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Idanha-a-Nova : Abaixo-assinado com 197 rostos declarados e outros tantos solidários

José Pedro de Sousa - 07/06/2023 - 9:49

Na edição do passado dia 04/05/2023 do v/ Jornal foi publicado um artigo intitulado “moção contra abaixo assinado sem rosto” a dar conta de uma moção apresentada pelo Grupo Municipal do PS na Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova de 29 de Abril em que, ao que parece, “manifestava o seu mais profundo descontentamento sobre um abaixo-assinado sem rosto referente aos transportes públicos” ...

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Na edição do passado dia 04/05/2023 do v/ Jornal foi publicado um artigo intitulado “moção contra abaixo assinado sem rosto” a dar conta de uma moção apresentada pelo Grupo Municipal do PS na Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova de 29 de Abril em que, ao que parece, “manifestava o seu mais profundo descontentamento sobre um abaixo-assinado sem rosto referente aos transportes públicos” e que, no seu dizer, assume-se como uma “manifestação de repúdio ao documento que não tem um autor ou uma entidade associada, tornando impossível o diálogo com quem o promove”. Mais se refere na mencionada prosa que, e cito, “a Assembleia Municipal entende que a questão não deve ser politizada, que o diálogo deve prevalecer e que nunca deve estar em causa o encerramento da ESGIN, já que era referido no abaixo-assinado que caso o que defende não seja atendido os subscritores ameaçam com o pedido de transferência da ESGIN para Castelo Branco, numa clara posição favorável ao encerramento da ESGIN”. E porque ali se refere o meu nome e a minha qualidade de diretor daquela Escola legitima que teça conjunto breve de considerações e como se segue. De salientar, antes de mais, que é uma evidência que quem se encontra a politizar este assunto é o Município de Idanha-a-Nova que não teve pejo em convocar uma conferência de imprensa e, aí, proferir um conjunto de afirmações e insinuações perfeitamente desajustadas e, agora, o Grupo Municipal do PS que se permite levar uma moção à Assembleia Municipal pondo em causa as preocupações e anseios legítimos de uma comunidade estudantil que, e tal como resulta do mencionado abaixo-assinado, mais não faz do que reivindicar melhores condições para estudar e desenvolver as respectivas competências e actividades académicas. Porque muito se tem falado do mencionado abaixo-assinado e sobre o mesmo têm sido proferidos os mais diversos comentários e críticas, a maioria das quais sem qualquer assento com a realidade e próprio de quem nem sequer leu o seu texto, importa conhecer o teor do abaixo-assinado promovido e subscrito por 197 estudantes da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova e que a seguir se reproduz:

“Vimos por este meio deste abaixo assinado com um pedido muito importante, a melhoria nos transportes públicos em Idanha-a-Nova e Castelo Branco. O nosso Politécnico situa-se na vila de Idanha-a-Nova com acessos muito limitados e escassos durante a semana, fim de semana e feriados e que nos impossibilita de efetuar qualquer tipo de deslocação ou mesmo torna-se incompatível com o horário escolar. Os horários de transporte disponibilizados bem como os valores praticados, tendo em conta as condições do transporte estão aquém das expectativas realistas dos estudantes. Maioria das vezes não é cumprido o horário o que nos leva a perder a ligação de Castelo Branco ao destino. Aos domingos para além de efetuarmos o registo no moodle IPCB na quarta feira, ficamos sem transporte visto que o mesmo não se trata de um autocarro mas sim de um monovolume de 7/8 lugares. Os estudantes que permanecem na vila de Idanha-a-Nova não têm qualquer alternativa de deslocação para os concelhos circundantes ao fim de semana e feriados. Nesse sentido vimos apelar o vosso bom senso, ajuda e compreensão de podermos ultrapassar da melhor forma. Nós estudantes, caso não seja alterado com a maior brevidade este ponto de situação, iremos manifestar a nossa intenção junto do IPCB solicitando a nossa transferência para o IPCB de Castelo Branco”. Da leitura desapaixonada do documento em apreço resulta à evidência que o mesmo não é mais do que a manifestação por parte da comunidade estudantil da Escola Superior de Gestão das suas preocupações e anseios legítimos de resolver o problema da precariedade e inexistência em múltiplas situações dos transportes em Idanha-a-Nova e que muito afectam a sua mobilidade criando-lhes dificuldades acrescidas e, muitas vezes, inultrapassáveis para assegurarem a sua permanência em Idanha-a-Nova e aí prosseguirem os seus estudos. Precariedade, esta, que é conhecida de todos e que põe em causa o normal funcionamento de uma instituição como é a Escola Superior de Gestão e que constitui um enorme constrangimento ao seu desenvolvimento e crescimento, designadamente, e a título de mero exemplo, com a possibilidade de facultar ofertas formativas no domínio do pós-laboral ou de pós-graduações e mestrados que funcionam às sextas-feiras à tarde e sábados.

