O orçamento do Estado para 2022 já está na mira dos políticos de todos os quadrantes preocupados com o destino que vai ser dado aos dinheiros da “bazuca”. Os partidos de esquerda dizem que deve ir sobretudo para os trabalhadores com aumentos de ordenados e benesses, pois só assim chega à economia real através do consumo interno. Os partidos de direita dizem que deve de ir sobretudo para as empresas a fim de evitar a sua falência após este tempo de pandemia. O partido do governo diz que deve ir sobretudo para os serviços do Estado a fim de assim melhorar a vida dos portugueses. Enfim, todos, cada um a seu modo, estão filados aos dinheiros de Bruxelas.
Apesar disso, eu atrevo-me a dar outra sugestão: a coesão territorial exige que esse dinheiro vá sobretudo para as regiões mais carenciadas e por isso, despovoadas… Recuperar aldeias e vilas em via de abandono com incentivos para aquisição ou recuperação de casas abandonadas; instalação de atividades agro-pecuárias, ou empresas diversificadas; reinstalação de serviços fundamentais para cativar o retorno das famílias. Portugal é um barco a adornar para o litoral e precisa de se equilibrar com políticas descentralizadoras concretas, sem o refúgio habitual na burocracia exagerada. As autarquias sob a condução das Comissões de Coordenação das regiões, são as entidades apropriadas para esta revolução a favor da coesão territorial. É tempo de travar a desertificação que os censos nos vêm mostrando. Espero que a campanha para as autárquicas, que está no auge, não se esqueça desta reivindicação a favor do interior de Portugal.
Agostinho Dias
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