Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Guerra: Voyeurs do sofrimento alheio

Paula Custódio Reis - 24/03/2022 - 9:47

Nas últimas semanas, a dor alheia tem entrado em nossas casas ininterruptamente. São horas de guerra em direto, devoradas por muitos como se de uma nova série de televisão se tratasse.

Partilhar:

Nas últimas semanas, a dor alheia tem entrado em nossas casas ininterruptamente. São horas de guerra em direto, devoradas por muitos como se de uma nova série de televisão se tratasse.
Na chegada de refugiados, procura-se avidamente os olhos à procura de alguma lágrima de dor ou de alegria que nos encha as conversas diárias, vazias de outros assuntos.
Quem trabalha com pessoas que têm um problema, seja de que tipo for, sabe que a exposição desse problema é difícil porque acrescenta mais dor ao processo. 
Por isso, venho propor-vos hoje que façamos o exercício simples da empatia que nada mais é do que imaginarmos como gostaríamos de ser tratados. Não tentaríamos, por acaso, guardar alguma dignidade que só o recato garante? Não tentariam evitar a exposição dos vossos filhos? Não se sentiriam incomodados com a curiosidade alheia?
A mim parece-me que a vontade de ajudar nada tem a ver com querer saber. A curiosidade pela dor do outro é um sentimento pouco nobre e não ajuda ninguém. Ajuda é voluntariarmo-nos desinteressada e discretamente. Oferecer comida, instalações, agasalho, emprego digno. É estarmos prontos para disfarçar o olhar e as perguntas curiosas e prepararmo-nos para receber amistosamente aqueles que serão os nossos vizinhos, colegas de trabalho e de escola.
A solidariedade ostensiva ofende.
«Que a tua mão esquerda não saiba o que dás com a direita»

 

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Inteligente!