Infelizmente isto é algo que o Grupo Municipal do PS parece não querer compreender e finge ignorar, refugiando-se em lugares comuns perfeitamente desajustados da realidade e inadequados à subsistência e crescimento da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova.

Fácil é constatar que em lugar nenhum do mencionado abaixo-assinado se fala no “encerramento da Esgin” ou equivalente e só a miopia de alguns permite retirar tais ilações. A comunidade estudantil limita-se, como ali se refere, a “apelar o vosso bom senso, ajuda e compreensão de podermos ultrapassar da melhor forma” toda esta situação. No mais, importa dizer que, ao contrário do que se diz na moção ora apresentada por aquele Grupo Municipal, o abaixo-assinado não apenas tem rosto como tem 197 rostos declarados, todos eles devidamente identificados e que correspondem à grande maioria da comunidade estudantil que habitualmente frequenta as aulas na ESGIN. Afirmar o contrário não é mais do que um “ensaio sobre a cegueira” de uns quantos que, indiferentes às dificuldades dos estudantes da ESGIN e da Instituição, mais não fazem do que tentar calar a sua própria ambiguidade. Importa dizer que é o próprio Partido Socialista que, em contradição com o que antecede, reconhece a precariedade dos transportes públicos em Idanha-a-Nova e de que é uma evidência a moção por si apresentada intitulada “EM DEFESA DOS SERVIÇOS DE ACESSIBILIDADE, MOBILIDADE E TRANSPORTES PÚBLICOS” na Assembleia Municipal que decorreu aos trinta dias do mês de junho do ano de dois mil e vinte e dois, no edifício dos ex-Paços do Concelho de Salvaterra do Extremo, e em que reconhece que “os transportes públicos são fundamentais para o desenvolvimento económico e social (e que) os transportes públicos são ainda mais importantes num território de baixa densidade populacional e grande área geográfica, como é o caso de Idanha-a-Nova, o quarto maior concelho do país” e que conclui com a seguinte pretensão: “Face ao exposto, a Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova reivindica junto do atual governo um maior investimento financeiro nos serviços de acessibilidades, mobilidade e transportes públicos nos territórios de baixa densidade, designadamente equiparado às condições que se verificam nas áreas urbanas. Esta moção deverá ser enviada para conhecimento do Exm.º Senhor Primeiro-Ministro, Dr António Costa, do Exm.º senhor Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Dr. Duarte Cordeiro, do Exm.º senhor Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Dr. Jorge Delgado e do Exm.º senhor Presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, Dr. João Lobo.” Moção, esta, que foi, na altura, aprovada por unanimidade pelos Grupos Municipais do Partido Socialista, do Partido Social-Democrata e do “Movimento Para Todos”, e que mais não é do que o reconhecimento de todos da precariedade do sistema de transportes existentes em Idanha-a-Nova. Na qualidade de Diretor da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova compete-me salvaguardar e proteger os interesses da Instituição e de toda a comunidade académica, professores, pessoal não docente e estudantes, pelo que não posso deixar de repudiar veementemente a instrumentalização política do mencionado abaixo-assinado e de todo o fogo de artifício que o tem rodeado, e de que a presente moção é apenas mais um exemplo. Como Diretor da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova tenho o dever, mais, a obrigação, a bem da Instituição e do concelho de Idanha-a-Nova, de exigir respeito por todos  estudantes da ESGIN, sem excepção, e que os propósitos de uns quantos que se encontram completamente alheados da realidade e das dificuldades inerentes ao funcionamento de uma Instituição do Ensino Superior e de quem ali trabalha, estuda e investiga não ponham em causa o normal funcionamento da Escola e sua subsistência em Idanha-a-Nova, nem impeçam o seu desenvolvimento e crescimento como é o propósito de todos quanto fazem parte desta Instituição.É, pois, uma exigência de todos nós, Escola Superior de Gestão e respetiva comunidade académica, no interesse do concelho e da população de Idanha-a-Nova, que os 197 de estudantes que subscreveram o mencionado abaixo assinado e que deram o seu rosto pelo mesmo, ao invés do achincalhamento público a que têm sido sujeitos por uns quantos, sejam respeitados, acarinhados e valorizados por forma a assegurar o seu bem estar e a sua vontade de permanecer em Idanha-a-Nova e aí continuar a estudar, a investigar e a valorizar-se e a valorizar a Escola, o concelho e a região, a bem de todos.

