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Idanha: Visita pastoral leva bispo à barragem

José Furtado - 13/04/2022 - 17:03

VÍDEO D. Antonino Dias ficou a conhecer o regadio e uma zona agrícola que está em grande transformação.

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A comitiva era bastante reduzida e quem se cruzasse com a visita ficaria com a ideia que se tratava de mais um grupo de curiosos interessados na beleza da albufeira ou no paredão que ostenta uma enorme esfera armilar. Mas pela barragem de Idanha, atento às explicações de quem trabalha diariamente no regadio, andou o bispo de Portalegre-Castelo Branco. D. Antonino Dias incluiu-a no programa da visita pastoral, que com mais ou menos pompa com que é recebido tem sempre o mesmo fim, o de conhecer a realidade das comunidades onde a Igreja está presente.

“O bispo vem às paróquias e às comunidades cristãs para estar com a comunidade”, realçou ao Reconquista numa conversa não muito longe da base do paredão. D. Antonino Dias não se coibiu de percorrer o acidentado caminho que dá acesso à central hidroelétrica e no interior desta ainda desceu à base onde se encontra a turbina, ouvindo atentamente as explicações dos responsáveis da ARBI, a Associação de Regantes e Beneficiários de Idanha-a-Nova.

Uma visita como esta “não é usual mas felicitamos o interesse em ter vindo visitar o perímetro de rega que está agora numa fase de mudança”, disse ao Reconquista o presidente da associação, Paulo Tomé. A conversa decorreu ainda junto à sede da associação, no Ladoeiro, onde D. Antonino se sentou à mesa do almoço com os funcionários desta associação, que dá emprego a cerca de 20 pessoas. A ARBI é responsável por levar a água a cerca de 8200 hectares e o seu trabalho “é um gerador de riqueza da região”, refere o presidente da direção.

Para o bispo de Portalegre-Castelo Branco a abertura demonstrada por esta e outras instituições para com a Igreja é fruto da boa relação que existe entre a comunidade civil e a religiosa. D. Antonino Dias, que vai na quarta visita pastoral desde que assumiu funções na diocese há mais de uma década, notou grandes diferenças na paisagem de Idanha sobretudo nos últimos anos. O bispo não ficou indiferente, como ninguém fica, aos amendoais e olivais a perder de vista e que acompanham uma boa parte da viagem entre o Ladoeiro e a barragem. A esperança é que esta mudança se traduza também em emprego e investimento na economia local. Voltando ao que o levou a visitar a barragem, D. Antonino Dias vincou que a Igreja “não está a mais” na comunidade e que juntamente com outros elementos “procuramos servir as comunidades de uma forma ou outra mas tudo acaba por convergir para a mesma finalidade, que as comunidades tenham qualidade de vida e se sintam bem”.

REGADIO Num ano em que se cumprem 80 anos da conclusão da primeira fase da obra de rega e 75 da criação da ARBI, a associação recebeu luz verde através de um financiamento de cerca de um milhão de euros para nos próximos dois anos estudar a definição de um novo perímetro de rega e lançar o projeto para a obra. O objetivo é melhorar a eficiência do regadio que segundo o presidente da associação “está caduco” por funcionar num sistema de distribuição por gravidade em que cerca de 60 por cento da água armazenada vai parar novamente ao rio Ponsul. A ambição é que a água passe a ser distribuída por pressão, como acontece com as torneiras domésticas. A ARBI quer ainda incentivar os agricultores a adotarem sistemas de rega também eles mais eficientes como o gota a gota, como acontece nos novos projetos que estão a mudar a paisagem da campina de Idanha. Paulo Tomé argumenta que as culturas intensivas como o amendoal gastam cerca de metade da água necessária para regar um prado.

Em relação à seca, a ARBI avançou com um plano de contingência que foi uma das primeiras medidas tomadas pela sua direção, em funções há pouco mais de um ano. Até ao momento não foi necessário fazer uso dele, por a barragem ainda se encontrar a cerca de 85 por cento da sua capacidade de armazenamento.

 

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