Ideias e Factos: Ainda o dia dos pobres

Agostinho Dias - 23/11/2017 - 10:02

Dizem as estatísticas que em Portugal existem 68.000 milionários que têm mais de um milhão de dólares na sua conta; acrescenta-se que a tendência é para aumentar, quer o número de milionários que anualmente auferem de 350 a 700 mil euros, quer o número de pobres que por ano auferem menos de 7.000 euros. Deste modo a classe média, que normalmente é a base das sociedades, está a diminuir entre nós.  São os consumidores de médios recursos remunerativos que suportam a vida ativa das pequenas e médias empresas, que estão em vias de extinção. Calcula-se que 10% da população detenha 58% da riqueza nacional, cabendo aos restantes 90%, apenas 42% dessa riqueza. Ao celebrarmos o dia mundial dos pobres é bom que tenhamos consciência desta realidade que se passa entre nós.
Todo o ser humano tem o desejo legítimo de prosperar. Não deve ser privilégio ter na sua posse uma pequena reserva de dinheiro, fruto das poupanças, que proporcione uma vida tranquila, confortável e digna.
Porém, é incalculável a desigualdade económica entre os multimilionários e os que vivem na miséria. É certo que é preciso estimular e premiar o trabalho e o investimento na produção de riqueza, mas a justiça distributiva exige que essa riqueza seja distribuída por todos os que para ela trabalham, e não vá exclusivamente para o bolso dos empresários, gestores e investidores. Só assim com trabalho e investimento de mãos dadas e com o fruto desse trabalho bem distribuído, se constrói uma sociedade justa e próspera.
“Pobres sempre os tereis entre vós”, pois há sempre aqueles que vivem com dificuldades várias de integração na sociedade, marginalizados e incapazes de um emprego estável e todas as formas de pobreza inevitáveis: falta de saúde, de conhecimentos, etc. Contudo, é preciso lutar para que este número diminua, e pelo menos tenha uma vida digna.