Para o efeito, é uma exigência de todos nós ter transportes públicos adequados e com a frequência necessária que permitam a mobilidade de todos e dentro concelho e para fora do concelho.

 

José Pedro de Sousa

Diretor da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova

(Em conformidade com antigo acordo ortográfico)

COMENTÁRIOS

João Reino Sousa
No ano passado
Imobilismo no serviço aos interesses dos estudantes e da própria Cidade, que quer manter o polo de ensino
Maria Rita do Espírito Santo
No ano passado
Não ponho em causa o direito dos estudantes a reivindicarem melhores transportes. Terão as suas razões e quem sou eu para as contestar. Já não estou ao serviço, perdi a autoridade para discutir ou avaliar a justeza das necessidades da escola e dos alunos.
Cabe ao Sr. Presidente do Município, se assim o entender e achar que ainda vale a pena dar continuidade à polémica, pronunciar-se sobre a matéria.
Porém, fixando-me na seguinte frase do abaixo assinado, reproduzido no artigo do Sr. Director da ESGIN:

⏩Nós estudantes, caso não seja alterado com a maior brevidade este ponto de situação, iremos manifestar a nossa intenção junto do IPCB solicitando a nossa transferência para o IPCB de Castelo Branco.⏪

Questiono: - Pedir a transferência para o IPCB (?)... mas a ESGIN não é parte integrante do IPCB???
Transferência para os Serviços Centrais?!... Mas lá leccionam-se aulas?
Ou para qual das outras 5 escolas do IPCB?!...
Mas os cursos que frequentam na ESGIN também são leccionados noutras escolas do IPCB???...
Mudança de curso(?)... A meio do ano lectivo?!...
Ou têm em vista que com os alunos, vá também o curso que os autores do abaixo assinado frequentam?...
Mas então os pareceres com que o Sr. Ministro se fundamentou para recusar a dita "Reestruturação", não referiam que a distância entre cursos da mesma escola é um entrave à boa convivência da vida académica?
Levar toda a escola, que passaria a ter a sua sede e autonomias em Castelo Branco?... Mas essa pretensão não fazia parte das propostas de reestruturação, que não tendo sido aprovada pela tutela, mantem em vigor o Decreto Lei que criou a ESG integrada no IPCB, como escola autónoma e com sede em Idanha-a-Nova?...

Como é que os alunos subscritores pensam concretizar a ameaça?...
Obviamente que não é preciso que seja o Sr. Presidente do Município a dizê-lo... Essa pretensão está implícita na ameaça de transferência dos subscritores do abaixo assinado, visto que não se vislumbra outra solução para a concretização da ameaça.
Sejamos concretos!...
JMarques
No ano passado
Instrumentalização!