros motivos relevantes para a escolha...

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Frequentemente, o principal motivo para visitar um destino pela primeira vez ou até mesmo a ele regressar é a gastronomia, não obstante, que  existem outros motivos relevantes para a escolha dos visitantes em conhecer determinado território em detrimento de outros, desde o clima à oferta hoteleira, da diversão à cultura e ao património, Castelo Branco (e todo o distrito) é um destino riquíssimo em cultura, tradições e património, contudo, parece faltar alguma articulação e até escassez de agentes locais que ofereçam serviços de experiência cultural aos turistas que nos visitam, não raras vezes cruzando os repetidos “postais” em ritmo acelerado e passando ao lado de recantos e espaços culturais tão ou mais relevantes que essas incontornáveis memórias mas que não se podem esgotar em si mesmas.
Não seria honesto descurar o esforço desenvolvido pelas autarquias em criar espaços de interpretação e de representação cultural, de percursos, rotas e roteiros, mas que muitas vezes a falta de recursos físicos e humanos não permitem a concretização plena da sua missão de transmissão da memória e de conhecimento, que os visitantes procuram ao deambular na nossa cidade e região e, que contribua como atrativo para uma experiência memorável e para uma estadia mais prolongada, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento da economia local.
Um exemplo evidente é a belíssima rede de museus municipais de que o concelho dispõem, embora infelizmente pouco articulados enquanto uma verdadeira “Rede Museológica Municipal” que possa partilhar recursos, atividades, programas e divulgação, mas talvez mais difícil de entender será a ausência na cidade de um “Museu Local/Regional” que conte a história da cidade e da região, nas suas mais diversas dimensões, da arqueologia à etnografia, da arte mais erudita ao artesanato de matriz local e regional, um espaço que pudesse ser, orgulhosamente, a nossa “sala de visitas” e, que nos apresentasse o território e promovesse a sua descoberta. Uma descoberta que vai desde o património histórico ao património natural, não esquecendo a gastronomia e as ancestrais tradições da comunidade, que honre o passado, valorize o presente e se projete no futuro, pois um museu não se deve esgotar na sua missão de “guardião do passado” e cada vez mais se afirmar enquanto mediador entre o passado e o futuro, ao serviço da comunidade e de quem visita a região.
Urge pensar para a cidade e para a região num “Plano Estratégico para a Cultura”, um plano a várias dimensões, que otimize os excelentes recursos de que já dispomos, identificando as necessidades a colmatar, mas que acima de tudo seja um projeto a médio-longo prazo, um caminho a seguir, capaz de posicionar a cidade (e a região) de Castelo Branco enquanto “player” fundamental na cena cultural e patrimonial, regional, nacional e ibérica, façamos então acontecer e que se cumpra este legítimo anseio que é de todos nós.

Ricardo Fradique-Nunes
gastro.qb@gmail.com

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