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Ideias & Factos: A revolta dos agricultores

Agostinho Dias - 08/02/2024 - 9:21

De um dia para o outro os agricultores da União Europeia mobilizaram-se para fazerem reivindicações à Política Agrícola Comum (P.A.C.). De um modo geral pedem uma PAC mais justa, através de mais flexibilizações para os planos estratégicos de cada Estado membro. Pedem mais apoio para o setor, isenções fiscais, redução dos custos de produção, suspensão de acordos como o da U.E. com os países do Mercosul, que permite a estes o uso de pesticidas e exige menos atenção às alterações climáticas.
Em Portugal os agricultores também aderiram à revolta e reivindicam: “ melhores rendimentos dos agricultores, preços justos à produção, com a proibição do que se pague abaixo do custo de produção, e escoamento dos produtos com incentivos aos circuitos dos custos de produção”. Por sua vez o Governo apresentou um pacote de “apoio aos rendimentos dos agricultores” no valor de 440 milhões de euros, que inclui 60 milhões para garantir os anunciados cortes de 35% e 25% nos montantes a pagar ao abrigo dos ecorregimes de agricultura biológica e de produção integrada, não aplicadas. Vamos ver se isto foi suficiente para parar a revolta ou se só a abrandou por uns dias. 
Isto mostra-nos que a agricultura em Portugal entrou num sistema de subsídio-dependência que exige apoios para a seca e para o excesso de chuva, para a geada e para os picos de calor, para os incêndios e para as inundações, etc., etc. A ministra tem prometido tudo, mas pouco tem realizado, e daí este ambiente de contestação. É justo exigir que as grandes superfícies ganhem menos e paguem mais aos agricultores pelos produtos que lhes compram; é necessário que haja seguros reais e verdadeiros para contrapor às tropelias do clima, mas não se pode querer que a PAC seja a Santa Casa da Misericórdia dos agricultores. 
É preciso refletir como diz a Laudato Si nos números 23 a 42, a questão do clima como bem comum, a questão da água, a perda da biodiversidade, mas a questão não se resolve com subsídios ou com excepções…

Agostinho Dias
agostinho.dias@reconquista.pt

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